Capítulo 2

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Quando entramos no carro o Fernando me entupiu de perguntas. Ele atropelava as palavras e nem respirava direito. Eu entendi pouca coisa do que ele disse.

-Me conta o que achou de lá? E a comida e os caras? Algum deu em cima de você, me conta que eu pego um avião agora e acabo com eles. - Ele me olhou com uma cara que não teve como conter o riso.

- Foi maravilhoso, a casa era aconchegante a comida de lá era maravilhosa, os vizinhos simpáticos a faculdade era ótima, mas eu senti muita falta da minha casa, minha cama, minhas amigas, e da família, do meu espaço. - Quando essas palavras sairam da minha boca senti que meu pai se entristecer um pouco, mas não tinha como evitar isso - Foi maravilhoso o tempo que passei lá Fê, ainda mais com quem eu passei - observei um sorriso crescendo no rosto do meu pai - Mas a hora de voltar pra casa chegou

- Alê você ta muito calado o que aconteceu com você? - Perguntei rindo

- A você sabe com o tempo a gente amadurece. - Ele disse rindo, e eu tive que rir junto - eu estou muito feliz que você tenha voltado best. E nós precisamos sair pra tomar umas e comemorar a sua volta.

- Agora sim eu estou te reconhecendo

Paramos de falar um pouco e olhei pela janela, quando percebi estávamos em frente ao meu prédio.

- Pai, eu não ia com você para sua casa? - perguntei com um tom de tristeza

- Ali eu sei que você não vê a hora de ir pra sua casa filha, o papai entende, pode ir que eu vou ficar bem-  ele abriu um sorriso espontâneo que me fez sorrir também, não acreditava que nesse tempo que fui pra Itália com meu pai ele mudou tanto.

- Eu te amo pai - disse com os olhos marejados - vocês vem comigo?

- Eu vou e você Fernando ? - disse o Alê sorrindo

- Vou sim, mas não vou poder demorar muito.

- Porque?- perguntou meu pai

- Vou ver a Lucci hoje

- Ata, entendi. - falei com um pouco de ciúmes saindo da na minha voz - Vamos logo então , tchau pai mais tarde eu te ligo -  disse beijando meu pai e saindo do carro

- Tchau Ali, papai te ama

Quando desci do carro fiz o Alê e o Nando levarem minhas malas para dentro. O prédio em que eu morava com as meninas era antigo, mas era muito lindo, só havia dois apartamentos por andar o que fazia com que eles fossem enormes, adorava minha casa. Quando chegamos no meu andar falei para os meninos que não ia tocar a campainha, peguei a chave reserva no vaso de flor do lado da porta, e abri a porta, quando abri a porta não tinha ninguém em casa, acho que foi melhor assim, poderia me arrumar pra ver minhas gêmeas.

- Entra gente, podem deixar as malas ali do lado do sofá que já já vou arrumar, ou melhor desarrumar minhas malas - falei rindo e admirando tudo em volta, as meninas não mudaram nada no apê, deixaram tudo do mesmo jeito que estava quando sai, como eu senti falta da minha casa

- Ali eu tenho que ir - o Fê deixou as malas exatamente onde eu falei me deu um beijo na testa - mais tarde eu apareço pra sairmos pra jantar fora, avisa para as meninas se arrumarem, o convite vale pra todos- disse olhando para o Alê e se virando, antes mesmo que  pudéssemos responder ele já tinha saido de casa.

- Bom, - suspirei- acho que somos só nos dois - olhei pro Alê e ele sorriu.

Ele veio em minha direção devagar e me abraçou pela cintura, me sentia tão segura com o Alê, ele era como um irmão pra mim, apesar da diferença de idade entre nós não ser muito grande eu sempre fui a mais solta.

- Ali senti tanto sua falta, a Tati e a Paty quase me enlouqueceram - nós rimos- mas eu preciso te contar uma coisa - a voz dele saiu com um som serio

- O que foi Alê ?  - Perguntei preocupada

- Lembra que eu te disse que estava mando meu currículo para começar a fazer alguns estágios em cenográfia ? - assenti - Então uma empresa me chamou pra fazer um estágio em Londres que vai pagar o dobro de qualquer outra que me oferecer emprego - Eu fiquei chocada com o que eu ouvi, o Alê amava filmes e quando ele me disse que ia fazer cenográfia eu super apoiei, mas agora eu estava perdendo meu melhor amigo não pude acreditar que aquilo estava acontecendo, ele me olhava esperando uma resposta e eu não sabia o que dizer abracei-o e ficamos ali parados por um instante, eu estava pensando no que dizer quando ele se afastou, me olhou e disse - Você não vai dizer nada?

- Ai Alê - disse quando uma lágrima solitária caiu dos meus olhos- Estou tão orgulhosa de você. Porque não me disse antes? E quando você vai? Precisamos fazer uma despedida pra você - O abracei mais forte ainda

- Então Ali, a viajem esta marcada para amanhã - Eu me afastei e olhei espantada

- Como !? - Disse como se não tivesse entendido

- Não me olhe assim Ali, eu não disse antes porque se te contasse você iria voltar na hora pra cá e não podia te afastar do seu pai - Ele parou pra pensar e continuou - Vamos sair hoje e comemorar a sua chegada e aminha ida, não quero ir embora brigado com você.

- Ok - e sorri enquanto ele me abraçava, mas aquilo não me agradou, porque ele não me contou antes? questionei meu conciente

-Ali eu tenho que ir para arrumar algumas coisas. Te vejo mais tarde ?

- Claro, mereço uma noitada pra acordar de ressaca amanhã

- Nem vem, você não vai beber é muito irresponsável pra isso - Meu sangue ferveu com essas palavras e ele continuou- Da última vez você quase sofreu um acidente de carro, você é imprudente

- Quem você pensa que é meu pai - disse aumentando o tom

- Se fosse você não seria assim- disse cuspindo as palavras

- Alê vai embora, não quero discutir com você. - em seguida abri a porta e estendia a mão para que ele saísse

- Você é muito imatura Ali, Quando vê um problema ao invés de enfrentar você o foge - ele disse gesticulando e gritando

Eu percebi que alguém estava em frente ao elevador, Alê saiu bufando

- Imatura? Eu? - RI sarcasticamente - Olha quem esta falando um cara que não consegue assumir um relacionamento sério- disse me aproximando- quer saber você nunca foi maduro o bastante para assumir seus erros, você é um fraco ! - andei em direção a porta quando senti uma mão puxando meu braço- Me solta Alê! - Ele me encarou com raiva e me soltou com brutalidade me empurrando com seu ombro - Não aparece mais aqui, está me ouvindo- disse gritando e chorando

- Pode deixar que amanhã mesmo eu não estarei mais nem no mesmo país que você -  Ele disse empurrando o cara que estava em frente ao elevador, eu não aguentei tudo aquilo e desabei a chorar e sentei em frente a porta do meu apartamento que estava aberta.

Será que ele iria embora do país sem se despedir de mim ? A dúvida me corroeu mais ainda me fazendo chorar mais e mais.
Que cena foi essa?

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