Capítulo 1

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Ando pelas ruas, com os fones de ouvido com volume considerada "perigoso" para minha mãe. Passos largos, porém nenhuma presa para se chegar em casa.
Volto da escola com os ânimos piores que nunca.

Depois de um dia cansativo, 9 aulas seguidas na famosa escola de período integral de minha cidade, a única coisa q consigo pensar é em dormir.

Mas sei que não vai ser bem assim. Minha relação com meus pais, ou melhor dizendo, com meu pai, nunca foi uma das melhores. Dentre tantas brigas, mágoas e ameaças, feitas por ele tomei uma certa distância, uma não-participação da vida de um cara que vive comigo, mas que para mim, é quase um estranho. E, em troca recebi cobranças, brigas e confusões sem sentido.

Dentre a filha mais velha, a senhorita quase perfeita e a caçula a qual recebe todos os mimos agrados e carinhos vindos dos meus amados pais sou a do meio, aquela que muitos consideram a "ovelha negra da família". Bom, o apelido pode ter sido fruto do meu modo de vestir. Sempre na cor perto. Ou, pelo fato de eu aprontar, e dar trabalho para meus pais. Coisa que, como eles adoram dizer, a Loren nunca fez, ou senhora quase perfeita, como costumo chama-la em pensamento. Prefiro pensar que minha mãe não me odeia tanto assim. E que o tal apelido, seja pelo meu jeito de eu me vestir.

Quando menos espero, dou de cara com o portão branco. O lugar onde deveria chamar de lar. A loja onde meus pais trabalham já está fechada como de costume, e olho para cima, para ver a janela do meu quarto, que por sinal está aberta.

"Droga mãe, por favor não entre no meu quarto. Nunca adianta pedir. Nunca adianta falar nada." Acabei dizendo em voz baixa, enquanto pegava minhas chaves no bolço.

- Falando sozinha outra vez Emilyn! Desse jeito vou ter que te internar garota! - Pelo jeito, não havia dito tão baixo quanto pensei. Era Greg Hoffman, meu vizinho jovem e galã a qual tinha uma leve paixonite, como disse minha amiga Ashley.
- Ah, oi Greg. Não tinha visto você .
- É eu percebi. Mas o que houve desta vez pequena? Você parecia aborrecida. Está tudo bem? -
Olhei de relance para janela do meu quarto, que agora exibia o rosto de uma garotinha de cabelos castanhos claros e olhos espertos. Heloise, minha irmã mais nova. A caçula a qual eu odiava e amava ao mesmo tempo.
- Não é nada Greg, estou bem. - Com o melhor sorriso que consegui dar, abri o portão sem voltar o olhar para Greg que, ainda me olhava esperando uma resposta que não ganharia obviamente. Quanto menos ele soubesse, melhor.

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