Capítulo 6

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- Você vai me dizer o que está havendo agora?

- Ham, sim claro...

O hospital não ficava longe da minha casa. Era uma distância razoável, o tempo ideal para que eu contasse tudo a Greg.

E alguns minutos depois, já estava sabendo de toda história. Ou quase toda.
E estacionados em frente ao Santa Maria. Onde Ash estava.

- Mas tem uma coisa que você não me explicou ainda Emy.

- O que?

- O que é isso no seu braço, porquê a faixa?

- Ham, eu acabei me machucando quando vi que Ash estava no chão. - Disse com a voz trêmula. E o olhar baixo.

- E por que tem sangue nessa faixa?

- É uma faixa velha Greg, acho que alguém lá em casa usou, e não lavou - Consegui arrumar uma desculpa rápida, e dar um sorriso desajeitado.

- Esse sangue é recente Emilyn. Quer me contar logo a verdade? - Senti as mãos quentes de Greg chegarem aos meus dedos gelados por causa do frio. Ou por causa do nervosismo.

Eu queria falar. Falar tudo o que estava acontecendo. E que eu não aguentava mais. Que estava prestes a explodir! Que minha vida não tinha droga de sentido algum! E que eu preferia estar morta!

Mas não disse nada.

- Vamos, preciso falar com a Ash. - Abri a porta do carro e desci, assim que a fechei senti meus olhos se encherem de lágrimas.

Não podia correr, não podia fingir que estava tudo bem.
Estava tudo mal! Meu Deus! Porquê comigo!?

Encostei a cabeça no vidro do carro, lutando contra o choro que agora parecia cortar minha garganta lentamente.
E, de repente. Uma lágrima escapou.

E segundos depois, senti Greg me apertando contra seu corpo, e sussurrando em meu ouvido que tudo iria ficar bem, que tudo iria passar.

"A quanto tempo espero isso! Que tudo acabe bem! Que as coisas mudem! Passem! Que tudo não passe de um pesadelo e que a qualquer momento vou acordar e perceber o quanto sou feliz! Isso não vai acontecer Emilyn. Você esperou, se lembra? E tudo piorou não foi? Poupe esperanças, isso tudo é real, e nada vai passar!" - Era só o que e conseguia pensar enquanto molhada a camisa cinza de Greg com minha lágrimas.

- Acho que você precisa se distrair meu anjo. Vem comigo? Conheço um lugar ótimo pra isso.

- Mas, a Ash! Eu preciso falar com ela agora. Deus sabe o que ela deve estar pensando de mim.

- Emy, tenho certeza que ela está bem. E você não vai falar com ela assim. Eu não vou deixar. Vem comigo, por favor!?

Greg tinha um olhar, indecifrável e lindo. E era muito bom em convencer as pessoas.

Ele abriu a porta do seu carro, e eu entrei. Já não chorava mais. Já não tinha forças para falar mais nada. Nem para recusar nem para questionar. Apenas fui.

Fechei os olhos e abri a janela. Deixei que o vento tirasse os cabelos ainda molhados, do meu rosto e levasse todo o mal estar que estava sentindo.

Ouvi uma porta bater e abri os olhos lentamente.
Estava de volta a rua da minha casa.
Em frente a um portão grande e cinza onde um garoto loiro entrava apressado.

Não entendi o porquê Greg tinha me trago de volta para cá. Mas apenas esperei que ele voltasse com uma boa explicação.

Minutos depois, ele estava de volta ao carro, com uma sacola azul, e grande.

- Está pronta?

- Pronta para que?

- Você vai ver minha pequena. Pode fechar os olhos outra vez. Você fica linda de olhos fechados.

Ainda que não estivesse entendendo nada. Resolvi obedecer ao comentário de Greg e fechar meus olhos. E simplesmente viajar pra um mundo onde só eu tinha acesso. E a música que Greg escolheu fez com que eu me sentisse por inteiro, completamente distante de tudo.

Não havia Ash, nem minha família, nem ninguém que pudesse me ferir, ou que eu pudesse ferir.

Estava salva.
Salva de todos.
Salva de mim mesma.
Como essa sensação era boa.

Paz.

Talvez essa seja a palavra.
Mas não me preocuparia com palavras naquele momento tão mágico, e único que estava vivendo.

Apenas iria aproveita-lo ao máximo.

Apenas aproveitar!

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