Capítulo 21

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Eu não tinha adormecido de fato. Apenas não tinha mais forças para reagir a nada.
Mamãe me empurrou para cama, esticando minhas pernas e meus braços.
Senti seus dedos passearem de leve pelos cortes que ainda doíam e sangravam.
Acariciou meu rosto e meus cabelos.

Eu queria dizer obrigado a ela. Dizer que eu a amava e pedir para que não ficasse triste.
Mas a única coisa que saiu quando tentei falar, foi um gemido que aparentava ser de dor.

E que de certa forma, era.

Meus olhos estavam inchados e não conseguia abri-los de forma alguma.
Tentei me levantar, mas meu corpo não me obedecia.

- Vai ficar tudo bem filha.
Prometo a você. - Mamãe me deu um beijo na bochecha e outro na testa.

Cobriu-me e saiu. Me deixando sozinha, no escuro do meu quarto.

Tentei levantar-me outra vez. Mas sem sucesso como esperado.
Estava fraca demais para me mover. E, aquilo era patético.

Consegui virar-me com muito esforço. Alcancei o celular que estava a carregar na minha cama, a luz da tela fez minha cabeça doer e o desliguei o mais rápido que pude.

Não sabia que horas eram. E nem sei ao certo se queria mesmo saber.
Apenas puxei mais o cobertor para perto e desta vez, apaguei totalmente.

**

Acordei confusa e com dores no corpo inteiro. Estava suada e com sangue seco em meu braço. Não me lembrava ao certo do que tinha acontecido, mas aos poucos fui me recordando.

E aí, quando me dei conta de tudo que tinha acontecido pensei que poderia dormir para sempre.

Peguei novamente o celular e minha cabeça doeu novamente com o brilho da tela, mas não tanto quanto antes.
O relógio marcava 21:30 da noite. Não sabia a quanto tempo estava dormindo. Mas não estava nem aí.

Levantei-me com dificuldade, e quando consegui me sentar fiquei a olhar para Heloise na cama ao lado.
Ela queria me ajudar, mas acabou por complicar tudo ainda mais.

Busquei com os olhos a toalha pelo meu quarto, e quando a encontrei fiquei de pé para buscar.

Mas assim que dei o primeiro passo, tudo ao redor girou e fui com tudo para o chão.
Ainda estava fraca. E me lembrei que não havia comido nada além de uma maçã.

Pensei em comer algo antes do banho mas desisti da ideia quando me vi no espelho do quarto.
Meus olhos estavam vermelhos, muito inchados e ardiam quando piscava, o que dificultava minha visão. E nem ia comentar sobre meu cabelo.

Alguns segundos depois consegui sair do chão e tirar a roupa, tive medo de não conseguir fazer isso no banheiro.
Enrolei-me na toalha e abri porta do quarto. Olhei a volta antes de sair.

As luzes da sala estavam desligadas e nada se ouvia além de meus passos rumo ao banheiro.
Fechei a porta e soltei a toalha.
Coloquei o chuveiro na estação em que ficava mais quente e sentei-me no chão fechando os olhos e deixando a água cair sobre mim.

Longos minutos se passaram até que tive coragem para me lavar.
Passei o sabonete pelo corpo em especial no meu pulso. Tirei todo aquele peso que se instalou em mim quando acordei. E me senti um pouco mais leve.
Depois de me vestir, fui até a cozinha me sentido ainda muito fraca.
Abri a geladeira, e de lá tirei um copo de leite. Peguei algumas bolachas no armário e sentei-me na mesa da cozinha.

Enquanto comia, ouvi a porta se abrir e meu corpo se enrijeceu. Fiquei apreensiva de papai me ver ali outra vez, eu ainda estava amedrontada pelo que aconteceu.

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⏰ Última atualização: Sep 02, 2016 ⏰

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