Maze Runner: Correr Ou Morrer - O último.

CAPÍTULO 24

24

Algumas horas atrás, as lanternas foram apagadas, e Caçarola distribuiu pão com manteiga para todos.

Newt assumiu a vigia por um longo tempo, e decidi não interrompê-lo. Apenas fiquei observando a silhueta sombria de seu corpo contra o reflexo das janelas. Havia algo hipnotizante em como ele permanecia atento, imóvel, como se carregasse todo o peso da clareira nas costas. Na real, sempre foi assim.

Ao meu lado, Chuck dormia profundamente sob algumas mantas, sua respiração tranquila um raro alívio. Eu segurava sua mão pequena e macia, incapaz de soltá-la. Já faz uma hora que estou parado assim, sem me mover, como se temesse que o menor movimento pudesse quebrar o momento de paz que mal conseguimos encontrar aqui.

Está frio. Imagino que Newt também esteja sentindo o mesmo.

Com cuidado, soltei a mão de Chuck por um breve momento, cobrindo-a com uma das mantas para que ele não sentisse o vazio ou o frio que minha palma costumava aquecer. Ele murmurou algo baixinho, mas não acordou.

Peguei minha própria manta e me aproximei de Newt, que ainda mantinha os olhos fixos na escuridão lá fora. Abri a manta e a coloquei sobre seus ombros, envolvendo-o sem dizer nada. Antes que ele pudesse reagir, passei os braços por cima da manta, abraçando-o. Meu rosto se aproximou do seu pescoço, e, aproveitando a serenidade do momento e o silêncio pesado da noite, depositei um beijo suave ali.

Os clareanos estavam mergulhados em um sono profundo, e o breu do ambiente parecia conspirar a nosso favor. Por um instante, era como se o mundo fosse só nosso.

Senti Newt se arrepiar sob o toque e soltar uma respiração pesada.

— Vai dormir, Newt. Eu fico de vigia. — Sussurrei baixinho, apenas para ele ouvir.

O Newt de todos os dias provavelmente negaria o pedido, insistindo em seguir sua própria determinação. Mas, desta vez, o cansaço parecia ter vencido qualquer vontade de discutir. Ele me olhou por um momento, talvez tentando decidir se ceder era fraqueza, mas logo se virou. Newt não é o tipo de pessoa que liga se tem fraquezas ou não.

Com um gesto lento, tirou a manta de seus ombros e a colocou sobre mim, como se dissesse "agora é sua vez". Antes de se afastar, surpreendeu-me com um beijo lento, carregado de uma ternura que parecia improvável em meio ao caos. Sem dizer nada, ele caminhou em direção à sua "cama", um espaço improvisado um pouco distante da minha.

Enquanto o observava se deitar, senti algo diferente. Talvez fosse o peso da responsabilidade que ele tinha deixado para trás por algumas horas, confiando em mim. Ou talvez fosse algo mais profundo, algo que nem o frio daquela noite conseguiria congelar.

Virei meu olhar para as frestas das janelas, onde o céu cinza se estendia, iluminado de forma vaga por uma luz distante, de um lugar desconhecido. A claridade parecia artificial, fria, como se viesse de algo que não pertencia à natureza.

Fiquei ali, encarando o horizonte, perdido em pensamentos. A vigília não era apenas para proteger os outros, era também um momento para organizar as emoções que aquele dia tinha trazido. E, no fundo, talvez também uma tentativa de encontrar algum sentido no caos.

Me pergunto por que Newt às vezes me afasta dele. Por que ele mantém essa distância, como se houvesse algo que ele não quer que eu veja? Me pergunto por que ele manca..

E, principalmente, me pergunto por que ele faz isso comigo. Por que me faz querer tanto estar perto, só para depois me afastar? Por que isso não me faz desistir? Por que gosto tanto de ficar com ele?

Quando foi que comecei a prestar atenção nos detalhes, no jeito que ele fala, nos gestos pequenos, nos olhares que diziam mais do que qualquer palavra? Quando foi que isso passou a importar tanto?