31
Não havia jeito melhor de acordar do que com um beijo de Newt.
Assim que Clint pediu para que Newt e um garoto ruivo se retirassem, resolvi me levantar, mesmo sentindo o peso das dores no corpo. Fiquei sentado na beirada da cama, ainda meio tonto, enquanto olhava ao redor. Meus olhos logo pousaram em Thomas, deitado na cama ao lado, parecendo incrivelmente tranquilo para alguém que tinha passado pelo inferno.
— Se sente melhor, Ethan? — perguntou Clint enquanto cortava algumas ervas sobre a bancada.
Eu o observei em silêncio por um momento, notando o corte em sua bochecha e o braço enfaixado.
— Estou melhor... — respondi, coçando o rosto. — O que aconteceu com seu braço?
Clint parou de cortar as ervas e ergueu o olhar de canto, sua expressão carregada.
— Tentei salvar o Tyner, mas não consegui. Os verdugos o levaram. — Ele voltou a atenção para as ervas, colocando-as em um pote com cuidado, mas sua voz carregava uma tristeza evidente.
— Sinto muito, Clint... — murmurei, sentindo um calor estranho começar a irradiar das picadas espalhadas pelo meu corpo.
Ele não respondeu imediatamente. O silêncio na sala era pesado, quebrado apenas pelo som rítmico e seco de Clint batendo a madeira contra as ervas no pote, transformando-as em uma pasta espessa.
—Tá tudo bem — disse ele finalmente, sem me olhar. Sua voz era baixa, quase abafada, mas firme.
Dave entrou na tenda apoiado no ombro de um garoto mais baixo, cada passo dele parecia exigir um esforço tremendo. Assim que chegaram ao centro do lugar, o garoto o ajudou a se sentar cuidadosamente em uma cadeira próxima.
Dave ergueu os olhos cansados e nos cumprimentou com um breve aceno de cabeça, o garoto mais baixo fez o mesmo e se retirou do lugar, primeiro para mim e depois para Clint, que ainda estava focado nas ervas em sua frente.
— Como estão? — Dave perguntou, sua voz rouca, quase como se fosse um esforço falar.
— Já vi dias melhores, mas estou de pé, o que é uma vitória, eu acho — respondi, tentando soar otimista, embora minha voz estivesse carregada de cansaço.
Clint ergueu os olhos por um breve momento, apenas o suficiente para lançar um olhar avaliador para Dave. — Parece que você não está muito melhor, mas pelo menos está inteiro, o que já é algo.
— Estou vivo por causa do Ethan, que me tirou debaixo daquele Verdugo. — Dave disse, lançando um olhar agradecido para mim e depois para Thomas, que ainda dormia na cama ao lado.
Eu respirei fundo, sentindo o peso das palavras dele e da situação que passamos. — Se Thomas não tivesse agido... — comecei, pausando para limpar a garganta, tentando disfarçar a emoção que subia. — Eu não teria conseguido. Acho que nem eu estaria vivo.
Dave balançou a cabeça lentamente, como se também processasse a gravidade do que havia acontecido. — Mesmo assim, você arriscou tudo por mim. Isso não é algo que se esquece fácil.
Clint, ainda trabalhando em silêncio com as ervas, apenas suspirou profundamente. — Vocês dois são malucos, mas pelo menos têm sorte de estarem aqui para contar essa história.
O ambiente ficou em silêncio por alguns segundos, apenas quebrado pelo som rítmico de Clint amassando as ervas e pelo respirar calmo de Thomas ao nosso lado.
Clint se aproximou, sua expressão severa e cansada. Ele parou bem na minha frente, encarando-me diretamente nos olhos.
— Doze picadas, Ethan. Doze. — Sua voz era firme, carregada de uma mistura de exasperação e preocupação.
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Maze Runner: Correr Ou Morrer - O último.
Ciencia FicciónEthan é o penúltimo a ser enviado para o labirinto e o último garoto a chegar à clareira. Sem memória do passado, ele logo é confrontado pelos perigos do labirinto e pela luta constante pela sobrevivência. LIVRO 1 • Newt x oc masculino • TÓPICOS...