Logo que ambulância pisou no hospital (ignorando o desfile que vinha atrás) os enfermeiros levaram a jovem jogadora para dentro. Diferente do que Luz pensava não era nada muito grave. Dani não corria risco de morte, só o diretor e a vice-diretora, caso ficasse uma seqüelinha que seja na atleta. Colorado era a escola mais cara de todo o estado e os pais exigiam o melhor tratamento para seus filhos, em geral eram super protetores e qualquer mal podia causar uma briga na justiça e conseqüentemente uma má popularidade para o colégio.
Quando a vice-diretora viu seu carro adentrando o estacionamento do hospital quase a atropelando e esbarrando feio na ambulância, ela parou estupefata. Tinha que ir acompanhar a aluna, mas não pode. Instantes depois antes de piscar, uma motocicleta passou voando pelo seu lado direito, quase a derrubando e para completar a polícia chegou logo atrás com cara de poucos amigos.
A vice-diretora não estava entendendo nada. O que seu carro fazia ali?! O que a motocicleta do porteiro fazia ali? E o que Luiza, Rúlio e aquela menina pintora fazia ali? Quando percebeu estava se explicando para os policiais mesmo sem ter tido nenhuma explicação dos colegiais até o momento. A última coisa que a escola precisava era de alunos indiciados pela polícia!Como ficaria a reputação do colégio? O diretor a mataria se soubesse que deixara isso acontecer. E munida de mil e um argumentos, sem precisar de suborno, ela conseguiu livrar os seus alunos.
Fora da visão dos policiais, já dentro do hospital a vice-diretora dava seu sermão em voz baixíssima, mas nem por isso menos autoritária. Disse que fariam recuperação mesmo se passassem, falou ainda que pagariam todos os estragos e que ficariam fichados para sempre no Colorado e caso isso se repetisse, era expulsão!Por que disso? Bem o Colorado é uma escola com um nome a zelar e três alunos não podem estragar um colégio todo. Por isso, por hora, ninguém podia comentar um A sequer sobre o ocorrido nem com a sua sombra.
Mesmo com a monumental bronca com direito a ameaças e cara feia. Luz pouco se importava com que lhe aconteceria, queria ver Daniela e enquanto a vice-diretora em pé de frente para eles os advertia, ela esquadrinhava o hospital e nada de Daniela, nada de Kátia, que ela jurara que vira no campo. Nem sequer um médico para perguntar, aquilo estava tão calmo que Luiza até chegou a desconfiar que aquilo fosse realmente um hospital. Seja como for, Luz só tinha uma coisa em mente "ver Daniela" só assim poderia aquietar seu coração, que estava apertado. Seu medo era que a demora em lhe dar informações fosse porque ocorrera algo mais grave. Tinha que dar um jeito de sair da recepção para procurá-la, se fosse pelos corredores uma hora a acharia. Então bolou seu plano e executou:
-Eu sinto muito senhora diretora, eu só estava querendo ajudar a senhora. –Disse com voz chorona e arrependida, quase como uma santa, que convencera até Rúlio.
-Me ajudar? –Perguntando em tom de desconfiança, pondo a mão no peito enfatizando o 'me'.
Sem titubear com a cara de coitada Luz continuou a mentira.
-Sim senhora. A vice-diretora tinha esquecido a bolsa e eu pensei que fosse precisar.
-Claro... Por que não, hoje em dia está comum fazer boa ação. –Disse a vice-diretora doce- Principalmente roubando o carro dos outros, passando dois faróis e batendo numa ambulância estacionada em frente a um hospital!!!!
A diretora que já era seca ficou ainda mais, como se todo o ar de seus pulmões tivessem saído. A veia no pescoço saltava enquanto gritava, esquecendo-se que estava num hospital. A vice-diretora, uma mulher esguia e com muitos anos de vida já conhecia todas as artimanhas adolescentes. A cada ano eles se reinventam, mas sempre a subestimam, é onde erram feio.
Luiza Luz afundou no sofá bege do hospital, não conseguira seu intuito, a vice-diretora era osso duro de roer. Por alguns instantes ficaram assim os três no sofá, e a vice-diretora em pé perto do corredor, esperando alguma notícia andando de um lado para o outro com seu salto de agulha. Estava preocupada, precisava de um parecer antes de ligar para a doida da mãe da Daniela, famosa por seu lado dramático. E seria péssimo avisá-la que sua filhinha está no hospital sem saber dizer em que estado se encontra. Concerteza Miranda Ávila ia achar que a filha estava em coma, ia fazer um monte de ameaças pelo telefone e essa seria a parte boa de todo o drama. Melhor seria esperar o médico concluiu abatida e resignada. Outra coisa, pra onde Kátia fora? Jurara que a vira ajudando a socorrer Daniela no campo?Seria apenas impressão sua?Não como seus olhos de águia de vidro poderia ser enganado de tal forma?!
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Yuri Novel
RomanceLuiza Luz é uma jovem como todas, ansiosa para encontrar seu príncipe encantado. Mas o que aconteceria se "ele" não for como ela imaginava?