CAPÍTULO 43

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Filipa entrou na cozinha bufando, como se precisasse sair da festa para recuperar o último fiapo de sanidade que ainda lhe restava.

A cozinha americana, que em qualquer outro dia parecia uma cena saída de uma revista de decoração, agora estava completamente bagunçada. Copos vermelhos espalhados pelo balcão de mármore branco, restos de salgadinhos esmagados no chão de madeira, e um cheiro misturado de pizza fria e bebidas açucaradas pairando no ar.

O detalhe que mais te incomodava? A geladeira semi aberta, como se alguém tivesse desistido de pegar algo no último segundo.

Pelo amor de Deus, será que ninguém saberá fechar uma porta direita nessa casa?

Ela respirou fundo, retirou o chapéu de paquita e o jogou no balcão com um peso simbólico.

Olhou diretamente para Greg, que, mesmo com aquela ridícula camisa rosa de botão e os óculos escuros, parecia... bom demais para o próprio bem. E isso só a irritava mais.

Filipa: Eu realmente estou jogando as cartas na mesa. Eu desisti oficialmente de você!_disse voz dela saiu firme_

Mas por dentro, ela sentiu o coração pulsando contra as costelas, implorando para que ele não fizesse o que sempre fazia: agisse como se não entendesse.

Greg a encarou com aquela expressão confusa, o cenho franzido em um jeito quase adorável — quase.

Quando Filipa se virou para sair, indicando-se finalmente livre dessa confusão emocional, ele a pegou pela cintura e a prendeu contra o balcão.

Ótimo. Lá vem ele com essa mania de não deixar as coisas simples.

Greg: Como assim desistir de mim?_disse, a voz contou de uma confusão genuína que quase a fez rir_

Sério, Greg?

Ela o encarou por um momento, sentindo a satisfação borbulhar no fundo da garganta.

Filipa: Eu desisto de tentar fazer você se apaixonar por mim!_disse enquanto a frustração escorria de cada palavra_

E ela viu a expressão dele se desfazer em algo mais... curioso.

Ótimo, agora ele está confuso

E curioso. Vai ser maravilhoso.

Greg: Tá tentando me fazer apaixonar?_arregalou os olhos, uma expressão tão genuinamente surpreendente que quase fez Filipa perder a paciência de vez_

Filipa: Isso não é óbvio, seu idiota maluco ridículo irritante insuportável?!...

Ela explodiu, e sem conseguir se segurar, começou a bater levemente no peito dele com as mãos, sentindo toda a frustração acumulada transbordar.

Cada tapa era um lembrete de todas as vezes que ela tentou esconder o que sentia, de cada olhar encontrado, de cada sorriso reprimido, de cada vez que o viu flertando — como agora, com aquela Nancy Arbuckle nojenta.

E então as lágrimas vieram, quentes e irritantes, escorrendo pelo rosto dela sem permissão.

Ótimo. Agora além de humilhada, estou chorando. Perfeito.

Filipa: Três anos, Greg. Três anos!_suspirou com a voz falhando entre soluços_Desde aquele maldito quatro de julho na praia, quando eu ia dizer que gostava de você, e você olhou pra mim e disse "você é como uma irmã pra mim, Filipa".

Ela sente a respiração dele mudando, mas contínua, os dedos ainda pressionam contra o peito dele, mesmo que suas forças já estejam se esgotando.

O cheiro do amaciante caro misturado ao perfume amadeirado dele era tão familiar que só a fazia se sentir pior.

Greg ficou ali, olhando para ela, e pela primeira vez em muito tempo, Filipa sentiu que tinha mostrado tudo.

Toda a fachada de garota durona desmoronava bem ali, no meio de uma cozinha bagunçada, entre pacotes de salgadinho abertos e garrafas de refrigerante vazias.

Greg: Você é apaixonada por mim?_relatou mais em uma conclusão do que uma pergunta, os olhos fixos nos dela, e Filipa sentiu que ia desmaiar de tanta vergonha_

Filipa: Claro que sou, seu... idiota!_fungou, ainda tentando manter algum resquício de dignidade_

E então, antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, Greg fez algo inesperado. Algo que fez todo o caos ao redor — a festa, a música alta, os risos distantes — desaparecem em um instante.

Melhor amiga de Greg FederOnde histórias criam vida. Descubra agora