Paris é uma bela cidade. Eduardo se perde todas às vezes contemplando a beleza desse lugar. De dentro do vagão de trem a caminho de Paris, ele observa a paisagem a passar do lado de fora. O trem faz mais uma parada rápida. A última, antes de levá-lo ao seu destino. Durante todo o percurso da viagem, ele esta perdido olhando pela janela, olha para as arvores que o trem vai cortando à medida que ganha velocidade e seus pensamentos vão se perdendo e se distraindo entre verdades e fantasias, pensa sobre seu ultimo romance escrito e a forma como ele ganhara sucesso tão rapidamente. Em menos de uma semana mais pessoas já o haviam lido do que poderia contar nos dedos e agora três messes depois de seu lançamento, estava a caminho de Paris para receber mais uma premiação pelas suas publicações. Mas essa não era uma premiação qualquer. Era o premio Nobel da literatura, entregue a pouquíssimos escritores, dos quais menos ainda eram romancistas. Mas de alguma forma os livros de Eduardo cativavam o publico de uma forma tão linda que não demorou muito para que ele ganha-se seu primeiro Nobel. Pensar que estava ali para essa premiação o deixava com um frio na barriga, pois ele era o escritor mais jovem a recebê-lo.
Enquanto deixa seus pensamentos livres observando a paisagem que a estação lhe proporciona, ele não percebe uma linda jovem que entra no trem e senta duas poltronas a esquerda de onde ele esta, mas, ainda a sua frente. Ela por outro lado o reconhece quase que instantaneamente. Seu nome é Ângela. Ela é o tipo de garota que costuma se esconder atrás dos livros de romance por não gostar muito do mundo que normalmente vê a sua volta. E por esse motivo não tem dificuldades para reconhecer Eduardo. Seu romancista favorito. Ela se perguntava se todos os romancistas já haviam vivido todas aquelas belas historias de amor que costumavam escrever, mas como nunca havia conhecido nenhum, nunca tinha encontrado respostas para essa pergunta, até agora.
Ângela é uma bela garota, naquela tarde em especial usa roupas simples, porem, do tipo que ainda preserva em seu estilo, a delicadeza da moda parisiense. Ela ajeita se na poltrona e fita Eduardo que ainda não a tinha notado. Ela o observava. Perguntava a si mesma se aquele seria o dia em que ela encontraria alguém que fosse parecido com os livros que tanto lia, ou se ele seria apenas mais um homem comum, que olha e vive a vida em preto e branco e cria um mundo de fantasias em livros para vender e fingir que o mundo é tão belo quanto nas estórias que conta. Ela acreditava mais na segunda opção, porem, algo dentro dela, um sentimento que ela não sabia explicar muito bem, lhe dizia que ela precisava conhecê-lo. Ângela não era do tipo de garota que acreditava em amor à primeira vista, na verdade ela era do tipo de pessoa que nem mesmo acreditava no amor, mas, tinha que conhecer aquele romancista sentado a sua frente.
Eduardo porem continua perdido em seus devaneios. Sua mente viaja bem além de tudo o que está acontecendo a sua volta. Talvez esse seja o mal de nós escritores, as vezes nós nos perdemos tanto em nossos pensamentos e fantasias que quase não notamos o que está acontecendo ao nosso redor. Eduardo esta agora praticamente em outro mundo, seus olhos olham as pessoas que passam de um lado para o outro do lado de fora do vagão, mas sua mente, esta viajando em lembranças. Varias por assim dizer. Ele vai de lembranças da infância ao dia anterior em um piscar de olhos, mas às vezes tudo o que vê, é um mundo incompleto, pois percebe que embora esteja no topo dele, ainda tão jovem, algo lhe faltava. Eduardo perdido como está em meio aos seus pensamentos e lembranças, tem a sua atenção roubada por um instante por um casal de jovens namorados que passava do outro lado da plataforma, o que leva seus pensamentos até Angélica e a sua adolescência.
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São incríveis as coisas que acontecem conosco quando estamos amando. Cada palavra, cada gesto, cada frase dita ou pensada. Tudo parece ter uma beleza incrível e o mundo fica tão belo que é quase impossível descreve-lo. O amor é o sentimento mais belo que existe, e talvez seja também o mais perigoso de todos, porem, mesmo assim, não haveria graça alguma passarmos pela vida sem vivenciá-lo. Não podemos escolher quem amaremos e nem mesmo quando amaremos pela primeira vez, mas mesmo assim, não há nada mais belo que o amor.
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Efeito Ângela
RandomUm romancista ganhador do premio Nobel de literatura, uma garota misteriosa, um meio irmão policial, um suicídio inesperado e uma onda crescentes de assassinatos, ligados a um assalto ocorrido a décadas atrás a uma joalheria. Porem, nem sempre as co...