Bem vindos a La Retonde

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          Paris é uma bela cidade, para alguns a capital da moda, para outros, um dos lugares mais belos e românticos do planeta. Sua beleza arquitetônica é notável, chamando a atenção mesmo do mais distraído de seus visitantes. Mas há um lugar em Paris que atrai tanto casais apaixonados quanto grandes artistas, esse lugar se chama Café de La Retonde.

          Você não estaria em Paris se não visitasse esse lugar. Vários artistas, intelectuais notáveis e escritores, gostavam de se reunir ali desde a época do pós-guerra. Conta-se que certa vez, estando à pintora inglesa Nina Hamnett, que era conhecida também por ser uma grande escritora, em sua primeira visita a Paris notou um homem lhe sorrindo na mesa ao lado do La Rotonde, ele graciosamente se apresentou como "Modigliani" um exímio pintor italiano que posteriormente se tornaria seu grande amigo. Alguns historiadores dizem que certa vez, Nina tomou emprestado uma camisa e calças de veludo cotelê de Amedeo Modigliani, depois foi até o La Rotonde e dançou na rua a noite toda. Essa era uma de muitas histórias conhecidas a respeito daquele lugar. Por esses e outro motivos grandes escritores e mesmo pessoas comuns adoravam visita-lo sempre que iam a Paris.

          Com Eduardo não era diferente. É bem verdade que em muitas ocasiões, ele preferia isolar-se na sacada de seu quarto de hotel, enquanto avistava ao longe a Torre Eiffel, e ao cair da noite ou mesmo ao por do sol, ali escrevia seus romances. Envolto em toda a beleza e esplendor que Paris lhe proporcionava. Em outras, ele seguia até La Retonde e lá se deliciava com um dos vários cafés servidos naquele lugar. Enquanto deixava sua mente agitada divagar em fantasia. Em algumas delas ele se via voltando no tempo. E vivendo como espectador de todos esses encontros de grandes nomes da arte que estiveram um dia ali. Em outros momentos, ele era mais do que apenas um espectador, mas um participante, um artista em meio a artistas. Nessas ocasiões dava altas risadas com Picasso, criticava algumas das obras de Nina, e gabava-se de seus escritos e de poder estar entre eles. Verdade era que essa era a única ocasião em que ele permitia-se gabar-se. E tudo isso acontecia apenas em sua mente, onde qualquer pessoa que o visse sentado ali pensaria que ele estava apenas relaxando enquanto observava a paisagem do lugar.

          Mais uma vez ele olha para o relógio naquela manhã. Faltavam dez minutos para as oito horas. A garota que havia marcado encontro com ele ainda não chegara, era bem verdade que ela não estava atrasada, era ele quem havia se adiantado. Em partes por ansiedade. Quase não conseguia acreditar que após tantos anos estava encontrando alguém que o fazia lembrar tanto de Angelica. Séria ela realmente tão parecida com Angelica ou ele estava começando a enlouquecer-se após tanto tempo? Em partes havia se adiantado também por causa de sua premiação. Quase não conseguia parar de pensar naquele momento. Era bem verdade que aquela era simbólica, havia recebido a premiação verdadeira há duas semanas em Estocolmo, na Suécia.

          Ainda não conseguia acreditar. Era o inglês mais jovem a receber tal premiação. E para a sua maior surpresa, Paris, a grande Paris, resolveu homenageá-lo. Fazendo uma cerimonia simbólica, onde ele receberia o premio mais uma vez, porem, dessa vez das mãos de grandes escritores Franceses, dos quais ele era uma grande fã. Dois sonhos realizando-se quase ao mesmo tempo. Chegar ao auge de sua carreira e reencontrar Angelica. Claro que aquela garota não era a mesma Angelica, a verdadeira Angelica havia morrido a vários anos atrás, mas essa, essa tal de Ângela, bem poderia ser sua reincarnação.

          Ao longe ele a vê. Caminhava graciosamente entre a pequena multidão que começava a forma-se pelas ruas. Ela era ainda mais bela do que ele se lembrava. Seus cabelos eram ruivos, desciam até a metade das costas. Seus caminhar era belo, gracioso. Movia-se com a mesma graça e beleza de Angelica a anos atrás. Nós lábio trazia um belo sorriso. Por um instante ele não sabia mais se contemplava alguém real, ou se era enganado por sua mente agitada. Ela se aproxima e o vê sentado ali. Conforme ela caminha seu rosto se torna ainda mais perceptível e seu sorriso ainda mais belo. E seus olhos, ha seus olhos. Quase fizeram o coração daquele escritor parar. Eram os olhos mais belos que ele já havia visto em anos. Como ele não percebeu tamanha beleza na primeira vez. Ela tinha lindos olhos azuis cor de céu, assim com Angelica, o que alimentava ainda mais, suas fantasias.

Efeito ÂngelaOnde histórias criam vida. Descubra agora