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Sentia-se mais leve que o vento enquanto paraiva pelo céu naquela manha ensolarada, poucas nuvens estavam em seu caminho, as quais elepodia tocar com as pontas dos dedos enquanto sentia aquelamaravilhosa sensação de liberdade.

Ao fechar seus olhs, podia sentir algo a mais, sentimentos maisprofundos, toques mais suaves em sua alma machucada. Sentia a docepresença de Angelica ali ao seu lado. Sentia o doce toque das suasmão segurando seus dedos. Tento abrir os olhos, mas ouviu um susurrobem baixinho em seu ouvido pedindo-lhe que não os abrisse, mas queos mantivessem fechados.

Eduardo simplesmente obedeceu sem qustionar, pois durante anos quisouvir novamente aquela doce vóz. E dizer baixinho em seu ouvido oquanto a amava e o quanto sentia a sua falta. Porem nada disse,apenas manteve seus olhos bem fechados enquanto sentia aquela docepresença ao seu lado. Podia sentir o vento carregando seu corpo.Sentia-se mais leve que o ar. Em um insante sentiu uma mudança nadireção do vento e uma mudança de altitude. Pecebeu que estavamvoando em direção ao soloe todos os sentimentos começaram a mudar.

A descida tornava-se cada vez mais rápida e mais ingrime. Como umavião prestes a chocar-se com a pista de pouso. Vozes de agoniacomeçaram a gritar em sua cabeça. Gritos de sdessespero cada vezmais altos.

Uma criaça estava gritando, chorando, clamando em agonia. Em uminstante ele sentiu o chão que se apróximou com um barulho enorme.O barulho era o de seu corpo chocando-se contra o solo. A mão quesegurava a sua parecia ter engolhido e segurava cada vez mais forte.Eduardo abriu seus olhos e viu novamente a garotinha. Ela estavaapavorada. Em dessespero. Angustiada. Ele tentou falar, tentoutraquiliza-la, sem saber ao certo de que, ela porem, colocou seu dedoindicador entre seus lábios lhe pedindo silencia e correuarrastando-o pela mão.

O lugar que estavam era descerto. O céu era negro, mais negro que anoite. A única luz que havia estava sobre eles, embora ão fossepossível saber de onde ela vinha, ou o que a produzia. A únicasensação naquele lugar era de medo, dor, angustia. Todas essassensações juntas.

Um dessesepero cada vez mais assustador e angustiante se apoderavade Eduardo. Ele começou agritar. Sem saber ao certo por que. Mais odesejo de gritar crescia cada vez mais dentro dele, junto com araiva. Raiva de que? De quem? Não sabia, apenas a sentia cada vezmais forte, cada vez mas envolvente.

Eduardo cai de joelhos, a garotinha tenta puxa-lo mas não consegue.Ele livra suas mãos das mão dela e cai de joelhos ao chão. O suorcomeça a escorrer em seu rosto. Seu coração acelera. E ele grita.Cada vez mais alto. Raiva e dessespero ecoam em sua voz. Cada vezmais alto. Cada vez mais angustiante. Eduardo sente seu coraçãoqueimar. A raiva o dominar. Um desejo de vingança parece crescerdentro dele, seguido de um desejo de ódio. Revolta. Mas ódio dequem ou de que ele não sabe.

A escuridão do ambiente começa a emcobri-lo, um peso enrome pareceestar sobre ele agora. Sem suportar ele deita-se ao chão. Leva suasmãos ao rosto e fecha os olhos. Apenas sentindo tudo o que aconte-sea sua volta no mais profundo silencio.

Eduardo sente o peso saindo de sobre ele, por quanto tempo ele ficouali deitado, não sabia, porem, não se importava. Um passaro começoua cantar. Uma claridade perceptivel mesmo com os olhos fechados oatingiu, então ele os abriu. Aos poucos sua visão foi se ajustandoao ambiente e ele então percebeu a garotinha agachada a sua frentecom um sorriso no rosto enquanto lhe estendia a mão. Ele apoiou-seao chão e se levantou, segurando em sua mão enquanto olhava pelaprimeira vez em seu vestidinho branco. A menininha o olhava com umlindo sorriso enquanto novamente coemçava a leva-lo em direção aalgum lugar desconhecido. Ele simplesmente a seguia, enquanto sentiaa doce sensação de paz e calma o atingindo novamente. Quem era ela?Onde ele estava? Não importava mais. Tudo o que queria era queaquela sensação nunca acaba-se.

Um vento suave começou a soprar tocando novamente sua pele. Elasoltou sua mão. Ele sentiu necessidade de abrir os braços e sentiro toque do vento sobre eles e em todo o seu corpo. Quase no mesmointante se deu conta de que não estava mais no chão, mas estavanovamente voando. Sobrevoando o lugar de olhos fechados.

Para onde estava indo agra? Não importava, não tinha pressa dechagar, apenas queria aproveitar cada vez mais aquela sesação, oumelhor, aquelas sensações. Pois não sentia apenas a leve brisa dovento, mas uma paz e calma dentro de si que há muito não sentia.Por um instante resolveu abrir os olhos e observar para onde estavaindo. Viu a baixo um campo verde, estremamente belo. Pensou em comoseria belo andar por aquele lugar e no mesmo intante percebeu queestava descendo em direção ao chão.

Seus pés tocaram o chão, ele caminhou observando o lugar, a belezadas arvores e do gramado. Um pouco mais a frente percebeu que estavapara entrar em um cemiterio. Eduardo adentro o portão de ferro ecomeça a andar por entre os tumulos. Não sabia onde estava, mas olugar não lhe parecia estranho. Ele sabia o caminho que deveriaseguir e simplesmente ia nessa direção, sem saber o que iriaencontrar.

Eduardo para e olha para baixo. A sua frente estava a sepultura deAngelica. A data de seu nascimeto e de sua morte estampada a baixo deseu nome. Tão pouco tempo viveu. Apenas quinze anos separavam asduas datas. Uma tristeza o dominou enquanto observa aquela lapide. Umnó lhe subiou a garganta. Quando pensou em chorar notou ao lado desua cova um caderninho verde. Ele o apanhou e novas recordações lhevieram a sua cabeça. Aquele era o caderno que havia escrito oprimeiro poema de sua vida declarando seu amor a Angelica, e tabem oprimeiro após sua morte, o qual escreveu como uma promessa quededicaria sua vida a escrever historias de amor, que recorda-sem oamor deles até o fim de sua vida, para que aquele amor nuncamorre-se, mas sobrevive-se todos os dias em uma historia diferente.

Eduardo se afastada da Lapide. Uma brisa suave parece guia-lo parafora dali, quando esta a certa distancia é impulssionado a olhar emdireção ao local. O ceu escure-se. Novamente a única luz que estáno lugar e a que está sobre ele. Porem dessa vez, algo estranhohavia acontecido. Havia uma outra luz, esta estava por sobre a lapidede Angelica, ela porem, não focava a lapide mais um homem que estavaem frente a ela, de costas para Eduardo. Uma capa preta estava sobreseus ombros. Um arrepio percorreu a espinha de Eduardo e então elese deu conta de que aquele era Victor.

Eduardo acorda. As tres da manha, deitado em sua cama, com o coraçãodisparado e encharcado de suor.



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⏰ Última atualização: Apr 03, 2017 ⏰

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