Prólogo

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Já estou acordada desde as cinco da madrugada, mas ainda não me levantei, fiquei aqui no escuro observando a lua crescente. Eu sou apaixonada pela beleza dela. Se fosse possível eu ficaria a noite toda observando a lua. Uma garota morena de olhos negros se ajoelha ao meu lado e passa a mão nos meus cabelos.

-Você não dormiu América?

-Dormi sim Elisa, mas acordei antes do planejado. -falei para ela.

-E por que você acordou antes do esperado?

-Eita Elisa, você acordou hoje cheia de perguntas.

-Você sabe que sou muito curiosa. Conta logo amiga.

Eu já ia começar mas escuto passos subindo as escadas, Elisa sai correndo para a cama dela, eu rio baixinho para não acordar as outras quando ela tenta fingir estar dormindo. Os passos já estão próximo da porta então eu fecho os olhos e deixo a minha face ser tomada pela expressão mais serena possível, escuto a porta sendo aberta, e ela caminhando até a primeira cama, depois a segunda, e assim por diante, até chegar na minha que é a décima terceira, escuto a doce voz de Amanda me chamando.

-América, acorda América, já está na hora de você ir se banhar.

-Bom dia Amanda.- digo me alongando e fingindo estar sonolenta.

-Você não me engana América, teve aquele sonho novamente?

-Sim.

-Tudo bem, deixa para lá, vá logo se banhar.

Amanda se levanta da minha cama e vai acordar Camile. Eu me sento na cama, e depois me levanto. Pego minha toalha no cabide que fica acima da minha cama e me dirijo para o banheiro, se eu tiver sorte ainda estará vazio.
Entro no banheiro e vejo que hoje é mesmo o meu dia de sorte, está vazio, e, digamos, assustador, esse tom bege não ajuda a diminuir o tema sombrio, só aumenta. Entro dentro dentro de uma das cabines e me banho, saboreio cada gota d'água que cai no meu corpo, isso sempre me deixa bastante relaxada.
Me enxugo, enrolo a toalha no meu corpo e saio da cabine. Já tem algumas garotas aqui dentro do banheiro, dou um bom dia para elas e então eu me dirijo de volta ao quarto.
Entro no quarto e me sento na minha cama, abro a escrivaninha que tem do lado da minha cama e puxo de lá uma escova e um espelho, parte de um kit que ainda tem um pente. Todos prateados. Me olho no espelho e começo a escovar os meus longos cabelos ruivos. Sou tipo assim, maníaca por escovar meus cabelos. Passo horas penteando eles, mas como estou apressada, somente dou um jeito neles, visto o uniforme e saio do quarto, quase derrubo Micaelle e Elisa.

-Você não irá nos esperar, senhorita América. ; fala Micaelle.

-Claro que vou Mika. Mas já terminei de me arrumar. Espero você lá embaixo.

Eu desço as escadas e vou direto para o refeitório. Chego pegando um bolinho e enchendo o meu copo de suco de manga, as outras garotas aos pouco vão chegando. Eu engulo meu café da manhã calmamente. Pois mesmo se eu tivesse terminado rápido eu teria que ter ficado esperando as demais terminarem. Quando todos nós terminamos, vamos até o ônibus que nos espera em frente ao orfanato, Elisa vem saltitante e senta ao meu lado, mas antes de ela se sentar ela já começa a falar.

-Conte-me logo América, você sabe que eu não tenho segredos com você. Agora conta.

-Calma Elisa, é só um sonho e não uma coisa mirabolante.

-Mas deve ser fantástico, tudo o que vem de você é fantástico, até mesmo o seu espirro!

-Isso não é verdade, o meu espirro é horrível. - digo coçando a ponta do nariz.

-Ok, agora para de enrolação e conta logo o sonho mulher.

-O sonho era assim, eu estava andando por uma praia, aquela que fica de frente com o orfanato, sabe? - olho para ela e ela sacode a cabeça positivamente, então continuo - Então, eu estava andando na praia, á noite, quando vi uma mulher sentada nas rochas, ela cantava uma canção de ninar, os cabelos dela eram ruivos, um pouco mais vermelhos que os meus, ela de repente, virava o rosto em minha direção, ver o rosto dela me dava uma paz, e uma emoção que não sei explicar. Ela me chama para ir até ela, sua voz, doce como mel, então quando eu estava pronta para ir até ela eu acordei.

-Como eu disse, fantástico. E o que você acha deste sonho?

-Bem, é um sonho estranho, eu tinha ele quando eu era pequena, mas depois ele parou. Então semana passada ele voltou com mais força.

-Como assim? Toda noite você tem um sonho divo desses e guarda só para você!

-Não, eu já contei para a Amanda e para a dona Claudia.

-Como assim pra elas e não para mim!

-Tô contado agora, mas me promete uma coisa.

-Claro América, o que é? - pergunta ela puxando uma mecha do seu cabelo castanho escuro para detrás da orelha.

-Que não vai contar para ninguém o meu sonho.

-Por que América?

-É coisa minha, prefiro que fiquei somente entre nós duas do que na boca de meio mundo.

-Tudo bem eu prometo. - diz ela séria com ambas as mãos erguidas.

Eu a abraço forte, sei que ela não irá contar para ninguém, a solto pois chegamos em frente á escola, e então Micael que se senta no fundo desce, e fica parado na frente da porta do ônibus. Eu e Elisa só nos levantamos quando a maior parte das pessoas já havia descido, nós ainda descemos na luta. Eu ao descer sou puxada por Micael que me abraça.

-Bom dia ruivinha. - Micael é o irmão gêmeo de Micaelle.

-Bom dia Mike. - digo me soltando do abraço.

-Vocês formam um casal lindo, por que vocês não namoram? - pergunta Elisa chegando perto de nós.

-Por que eu não quero. - digo revirando os olhos.

Então o sinal toca anunciando que nós devíamos ir para a sala. Eu, acompanhada de Elisa e Mike, entramos dentro do grande prédio da escola, para o meu último dia de aula.

Filha das águasOnde histórias criam vida. Descubra agora