VII - Capturada.

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Estou em frente a porta que é a do quarto onde os meninos estão, seguro o computador mais próximo de mim, então eu bato na porta, e ouço passos apressados dentro da casa, engraçado, não me lembrava de ter uma audição tão boa assim. Pedro, o mais velho da turma, abre a porta.

-América, o que você faz aqui? - ele me pergunta.

-Bom dia ainda se usa, sabia? - falo ironicamente - Eu vim falar com o Gabriel.

-Ele saiu ontem a noite e ainda não voltou.

-Então entrega o computador dele. -digo dando para ele o aparelho.

Me viro para sair deste andar, mas uma voz me paralisa.

-Bom dia América. - me viro e vejo Mike no meio da sala, dou as costas para ele e saio correndo até o elevador.

Apertei o primeiro botão que eu vi e só depois eu decidi ler o que estava escrito acima do botão, e me surpreendo com a palavra "Cobertura", e agora? O que eu faço?
A porta do elevador abriu e eu então fico de frente com um corredor amplo, com três portas.ele segue reto, terminando em uma enorme parede de vidro, na parede de um dos lados há apenas uma única porta, e do outro há duas portas, uma situada no meio da parede, e a outra já bem próximo da parede de vidro.
Aperto o botão do quarto andar, espero por um pequeno espaço de tempo, mas as portas não fecham como de costume, aperto o botão mas duas vezes, e nada acontece, deve ter dado pane no sistema, ou algum outro problema.
Saio de dentro do elevador e ando até a parede de vidro, encosto a minha testa nela e sinto seu toque gelado, de olhos fechados eu me pergunto o que eu irei fazer, mas de repente um enorme barulho me assusta, olho rapidamente em volta e vejo a porta do elevador se fechou. Corro até a parede onde ficam os botões e aperto loucamente, na esperança de que as portas se abrirem, mas depois de alguns minutos noto que meu desejo não será atendido. Encosto minha costa na parede e deslizo até ficar sentada no chão. Fico encolhida aqui no canto da parede, meus braços encruzados, e minha cabeça entre eles, minhas pernas dobradas em frente ao meu corpo, literalmente estou parecendo uma bola humana.
Já estou cansada de tudo dar errado hoje, me levanto do chão e começo a andar em círculos, olho para o teto e só vejo as belas luminárias, aliás, mas belas do que as lá de baixo, olho para as paredes e noto que a da esquerda, lado que possui as duas portas, bem próximo ao elevador, uma pequena rachadura na parede, me aproximo da parede e observo melhor as pequenas fendas na parede, então de repente sou surpreendida por uma voz que soa sonoramente pelo corredor.

-Vejamos quem se encontra aqui! -me viro rapidamente e encaro o dono da voz, um homem alto, mas não chego a ver o seu rosto que está encoberto por um capuz, de onde ele saiu? -Parece que estavam falando a verdade. - ele exclama, dando em seguida uma enorme gargalhada.

-Que verdade? - pergunto dando pequenos passos em sua direção, quase imperceptíveis.

-Uma verdade que revela grande irresponsabilidade. - ele pronuncia erguendo a mão em minha direção. Imediatamente escuto um barulho de água esguichando, e logo em seguida sinto minha costa ser molhada, depois disso os choques percorrem o meu corpo, eu me transformo e então caio para a frente. -Não era engano algum. As sereias foram ousadas o suficiente para mandarem uma espiã.

-O que? Espiã, eu não sou espiã das sereias. - falo por enquanto ele caminha em minha direção.

Ele segura o meu braço com muita força, concerteza vai ficar a marca daqui a pouco, ele então me joga para cima, e eu me choco com tudo no teto, e depois eu caio secamente na poça de água que se formou.
Penso e repenso no que eu posso fazer agora que eu estou limitada ao chão. Olho para a minha cauda e depois para o homem. Fico furiosa quando noto que ele está zombando da minha cara, isso me dá impulso para procurar alguma maneira de contra atacar.
Nem preciso procurar muito, pois logo noto que ele está descalço, e seus pés dentro de uma poça, isso está ótimo. Deixo a lembrança de quando eu estava sendo perseguida pelo Shasviner tomar conta do meu corpo, então vem à tona aquilo que á muito era eminente, várias ondas elétricas percorrem todo o chão pelas trilhas d'água, mas antes de alcançar os pés dele, ele deu um salto e ficou voando, a capa fica esvoaçando, se eu antes tinha alguma dúvida de ele era um ser não humano, agora essa dúvida não mas existe. As ondas elétricas desaparecem e ele pousa novamente no chão e começa a andar na minha direção, ele se agacha e segura o meus cabelos com força, eu gemo de dor, mas então minha vista começa a escurecer.

Filha das águasOnde histórias criam vida. Descubra agora