Desde hoje cedo quando aconteceu aquilo na banheira, tenho evitado ao máximo a água não quero me arriscar, mas se por acaso isso voltar a acontecer, não será na frente de todo mundo. Tanto que eu me isolei aqui no quarto sou precavida, se eu não tiver contato com a água, eu não irei me transformar, eu acho. Ouço batidas na porta.
-América, você não vai tomar café? - é mesmo, com toda esta confusão eu havia me esquecido que estava com fome.
-Vou, espera um minutinho que já estou indo. - me levanto da cama e vou andando até a porta e a abro.
Vou até a porta, destranco-a e olho para Carla.
-Você já tomou café? - pergunto
-Ainda não, por que você estava trancada no quarto?
-Por nada.
-Então me responde esta pergunta, por que você pulou da janela ontem? Nos pensamos que você tinha morrido. - eu acelero o passo para escapar do assunto, mas ao chegar na cozinha eu vejo que isso será impossível, todos me aguardam para uma longa conversa.
Eu peguei um copo de plástico e um canudo, coloco encima da mesa, pego a jarra e despejo dentro do mesmo um suco de o que parece ser de abacaxi. Me sento e na hora que vou beber um gole do suco, sou bombardeada por perguntas.
-América, você tá louca? -pergunta Damião, um garoto moreno, de olhos escuro.
-Você está sentindo algo? -fala Jasmim.
-Não sei. -respondo dando um gole no suco, e sim, ele é de abacaxi.
-Como assim não sabe? - grita Isabel - Você pula de uma janela e depois vem com essa de que está bem!
Eu não quero ser grossa, mas não tem como eu responder á essa pergunta sem ser assim.
-Eu já disse que eu não sei. - olho duramente para ela, que mucha mais que imediatamente.
Antes que me façam mais perguntas, eu me levanto da mesa e saio andando á passos duros e rápidos. Não preciso de pessoas me enchendo de perguntas pois minha cabeça já está cheia o bastante delas. Mas para eu não receber mais nenhuma, só terei uma saída, sair de casa para passear. Não vou nem trocar de roupa, vou logo em direção á porta do quarto, pego o elevador e desço para o andar térreo, e sem pensar em mais nada, saio correndo pela calçada.
Depois de um tempo caminhando, eu penso em procurar respostas no mesmo local em que as perguntas surgiram, na praia.
Como a praia fica do outro lado da rua, eu só terei que passar, coisa que está me parecendo impossível com todo esse trânsito. Depois que o número de carro diminui razoavelmente, eu atravesso correndo feito uma louca. Já do outro lado eu me sento e respiro fundo algumas vezes, que rua longa, quase me matou. Me levanto e saio andando calmamente em direção ao mar, ouço o barulho das ondas se quebrando e isso me trás uma paz indescritível. Deixo para trás qualquer pudor que eu tinha, e apenas ando até a água. Assim que ela toca em meus pés, meu corpo se sincroniza com a minha alma. Fecho os meus olhos e sinto cada parte do meu corpo vibrando, os choques, então abro os meus olhos já sei o que eu devo fazer agora. Corro para o mar, corro máximo que eu consigo, e me jogo de cabeça na onda que se formara. Meu corpo afunda e quando eu olho para as minhas pernas, elas estão sendo cobertas por escamas. Não consigo evitar de soltar um suspiro ao sentir que novamente estou livre.
Quando eu termino de me transformar, começo a tentar nadar, eu mexo a cauda para todos os lados, mas parece que eu não saio do lugar de jeito nenhum, logo fico um pouco tensa, e começo a ficar sufocada, tento subir para a superfície mas não consigo, o ar sai logo todo de uma vez, ao ver que eu não estou me afogando me deixo relaxar, eu sou parte da água, e então com sinuosos movimentos da minha cauda, eu começo a seguir em frente. Fico admirada com a beleza desse mundo submarino, me solto e nado sem direção, desviando aqui de uma barreira de corais, e ali de uma multidão de peixes.
Depois de muito nadar, eu resolvo voltar para a praia, assim que me viro, descubro que estava sendo seguida o tempo todo. Uma criatura com a cabeça achatada, sem olhos, corpo esguio, entre os dedos tem membranas, parecendo mãos de sapo, sua pele é meio amarelada.-O que faz aqui sereia. - pergunta ele me ameaçando com a lança que ele trazia consigo.
-Eu, não sabia que sereias não podiam nadar por aqui. - digo envergonhada
-Pois está sabendo agora, nenhuma sereia entra no território dos Shasviner e sai viva. Agora você terá que aprender na prática. - grita ele, de seus dedos começam á crescer unhas de aparência afiada.
Repiro fundo, e nado para fora d'água, a criatura vem atrás de mim, oh céus o que eu fiz para merecer isso?
Eu me preparo e salto de uma vez para fora d'água, igual á aquelas baleias. Caio novamente dentro da água e nado com mais afinco, olho para trás e vejo que a criatura, Shasviner, seja lá o que for, está quase me alcançando, tento me lembrar de algo útil dos filmes de sereia que eu vi. ISSO. Sereias nadam muito rápido, movo minha cauda com toda a minha força, mas parece que minha velocidade não segue o mesmo ritmo, sinto duas mãos segurarem a minha cauda e me forçando á parar, olho e vejo que é o Shasviner que está me segurando, entro em desespero, fecho os meus olhos com força desejando esse bicho bem longe de mim, então, tão logo assim, sinto uma onda de choques indolores percorrendo o meu corpo em direção á minha cauda, sinto as mãos me soltando. Abro os meus olhos e vejo que a criatura está bem longe de mim de vez em quando tendo alguns espasmos. Olho para o meu corpo e vejo que ondas elétricas o percorre por inteiro. Então eu tenho o poder de controlar a eletricidade. Não é algo que se use todo dia, mas pelo menos serve para eu me proteger.
Nado o mais rápido o possível, minha intenção é chegar na praia, olho para trás e vejo que vários Shasviner estão surgindo e vindo atrás de mim. Estou lascada. Nado sempre em frente até que vejo as águas ficando menos espaçosas. Olho para trás e vejo que eles pararam de me seguir. Talvez eles não veem até a costa. Continuo nadando, quando eu chego na parte mais rasa, eu me dirijo para um local onde tem várias pedras, vou até lá e subo encima de uma. Me deito e deixo o sol me secar, fico ali o que parecem ser horas. Quando meu corpo fica seco eu me transformo em humana novamente, eu tiro a minha sandália e ando um pouco sobre as pedras até chegar em uma zona que tem areia. Me sento e fico olhando o pôr do sol, até que uma mão toca o meu braços.-Garota, o que você faz aqui?
Bem gente, ontem era o dia em que sairia este capítulo, e na hora que eu coloquei para publicar, apareceu publicado, mas hoje de manhã, eu a descobrir que foi um erro do wattpad, me desculpem, então, espero que tenham gostado, não irei dar desculpa alguma pois o tempo não me permite, mas aqui está o capítulo, e o próximo sairá próxima semana, fiquem atentos, talvez sábado, talvez domingo, até.
Beijos♥♥♥
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Filha das águas
FantasyAmérica, uma garota que é um mistério, até para ela mesma. Fruto de um amor proibido entre uma sereia e um humano, América é uma híbrida, meio sereia, meio humana. Ela não sabe, que foi encontrada na praia pela dona do orfanato em que ela habita...