PRÓLOGO

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Nota da autora: Há alguns anos resolvi escrever essa história que é uma das que mais gosto de postar, infelizmente conforme o tempo foi passando acabei atrasando seu desenvolvimento e sua postagem. Relendo, depois de anos, vi algumas coisas no enredo e erros que eu quero consertar e refazer, portanto, estou editando a história aos poucos. Não haverão mudanças muito grandes nos capítulos nem no enredo em si, então se você já leu todos os capítulos postados, não se preocupe, você não perderá nada :). Obrigada a todos que ainda acompanham e vida longa à rainha! Boa leitura. 
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"Estas alegrias violentas têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se consomem"
Romeu e Julieta , Ato II, Cena VI – William Shakespeare 

                                                                        

"Corra" — Dizia a voz aflita de um homem cujo único objetivo era salvar sua família da desgraça eminente. Através de sua respiração já ofegante e dos galhos maldosos que arranhavam seu rosto como se zombando de seu evidente desespero, podia ver-se uma mulher embalando duas crianças em seus braços, segurando-as contra o peito numa tentativa de protegê-las do ar gélido da noite e dos galhos que ela desviava, seus longos cabelos negros fundiam-se com a escuridão que emanava da floresta que a essa altura já não possuía nenhum traço de ser encantada.

"Mais rápido, Charlotte" — O homem gritou com urgência enquanto corria atrás de sua mulher a protegendo de algo que ele não conhecia. Correndo mais rápido ambos perceberam que não havia escapatória, não havia outro modo.

"Aqui" — O homem parou abruptamente puxando Charlotte delicadamente para perto do que pareciam ser algumas casas abandonadas, mas na verdade era uma vila habitada à esquerda do caminho que antes tomavam.

"O que faremos agora, Edgar?" — Perguntou a doce voz de Charlotte, seus olhos verdes estavam assustados, porém as pequenas crianças em seus braços pareciam não perceber a aflição que emanava de seus pais e apenas continuavam brincando com os cabelos negros de Charlotte que caiam em seus pequenos rostos pálidos, a mãe as olhou com carinho.

"Agora, salvaremos nossas filhas, colocaremos elas em um lugar seguro" — Disse Edgar com evidente tristeza, mas seus olhos azuis continham determinação, Charlotte tendo em vista o futuro de suas filhas, concordou de imediato. Ambos sabiam do perigo que suas filhas corriam.

"Me dê Emily" — Disse ele pegando a criança com os olhos verdes-azulados, o cabelo mais claro, e a embalando junto ao peito. — "Leve Ashley, coloque-a em uma casa que você achar mais apropriada, as colocaremos separadas, para que não desconfiem e não as achem, eu levarei Emily para o sul, para o reino da rainha Ana, e você levará Ashley para o leste, para o reino do rei Nathaniel, assim que as colocarmos em um lugar seguro, iremos para o meio da floresta encantada, tenha cuidado Charlotte, eu te amo" — Edgar a beijou enquanto Charlotte repetia suas últimas três palavras, ele então se inclinou para sua filha que estava sendo embalada por sua mãe e a beijou levemente no rosto, ele sorriu tristemente e então se virou indo para o sul, enquanto Charlotte seguia para o Leste como combinado.
Charlotte, utilizando sua magia mesmo fraca, chegou até o reino do rei Nathaniel, correndo por entre as casas do vasto reino até ver uma não tão próxima ao castelo, sem muito tempo para observar, decidiu que este seria um bom lar para sua pequena filha, a casa parecia pertencer a alguém cujo nome está em uma posição mais bem colocada na sociedade do reino leste, ela então se inclinou colocando a sua pequena criança na frente da casa, com magia fazendo aparecer um pequeno cesto confortável para a pequena Ashley, ela a posicionou dentro do cesto calmamente. A pequena criança fez conhecer sua intenção de chorar enquanto observava o rosto desolado de Charlotte, mas a mãe apenas acenou com a cabeça negativamente, a criança, parecendo entender o gesto de sua mãe, permaneceu em silêncio, mas seus pequenos olhos azuis brilharam com lágrimas cristalinas, e seus pequenos lábios vermelhos formaram um ligeiro biquinho. 

"Seja uma boa menina, meu amor, papai e eu amamos muito você, nunca duvide disso... se apenas houvesse outra maneira" — Charlotte suspirou levantando seus olhos aos céus estrelados antes de baixa-los novamente para a pequena Ashley que a observava atentamente com seus pequenos olhos curiosos e inteligentes. — "Você é apenas tão pequena, meu amor... Cuide de sua irmã se a encontrar algum dia, e também seja uma boa filha para quem a encontrar está bem? Eu te amo. Você ainda será grandiosa, minha pequena Ash" — Charlotte sorriu enquanto batia na porta da casa e beijava sua filha uma última vez antes de sumir em um redemoinho de fumaça azul.
Mais ao sul, em um reino distante, no frio cortante do inverno, um homem colocava sua filha em frente a uma casa de aparência acolhedora, pronunciava com sabedoria quase as mesmas palavras que Charlotte dissera a pequena Ashley, beijava o rosto pequeno de sua filha enquanto virava-se, batia à porta e sussurrava. "Cuide de sua irmã Emily, eu te amo"

Uma coisa ambos — Charlotte e Edgar — sabiam, nenhum deles iria viver tempo suficiente para verem suas filhas crescerem e se tornarem de fato grandiosas pois mais tarde naquela mesma noite, ladrões ágeis e fortes encontrariam Charlotte e Edgar, com as mãos entrelaçadas, esperando no centro da floresta encantada, afastados tanto do Sul quanto do Leste, e com esses mesmos ladrões eles veriam seu fim.
E se alguém tivesse parado para ouvir atentamente junto com a última batida dos já cansados corações de Edgar e Charlotte, teriam ouvido simultaneamente o choro de duas crianças abandonadas.

 N/A:  Se chegou até aqui, muito obrigada! Fique à vontade para dizer o que pensa. 

The Queen (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora