The Queen (REESCREVENDO)

A Rainha do Leste

"Onde está a luz?
É preciso loucura para continuar
Você sabe que esta vida vai lhe trazer para baixo"
- Where is the light? (The Continuum)

                                                                                 ***
Existem vários significados para descrever-se uma dor. Alguns descrevem como uma sensação de sofrimento, outros como um pesar tão intenso que paralisa seu corpo em uma expressão de choque. E assim como todas as ações, a dor acarreta uma série de conseqüências. Assim como há várias formas de descrever uma dor, há também variadas formas de descrever o que sentimos depois dela. Alguns dirão a você que depois da dor há uma compaixão por si mesmo, outros que existe um sentimento de vazio extremo, mas eu, eu te direi que depois da dor há ódio.

Depois de passar horas deitadas ao lado do corpo pálido de mamãe, levantei-me e chamei a única pessoa que seria capaz de me ajudar.

"Rumpelstiltskin" – Chamei com a voz fraca e rouca. Quando não obtive resposta a raiva em mim apenas aumentou e reunindo todas as forças que tinha falei forte e imponente – "Rumpelstiltskin" – Neste momento ele apareceu.

"Agora está muito melhor" – Riu ele – "Querida, sinto muito" – Falou ele olhando o corpo aos meus pés. Ele não sentia muito.

"Do que poderia me servir seus sentimentos?" – Debochei – "Eu preciso que me diga onde fica o mausoléu em que colocam os corpos dos governantes deste Reino e de seus familiares"

"Bem, se a escutei corretamente, você parece saber que lá se encontram apenas os corpos dos nobres, certo? Por que o súbito interesse?" – Pergunto e no fundo ele já sabia.

"Lá é o lugar onde colocarei minha mãe, na parte interna onde fica a sala da Rainha" – Eu informei.

"Mas está vazia querida, apenas a Rainha do Leste pode entrar naquela ala e pelo que me lembro o Leste ainda não possui Rainha" – Ele claramente estava gostando daquele jogo.

"Ela ficará lá, porque eu serei a nova Rainha deste Reino. Prepare-se Rumple, porque amanhã eu ascenderei ao trono. Amanhã o Leste cairá aos meus pés" – Eu ri e ele acompanhou-me enquanto batia palmas.

***

E então o amanhã chegou.

Era quase tarde quando me olhei no espelho. O ar em volta do meu corpo parecia querer congelar-me em minha posição orgulhosa e dolorosa.

Passei todo o resto da minha noite lamentando ao lado do caixão branco de mamãe na ala da Rainha. Os guardas não puderam fazer nada, um aceno de minha mão os enviou ao chão – não pude evitar pensar que parte da minha raiva acarretava tal furor em minha magia.

"Está na hora querida" – Rumple falou em algum lugar atrás de mim.

Eu estava vestida orgulhosamente, ostentando uma confiança e poder falsamente calculados. Meu interior gritava com cada olhada no maldito reflexo. A roupa claramente cara e seu material vermelho apenas me faziam sentir ânsia de vômito, as calças de couro negras tão apertadas que quase me fizeram arrancá-las fora e o cabelo solto chicoteando meu rosto a cada vento que ousava tocá-lo, os saltos machucavam-me os pés, mas o meu rosto – a maior ironia dentre todas – continuava tão imaculado quanto antes, os olhos azuis não brilhavam, mas ainda era tão azul quanto antes. O espelho quebrou-se em várias partes.

"Ora, isso foi chocante" – Sorriu Rumple.

"Não quero espelhos nesta casa" – Rosnei antes de caminhar até a porta e para o ar agora aconchegante do Leste.

"No castelo predominará tal lei?" – Perguntou ele.

"Farei no castelo o que achar que devo" – Rosnei.