The Queen (REESCREVENDO)

•O segundo encontro

"Todos nós fazemos escolhas na vida, apenas certifique-se que a sua é a certa"

-Rumple.

Era quase noite e os ventos frios do fim da tarde que batiam em meu rosto e espalhavam alguns dos negros fios do meu cabelo de um lado para o outro, anunciavam que o sol já começara a ocultar-se lentamente por trás de alguma das exuberantes montanhas ao longo do reino, deixando para trás a promessa muda de uma noite gélida, mas não menos esperada.

O vilarejo, mesmo sentindo que o clima não daria trégua para favorecer a data, não se deixava abater, a felicidade que irradiava dos corpos da população era quase palpavel e o calor que havia em seus sorrisos eram suficientes para afastar qualquer inverno, por mais rigoroso que fosse. As pessoas corriam animadas em torno das lojas comprando flores, roupas, bebidas e tudo o que fosse preciso para comemorar "O dia do novo começo", a virada espetacular da data, onde o velho se transformaria em novo, onde as oportunidades seriam vastas, onde a esperança mais uma vez brotaria nos corações como uma flor em meio a um jardim e a felicidade irradiaria dos corpos viventes do reino do leste...pelo menos é o que acreditavam.

O rei Nathaniel enviou convites a todas as pessoas do reino para que comparecessemos aos belos jardins do palácio hoje a noite, para que juntos, nobreza, realeza, burguesia e todas as classes compartilhassem suas felicidades e expectativas. O motivo da enorme festa? Simples, era véspera de ano novo.

Levantei da cadeira em que estava sentada a olhar para a euforiada população e desci as escadas o mais graciosamente que consegui, papai já estava esperando por mim sentado em uma poltrona junto a lareira com meus livros de mágia que eu não sabia de onde vinham já que não era nem um pouco comum pessoas dotadas com mágia, uma das causas pelas quais papai me ensinava a controlar a minha, os outros motivos eu desconhecia totalmente. Junto aos meus livros havia um que papai lia com frequência e eu nunca poderia ler, era médio com capa negra e parecia escuro e perigoso.

"Pronta?" -Perguntou assim que sentei na poltrona em frente a sua e embora ele tivesse perguntado, eu sabia que pronta ou não, ele me lecionaria.

"Sim, pai" -Sorri educada, um gesto que ele não retornou.

"Ótimo" -Ele começou a explicar sobre o controle da mágica enquanto ela se desenvolvia e eu tentava meu melhor para absorver toda a informação e armazena-la no meu cérebro.

"Agora, a prática" -Ele se virou para mim e eu prontamente obedeci, tentei suavemente forçar minha magia a me obedecer e no final de dois minutos consegui formar uma bola de fogo de tamanho aceitável e sorri no prazer de ver os lábios de papai elevar-se dois centímetros para cima, era o melhor sorriso que ele poderia dar.

"Bom" -Ele disse e para mim aquele 'bom' dele foi tudo. Depois de uma hora de insessante estudo e de seis bolas de fogo de tamanho médio papai me liberou para ir com mamãe até uma loja no vilarejo comprar um vestido, mesmo que ele não permitisse minha saída sozinha para o palacio, não importava como ele era ambicioso, ele não me queria perto do príncipe, eu nunca soube por quê.

"Você foi muito bem, mel" -Disse mamãe enquanto andávamos lado a lado na trilha para a loja.

"Tudo o que quero é fazer papai ter orgulho de mim e meus feitos" -Suspirei.

"Não é fácil, mas não desista, mel, ele verá seu potencial, eu já tenho muito orgulho de você, Ashley" -Ela sorriu e eu também.

"Obrigado mãe" -Quando as palavras saíram da minha boca e finalmente entramos na loja, mamãe estremeceu, e eu tinha certeza que não foi por causa do frio.

Passamos apenas alguns minutos na pequena loja até uma senhora vir em nossa direção e começar a tagarelar eufórica sobre como eu era bonita e como meus olhos pareciam duas safiras e eu ria animada em seu entusiasmo, por um segundo não haviam problemas, Emily, Rafael e nada mais, era só eu, mamãe e o raio de felicidade que era a senhora que sorria bondosa para mim, enquanto mamãe falava com a senhora cujo o nome era Minerva Lutz, eu olhava ao redor observando as roupas até que meus olhos bateram nele.

Era azul marinho apenas alguns tons mais escuros que meu ofuscantes olhos azuis, era longo e tinha uma abertura bonita nas costas e um trançado sobre a clavicula, sorri enquanto o pegava e minha euforia era tanta que com um pulo entrei em uma sala pequena que parecia mais um tipo de provador, tendo tempo apenas para puxar o par de saltos prata brilhoso que complementavam o vestido e que eram altos o suficiente para que o vestido não arrastasse no chão, o vestido coube como se tivesse sido desenhado para mim, passei a mão suavemente no tecido sentindo sua suavidade sob minha pele e olhei em um espelho no lado oposto da parede.

"Oh meu Deus! É maravilhoso" -Suspirei sorrindo para meu reflexo e sai graciosamente da sala, havia um novo cliente na loja e quando mamãe, a senhora Lutz e o novo cliente viraram-se suspiros suaves foram ouvidos.

"Ashley você está..."

"Magnifica" -Mamãe foi cortada prontamente por uma voz suave porém forte, gelei ao reconhece-la.

"Robert?" -Sorri e ele veio até mim fazendo uma suave reverência que eu retornei sorrindo.

"Minha senhora" -Ele cumprimentou suave como sempre, ele usava as vestes reais e a coroa de ouro branco o fazia mais impossivelmente lindo.

"Ashley, conhece o príncipe Evans?" -Mamãe quebrou o transe que eu estava, olhando para os olhos verdes esmeralda de Robert.

"Hum...todos o conhece, mamãe" -Eu desviei e senti as mãos de Robert pousarem suavemente na minha e rapidamente a tirar para que ninguém notasse o gesto.

"Bom...Só um segundo" -Corri para a sala e troquei de roupa trazendo nas mãos o vestido e os saltos - "eu...irei levar" -Eu olhei para mamãe que assentiu, foi quando Robert se manifestou.

"E eu irei pagar por ele e pelos sapatos da bela jovem, e espero que ela os use hoje a noite no baile que meu pai organizou, será minha convidada e par, se aceitar é claro" -Ele sorriu e eu corei.

"Não precisa...eu posso pagar e..." -Ele interrompeu.

"De forma alguma, que cavalheiro seria eu se deixasse uma jovem pagar por algo quando eu poderia fazer isso" -Ele piscou e pagando pelos produtos me entregou suavemente a sacola.

"Obrigado"

"Foi meu prazer. Então senhora Lambert me concederia a imensurável honra de ter sua filha como minha acompanhante?" -Mamãe se recuperou de seu choque.

"Com toda certeza, sua alteza"

"Então nos vemos a noite" -Ele sorriu e eu concordei e quando ele se foi, mamãe se virou para mim.

"Primeiro: eu não sei como vamos fazer você ir ao baile sem seu pai ver e segundo: como ele sabia nosso sobrenome? E sim eu sei das cartas e sim você está encrencada" -Ela saiu da loja e eu fui atrás, fosse o que fosse, eu iria explicar tudo e mamãe entenderia, mas eu deixaria para quando chegarmos em casa, porque naquele momento eu só poderia pensar que daqui a algumas horas eu estaria com Robert.

E foi assim que o caos começou e após dois dias a rainha má do leste nasceria em mim.