●A reposta

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N/A: Desculpem quaisquer erros.
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●A reposta

"Enquanto os dias passam a noite está em chamas"
- 30 seconds to mars

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"Agora eu abro" —Pensei ao parar firmemente ao lado da minha cama enquanto olhava a simples carta que descansava em cima da mesma. Desde o momento em que eu entrara no quarto havia ponderado em minha mente o que deveria fazer, andando para frente e para trás descontroladamente, franzindo a testa em uma concentração absurda para organizar os pensamentos contraditórios da minha mente, deveria eu aventurar-me a abrir a carta? Ou deveria manter a privacidade das palavras ali contida? Que segredos poderiam ser revelados? E se a carta era mesmo para mim ou minha família? E se... E se..., suspirei exasperada, fazendo jus à minha natural curiosidade humana, sentei em minha cama e antes que pudesse me arrepender, comecei a ler. Dizia:


Caro Sam

Como vai velho amigo? E a minha querida Elisabeth? Espero que muito bem é claro, a muito não a vejo, e nem a você.
Sinto que realmente andei a negligenciar meus deveres como amigo e primo, sinto muito, mas existem muitos deveres a serem cumpridos pelo príncipe, deveres os quais devo dizer, vem a tomar todo e qualquer tempo livre que um dia eu já tivera.
Antes que esqueça, o Leste continua extremamente lindo, os cidadãos parecem realmente satisfeitos.
Papai continua resmungando a cada minuto sobre como está cansado, creio que ele esteja cansado do fardo de ser rei, ele quer se livrar disso, é um homem velho, sinto por ele.
Bom, o dever me chama, espero que tudo esteja ótimo na França. Boa sorte, homem. Mande meus cumprimentos a Elisabeth.
- Cordialmente, Robert N. Evans

Soltei lentamente a respiração a qual não havia notado que prendia durante toda a lida. A caligrafia do príncipe era sofisticada, semelhante a minha, porém mais desenhada.
Enquanto olhava para a carta, ainda me recuperando do choque da recente lida, um pequeno fato veio a tona... Fora um erro, um engano, a carta não era direcionada, nem ao menos mencionava meu nome ou de qualquer membro da minha família, e por um segundo insano, eu sorri, nunca antes havia ficado tão feliz com uma falha.
"Tenho que responder" —Falei quando me recompus novamente, eu precisava informar ao príncipe que sua carta de fato fora entregue, mas não ao destino correto, pensei na pequena possibilidade de que ele se sentisse irritado por eu ter lido a carta, mas uma parte de mim, a parte a qual sorrira ao ler a carta, me disse que ele não ficaria.
Peguei uma folha e me sentei confortavelmente, antes que eu escrevesse algo, porém, ouvi uma voz me chamar, uma voz a qual fez literalmente meu sangue gelar.
"Ashley Lambert" —Rugiu a rouca voz de papai do cômodo abaixo, um arrepio fez seu caminho através do meu corpo, levantei rapidamente, guardando a carta do príncipe, assim que o fiz corri para a porta a abrindo, desci as escadas no mesmo ritmo apressado, pedindo aos céus para que não caísse rolando escada abaixo, parei em frente a um Rafael imensamente infeliz, discretamente chequei minha roupa e sapatos, impecável.
"Lição de magia Ashley, agora" —Disse mordaz e passou por mim caminhando para a porta dos fundos da casa, saindo em direção a floresta. Respirei fundo enquanto mamãe, impotente, sorria, virei-me e fui atrás dele.
"Aqui" — Disse parando parando no meio da floresta em uma área deserta, nossa área de treino, senti uma leve inveja dos livres pássaros que ousavam cruzar o céu acima de nós.
"Ashley, eu realmente não estou com humor suficiente para aguentar suas inspeções da natureza selvagem" — Começou ele — "Para o seu bem, melhor me impressionar" — Ele sorriu maldoso.
"Sim, pai" — Eu falei, minha voz apenas um sussurro.
"Ótimo, sua magia está em um nível baixo, não a altura de uma Lambert, você precisa a controlar, primeiro faça ela fluir, a sinta, a permita, em seguida" —Ele abriu a mão e uma bola de fogo se formou em sua mão aberta — "A materialize". Me senti desconfortável, eu não sabia fazer isso.
"Vá" —Disse ele, me concentrei e deixei a vibração passar por mim, a trouxe até minha mão, abri os olhos, mas a vibração se fora, nem um mísero traço de luz se encontrava em minha mão aberta.
"Novamente" —  Disse papai entre dentes. Tremi.
Ficamos dessa forma por horas, tentei fazer magia de todas as formas, mas todo o esforço foi em vão, a noite se aproximava, eu já levara gritos e mais gritos de Rafael, eu estava exausta mentalmente e fisicamente, tentei novamente, falhei, mais gritos, a pressão era demais, eu já estava chorando, era insuportável... Até que eu explodi.
"Eu não aguento mais, você não entendeu? Tudo isso é inútil, supere isso, tudo dói, você está me drenando, estou exausta, eu não quero essa vida, não pode apenas engolir seu egoísmo e aceitar?" — Gritei áspera, chorando, claro, me arrependi imediatamente de tudo que eu tinha falado, mas já era tarde demais.
"Sua idiota" —Ele gritou com ódio, sua mão subiu ao ar, ele tomou distância, a mão desceu com toda sua fúria, se chocou contra minha bochecha, eu cai no chão, ele sorriu, no chão segurei minha bochecha e o olhei chocada, as lágrimas agora caiam rapidamente. "Lágrimas são fraqueza, Ashley, desistir é fraqueza, você é feita de fraqueza, não passa de uma criança fraca, você é uma excepcionalmente linda garota inútil" —Ele sorriu enquanto me olhava, tudo dentro de mim desmoronou, ele virou e saiu da floresta, eu continuei lá.
A dor, a parte mais difícil de tudo foi aguenta-la, não a dor física, a dor interior, ela consumiu tudo, não importava quanto fôlego eu tomasse, ainda não conseguia respirar, o sentimento oculto foi submerso, mas ainda estava lá, o ódio, o senti, mas o ignorei, gritei sem proferir som algum, deitei na grama e derramei toda a dor.
Essa foi a segunda noite que chorei por não ser o suficiente. Foi a partir daí, que a transformação começou, o monstro foi despertado, só levaria algum tempo para se manifestar.
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Acordei ainda na gélida floresta, os fatos da noite anterior me atingiram e eu gemi internamente, passei a mão em minha bochecha dolorida, respirei fundo e levantei, não fui a casa, não ainda. Andei pela floresta alguns minutos, antes de renovar minha coragem, sai da floresta e fui para casa, após um longo tempo explicando a minha mãe que eu estava bem, fui liberada para ir ao quarto, tomei um banho e me fiz confortável, quando lembrei da carta do príncipe, suspirei e sorri devagar, abri a gaveta e tirei uma folha em branco, comecei a escrever.

Caro príncipe Evans.

Sinto informa-lhe, mas sua carta para seu primo, sr. Sam, acabou sendo entregue a mim, e sinto ainda mais em dizer que eu a li, eu realmente não queria ser importuna, apenas acreditei ser para mim, por ter sido entregue em minha casa.
Não se preocupe, o conteúdo da carta está em sigilo comigo, estarei a enviando de volta, mais uma vez, sinto muito.
-Ashley Lambert.

Satisfeita com minha carta, a coloquei em um envelope junto a carta do príncipe, a fechei e sai de casa, Rafael não havia chegado e passar por minha mãe era fácil, fui até a entrada do vilarejo, chamei o garoto o qual havia me entregado a carta e o pedi para que levasse ao castelo.
"Não diga quem entregou, apenas diga que é importante e que só o príncipe pode ler" —Expliquei, paguei ao garoto e ele saiu correndo em direção ao castelo.
Sorri de longe olhando o palácio glorioso, após uns segundos, entrei em casa.
Mal sabia eu que minha vida nunca mais seria a mesma após a resposta daquela carta.
Além do mais, nada é inocente.

The Queen (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora