A música pulsava nas caixas de som, fazendo o chão vibrar sob meus pés. O público gritava, cantava junto, alguns com lágrimas nos olhos, outros pulando como se aquele fosse o melhor momento de suas vidas.Eu deveria estar sentindo o mesmo.
Deveria estar completamente presente, aproveitando essa porra de momento que eu trabalhei tanto pra alcançar. Mas, por mais que minha voz saísse firme no microfone, por mais que eu sorrisse e interagisse com os fãs, uma parte de mim ainda estava em outro lugar.
Ou melhor, com outra pessoa.
Fechei os olhos por um instante, deixando as palavras da música fluírem, sentindo a batida me guiar. Mas cada verso que saía carregava um peso diferente agora. Eu sabia o que tinha escrito. Eu sabia para quem aquelas letras eram.
O show seguiu, eu me forcei a continuar. Quando finalmente saí do palco, com o corpo quente e o coração acelerado, soltei um suspiro pesado e passei a mão pelo rosto suado.
A música ainda pulsava nos meus ouvidos quando entrei no camarim. O show tinha sido intenso, e a adrenalina ainda corria pelo meu corpo, mas, no fundo, eu só queria um momento de silêncio.
Joguei a toalha sobre a mesa, peguei uma garrafa de água e respirei fundo. Meus músculos doíam, meu coração ainda batia rápido.
Foi quando senti.
Aquela presença.
Eu sabia antes mesmo de me virar.
- você foi incrível lá fora.
Fechei os olhos por um segundo. Arayzela.
Respirei fundo, me preparando mentalmente antes de encará-la.
Ela estava ali, encostada na parede, braços cruzados, um sorriso preguiçoso nos lábios.
- O que porra você tá fazendo aqui? - Minha voz saiu mais fria do que eu pretendia.
Ela deu de ombros, como se não visse problema nenhum.
- Vim te ver, viajei só pra isso. Sentiu minha falta?
Minha mandíbula travou.
- Não.
O sorriso dela vacilou por um instante, mas logo voltou, como se estivesse jogando um jogo que só ela entendia.
- que grosso, Peep. - Ela se afastou da parede, dando alguns passos em minha direção. - Sabe.. você tá mais amargo do que eu lembrava, oque foi? A turnê tá te deixando cansado, ou.. ela fez uma pausa dramática, me olhando nos olhos. - ainda tá de coração partido?
Meu peito apertou, mas não demonstrei nada.
- Não é da sua conta.
- Ah, é sim. - Ela sorriu, se aproximando mais.
- porque sei que você perdeu a sua namoradinha, e eu tenho certeza que no fundo, você sabe que eu tive um papel nisso.Minhas mãos se fecharam em punhos.
- Você queria isso, né? Minha voz saiu baixa, mas cheia de rancor. - Queria acabar com a gente?
Ela ergueu uma sobrancelha, como se estivesse surpresa por eu finalmente dizer isso em voz alta.
- E consegui, não foi?
Um silêncio pesado tomou conta do camarim.
Minha respiração estava lenta e controlada, mas dentro de mim, tudo queimava.
Geo terminou comigo porque não conseguia superar suas inseguranças, porque achava que era uma segunda opção. Justamente por causa da Arayzela... ela ajudou a alimentar essa merda, principalmente no dia do camarim.
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𝚘 𝚐𝚊𝚛𝚘𝚝𝚘 𝚍𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜 𝚌𝚊𝚜𝚝𝚊𝚗𝚑𝚘𝚜 | Lil Peep ✮
RomanceGeovana, é uma menina de 17 anos marcada por traumas de um antigo relacionamento conturbado, e pelas dificuldades em lidar com o pai autoritário. Carregando inseguranças que parecem impedir qualquer chance de recomeço, ela se deixa convencer por Lar...