Em "Meu Prefeito" Sofia, uma engenheira recém-formada, busca sua independência ao tentar uma vaga na prefeitura de Recife. O que ela não esperava era reencontrar João Campos, seu antigo colega da faculdade e agora prefeito. Entre projetos e sentimen...
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O despertador tocou, cortando o silêncio da manhã como uma lâmina afiada. Meu coração disparou. Droga! O atraso era uma certeza. Num reflexo desesperado, estiquei o braço e esmaguei o botão do alarme. Pisquei algumas vezes, tentando me situar, mas o peso do sono e da exaustão da noite anterior ainda prendiam meu corpo ao colchão. Passei horas revisando aquele relatório, procurando erros, pontas soltas, qualquer detalhe que pudesse comprometer o resultado final. Mas agora, nada disso importava. O relógio marcava que eu já estava muito além do tempo seguro para sair de casa.
Num pulo, me arrastei para o banheiro e tomei um banho rápido, a água gelada me despertando à força. Não havia tempo para pensar em combinações de roupa, então vesti a primeira coisa confortável que encontrei no armário. O cabelo foi preso num coque improvisado, e ao me olhar no espelho, precisei encarar minha própria expressão: olheiras fundas, cansaço evidente, mas uma determinação inabalável. Eu não podia me dar ao luxo de fraquejar.
Na cozinha, Mariana estava sentada à mesa, segurando uma xícara de café e piscando devagar, como se o sono ainda a abraçasse.
— Bom dia... — murmurei, pegando uma maçã da fruteira e dando uma mordida apressada.
— Quem não odeia? — Soltei um riso baixo, esfregando os olhos.
— Mas agora você tem um motivo para amar elas, né? — Mariana ergueu as sobrancelhas, um sorriso divertido nos lábios.
Tentei fingir que não entendi, mas um sorrisinho escapou antes que eu pudesse evitar.
Peguei minha bolsa e dei um gole rápido no café, já sentindo a urgência me puxar pela gola da blusa.
— Estou indo. A gente se vê depois.
— Boa sorte com o João. — Mariana cantou as palavras, debochada.
— Tchau, Mariana. — Revirei os olhos enquanto me virava para a porta.
O calor da manhã bateu no meu rosto assim que saí, o sol brilhando sem piedade. Ajustei a bolsa no ombro e apertei o passo, já imaginando o caos do ônibus lotado. Minha mente ainda estava acelerada quando um som insistente cortou o ar.
Buzina. Franzi o cenho, irritada. Quem tinha tanta pressa a essa hora da manhã? Olhei na direção do barulho e vi o carro brilhante, com a lataria impecável, como se tivesse saído da concessionária naquela manhã. Mas o que realmente chamou minha atenção não foi o carro.
Foi quem estava atrás do volante. O vidro desceu devagar, revelando um sorriso conhecido. Meu estômago deu um leve salto de surpresa.
— Você? — perguntei, levantando uma sobrancelha. — Não vai me dizer que está me perseguindo fora do trabalho agora?
— Tentador, mas aparentemente moramos na mesma avenida. — Mateus riu, ajeitando o braço sobre o volante, parecendo totalmente à vontade. — Te vi saindo e pensei em te oferecer uma carona.