O trajeto de carro foi mais rápido do que eu imaginava, o que me deu tempo de respirar fundo e tentar organizar mentalmente os últimos detalhes da apresentação. Quando Mateus estacionou, ele me olhou com aquele sorrisinho convencido.
— Admito que foi melhor do que pegar um ônibus lotado — murmurei, ajeitando minha bolsa.
— Eu ouvi um “admito”? Isso vale ouro. — Ele piscou antes de sair do carro.
Revirei os olhos e o acompanhei até a entrada do prédio, já no saguão, eu estava mentalmente repetindo os tópicos da apresentação quando escutei uma voz familiar.
— Bom dia para vocês também! — Pedro surgiu ao lado de Renata, ambos nos encarando como se tivéssemos acabado de cometer um crime.
— Ah, pronto… — murmurei, já prevendo o que estava por vir.
— Vocês dois chegando juntos? Isso é novo. — Pedro arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços. — Devo me preocupar?
— Sim, Pedro. — Falei com ironia. — Mateus me sequestrou e exigiu que eu aceitasse carona. Ligue para as autoridades.
Renata riu baixinho enquanto Mateus apenas balançou a cabeça, divertido.
— Ela estava atrasada. E eu sou uma alma caridosa. — Pedro fingiu uma expressão séria.
— Aham, claro. — Renata falou desconfiada.
— Certo, podemos focar no que importa? — Cruzei os braços. — Hoje é o dia da apresentação.
— Finalmente! — Pedro soltou um suspiro exagerado. — Depois de semanas respirando acessibilidade em transporte, vamos ver se o suor valeu a pena.
— Valeu sim. — Renata sorriu. — Trabalhamos bem nesse projeto.
Pegamos o elevador juntos, e o silêncio que se seguiu deixou claro que todos estavam começando a sentir a tensão do dia. Hoje não era apenas uma simples apresentação, era o momento que definiria quem ficaria no trabalho.
Nosso desempenho nessa reunião não só mostraria nosso potencial, mas também ajudaria a decidir quem pegaria a vaga. Era o último teste, a última chance de provar que merecíamos estar ali.
Quando chegamos no andar, seguimos direto para a sala de reuniões, onde Beatriz já nos esperava.
Ela estava sentada, folheando alguns papéis com a expressão séria de sempre. Assim que levantou os olhos para nós, senti minha postura se ajustar automaticamente.
— Ótimo, vocês chegaram. — Ela bateu os dedos na mesa. — Tudo pronto?
— Tudo sim. — Pedro respondeu rápido, e eu admirei sua confiança.
Eu queria estar no mesmo nível de tranquilidade, mas meu coração já estava acelerado.
Hoje era o dia, respirei fundo, era hora de fazer valer todo o esforço. A sala estava montada, o projetor ligado, os relatórios organizados sobre a mesa.
Quando a porta se abriu e os acionistas começaram a entrar, mantive a compostura. Até que João apareceu.
Foi como se o tempo desacelerasse por um instante. Ele vestia um terno impecável, o cabelo alinhado, a expressão atenta e confiante. Meu corpo inteiro reagiu antes da minha mente, um arrepio discreto correndo pela pele.
A vontade de cruzar a sala e ir em direção a ele foi instantânea. Mas tudo que pude fazer foi olhar. Olhar e sorrir de um jeito contido, porque não havia espaço para mais nada ali.
João, sempre profissional, cumprimentou cada um na sala com um aperto de mão firme. Quando chegou a mim, repetiu o gesto, mas inclinou levemente a cabeça e sussurrou:
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Meu Prefeito - João Campos
FanfictionEm "Meu Prefeito" Sofia, uma engenheira recém-formada, busca sua independência ao tentar uma vaga na prefeitura de Recife. O que ela não esperava era reencontrar João Campos, seu antigo colega da faculdade e agora prefeito. Entre projetos e sentimen...