— Chefe.
A voz chamou Yanin, que estava de costas para a entrada do estacionamento de três andares reservado aos funcionários da agência. Era fim de tarde, e o dia tinha sido exaustivo. O chamado a fez sobressaltar levemente, mas ela apenas ergueu os olhos e tentou esboçar um sorriso fraco — que mal podia ser chamado de sorriso — para a dona da voz.
— Chefe, você está bem? — A preocupação era evidente no tom de Nistha.
— Estou bem.
A resposta veio de imediato, como Nistha já esperava. Ela observou Yanin piscar várias vezes, como se tentasse afastar o cansaço, mas Yanin continuava encostada em seu carro, sem demonstrar intenção de se mover.
— Você não parece bem.
— Talvez eu esteja só um pouco cansada. Os últimos dias têm sido pesados pra mim, N'Vie.
— Vamos, eu te levo para casa — sugeriu Nistha.
A proposta fez Yanin levantar os olhos para encará-la: — Não precisa — Yanin insistiu na recusa, como de costume.
— Precisa, sim — A resposta de Nistha veio firme, sem espaço para discussão: — Vamos, hoje eu não vou deixar você dirigir de jeito nenhum.
Sem esperar outra recusa, ela pegou a bolsa do laptop da chefe com uma mão e segurou seu braço com a outra, praticamente a arrastando até o sedã prateado.
Yanin bem que queria protestar, mas não tinha forças para isso. Como havia acabado de dizer a Nistha, esse realmente estava sendo um dos piores períodos para ela. Sua mente estava exausta. Desde os atentados contra a administração da agência, ela mal conseguia se concentrar no trabalho, quanto mais nos relatórios. Era como se sua cabeça estivesse coberta por uma névoa densa, a impedindo de conectar os acontecimentos e entender a real motivação por trás dos ataques.
Além disso, precisava entregar um relatório detalhado sobre a escalada de violência em um intervalo de menos de dois meses. E, como se isso não fosse o suficiente, as imagens dos treze mortos na emboscada ainda a assombravam. Sempre que fechava os olhos, os rostos das vítimas voltavam à sua mente, um por um.
Aquela carga emocional era sufocante.
Sem perceber direito como, Yanin se viu sentada no carro da novata da equipe, a mesma pessoa que, semanas atrás, ela se recusava terminantemente a aceitar no time.
Virou o rosto para o lado, observando Nistha abrir a porta do motorista e entrar com um entusiasmo que contrastava com seu próprio cansaço. Mas quando percebeu que Nistha também a olhava, desviou o olhar rapidamente.
— Vou passar em algum lugar para comprar comida antes de te deixar em casa. Assim você descansa logo depois de comer — avisou Nistha.
— Dá pra pedir pelo telefone quando eu chegar... Não estou com energia pra procurar nada agora — respondeu Yanin, num tom preguiçoso. Ela então se afundou no banco e fechou os olhos — Mas ter alguém dirigindo por mim hoje não é uma má ideia...
— Sempre que não quiser dirigir, é só me avisar. Eu sou ótima nisso, te buscar e te levar...
— Sem problemas — respondeu Nistha, casualmente.
— Obrigada.
— Para de agradecer. Se precisar de qualquer coisa, é só falar.
— Você já me ajudou bastante, N'Vie. Algumas coisas... Se forem além das suas funções, acho que não são apropriadas — disse Yanin, tentando justificar — Te fazer dirigir pra mim, pagar comida ou café, essas coisas... Parece que estou te incomodando.
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Operação 13
Mystery / ThrillerA investigadora especial Yannin, líder da equipe de operações anti-violência, está lidando com uma situação inesperada e complicada, que inclui a chegada repentina de uma novata em sua equipe. Será que Yannin conseguirá lidar com essa reviravolta em...