Foi em uma tarde fria de inverno, que Dorothy esteve pela última vez ali, era o túmulo de seu amado amigo, ela já não podia mais acreditar no que estava vendo, a terra um pouco revirada, o cheiro de terra fresca, a umidade subindo por seus pés, sabia que algo de errado estava acontecendo, alguém revirou a cova? Será que ele estava vivo? Era impossível! Ela mesma acompanhou todo o enterro, por mais que não quisesse acreditar que ele partira daquela forma tão estranha, um enigma, ninguém sabia ao certo o que aconteceu com ele, mas ninguém se pronunciou e procurou saber o que realmente aconteceu.
Dorothy correu até sua casa, disse aos pais que algo estava errado, que alguém mexeu no túmulo do amigo, mas os pais dela disse que estava muito impressionada ainda com a perda, e que ela ia todos os dias lá, devia está cansada e vendo coisas, lhe proibiram de voltar lá e lhe obrigou voltar a frequentar a escola e suas atividades, como vazia todos os dias. Já se passaram duas semanas desde a morte de Natan, e Dorothy não saia de casa pra nada, além de ir visitar o túmulo do amigo.
Dorothy uma menina de poucos amigos, o verdadeiro e único amigo que teve em sua vida até agora foi Natan, que a morte tinha tirado dela, ela o amava como nunca amou ninguém, mas nunca se envolveram além de amizade, um erro que agora ela lhe culpava. Culpava-se por nunca ter dito a ele que o que sentia ia além de irmandade, além de amizade, era amor de homem e mulher, era um amor que não conseguia explicar, ia muito além dela, mas que agora não podia mais expressar, não havia mais chance, não havia mais tempo, ela o perdeu, e a dor era grande, um buraco havia crescido em seu peito, e agora era só ela ali, sozinha, sem ninguém no mundo que pudesse conversar com ela e lhe entender.
Dorothy não via os pais de Natan desde o enterro, sabia que tinha que ir consolar eles, mas até então não tinha condições nem de chegar na porta da casa dele que era de frente para a dela. Numa quarta-feira, desde que seus a obrigaram a voltar pra escola e a não ir mais ao cemitério onde ele havia sido enterrado, voltando da escola percebeu que estava aberta a janela onde era o quarto de Natan, então pensou se tudo já tinha sido retirado e doado para alguma instituição que a família dele ajudava, sentiu necessidade de está lá ao menos pela última vez, virou e foi em direção à porta da casa, mal tocou a companhia e ali estava de pé o que ainda restava de dona Scott, os pais de Natan estavam arrasados demais, o filho único, um menino amado por todos os familiares.
-Olá senhora Scott, me perdoe não vim aqui antes, eu sinto muito. Eu gostaria muito de pode ver o quarto do Natan, se a senhora me permitir.... Não conseguiu terminar a frase mal podia falar as lágrimas já estavam em seus olhos, então parou de falar, pois chorar ali seria mais sofrimento e dor.
-Oh! Minha querida venha entra, pode ir lá em cima, você sempre vai ser muito bem vinda a está casa, ela é sua também. Dizendo isso Dona Scott tomou Dorothy em seus braços em um longo e apertado abraço, ela podia ouvir soluços, quando se soltou foi mais que de pressa para o quarto, sem olhar para trás, não queria se deixar render as lágrimas não agora.
O quarto estava exatamente igual, as réplicas de carros antigos enfileirados em uma estante suspensa na parede, sua mesinha de estudos com o notebook, livros e mais livros em cima dela, os livros eram sua paixão, livros de ficção, terror, suspense e livros sobrenatural, sua cama impecavelmente arrumada, as vezes ela pensava se ele existia de verdade, era o único menino na idade deles que se preocupava em manter tudo muito organizado. Chegando perto da cama, ainda conseguia sentir aquele cheiro amadeirado do perfume dele, então Dorothy se jogou na cama agarrando um dos travesseiros, em meio às lágrimas que já não podia mais conter, lembrando de tudo o que viveu ali naquele quarto, tudo o que viveu ao lado da pessoa que ainda ela ama, se arrependendo amargamente de ser egoísta e medrosa ao ponto de esconder tudo o que sentia. Dorothy acabou caindo em um sono profundo, sonhando com todas as tardes de risos que tinham, lendo, encenando, inventando histórias, escutando músicas, falando de coisas sem sentido, falando de coisas sobrenaturais, sonhando com as noites de pijama acampamentos dentro do quarto, sonhando com todos os momentos felizes ali.
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As Lágrimas de Dorothy
РазноеO Amor tem limites? E se o seu grande amor esconder um grande segredo? Aceitaria se aventurar em um romance sobrenatural? Pelo Amor, estaria disposto a sacrificar aquilo que você mais quer? A pequena Dorothy está disposta a ir atrás do amor de...