Capítulo 1

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Acho que a encontramos, tem tudo o que procurávamos. Finalmente vamos dar início a uma nova etapa das nossas vidas.

Ivan: Gostaste?


Leonardo: Se gostei? Adorei, é perfeita.

Ivan: Também achei o mesmo, já viste bem esta vista?

Leonardo: É incrível.

Agente imobiliário: Fico feliz em saber que gostaram do apartamento.

Ivan: Adoramos mesmo, a nossa procura acabou, podemos começar a tratar da papelada.

Agente imobiliário: Ótimo, então eu amanhã ligo-lhe para marcarmos uma hora para nos reunirmos, pode ser?

Ivan: Sim, claro.

Leonardo: Vais ligar à mãe?


Ivan: Eu estava a pensar em fazer-lhe uma surpresa, comprar o apartamento, equipá-lo e quando estivesse tudo pronto, mostrávamos-lhe.

Leonardo: Acho que ela vai adorar a surpresa. - Ouvi o telemóvel do meu pai a tocar de dentro do bolso das suas calças, ele estava tão deslumbrado com a casa que nem se apercebeu que o telemóvel tocava. - Olha o telemóvel.


Ivan: Ah? ááh o telemóvel - Tirava-o do bolso. - É a tua mãe. Estou amor?


Jéssica: Iv... AAAI

Ivan: Jéssica o que se passa? Jéssica!!!


Jéssica: Estou com contráçõ.... AAAAAAH


Ivan: É o bebé? OMD é o bebé!!!

Leonardo: Pai, o que se passa? - É sem dúvidas o meu mano ou mana que vai nascer, e agora que faço?.

Jéssica: Vem ai Ivan.


Ivan: Vem ai, o bebê vem ai - dizia com lágrimas nos olhos.


Leonardo: Então vamos embora, estás à espera do quê?


Ivan: Sim vamos. Tem calma amor, respira fundo, como treinamos lembras-te? Nós já estamos a voar para ai, liga para uma ambulância, encontro-te no hospital.

Jéssica: Está bem amor, mas por favor tem calma eu fico à vossa espera no hospital, quero-vos aos dois do meu lado.


Leonardo: Anda lá pai, adeus Sr. não sei das quantas e obrigado pela disponibilidade.


Ivan: Não te preocupes meu amor, liga para a ambulância agora. Eu vou chegar ai o mais rápido possível, prometo, até já amo-te muito Jéssica!!

Agente imobiliário: De nada. - Confuso.


Jéssica: Eu também te amo muito e ao Leonardo também. - desligava.

Saímos do apartamento e descemos as escadas a correr, não tínhamos tempo para esperar pelo elevador, enquanto corríamos a garagem de uma extremidade à outra o meu pai berrava de felicidade, nunca o tinha visto tão feliz na vida.

Ivan: Não me acredito, o carro não liga.

Leonardo: Tem calma, tenta outra vez.

Ivan: Maldita hora em que decidimos vir hoje até tão longe para vermos a casa. Ligou!!


Leonardo: Não tinhas como saber que hoje o meu mano ia querer vir ao mundo, por isso relaxa, já estamos a caminho.

Ivan: Mano ou mana, ainda não sabemos.

Leonardo: Acho que vai ser um mano.

Ivan: Não sei não, sempre que íamos ver roupas para o bebé a tua mãe ficava a olhar para as roupinhas rosas, como se já soubesse o que ai vem.

Leonardo: Vocês não tinham dito que não queriam saber o sexo do bebé?

Ivan: E não quisemos mas a tua mãe apercebe-se disso, foi a mesma coisa contigo.

Leonardo: Também não quiseram saber o meu sexo?


Ivan: Não, queríamos que fosse surpresa, mas a tua mãe nem tentava disfarçar, estava sempre a dizer que ia ser um rapaz e tinha razão.

Leonardo: E quando a mãe entrou em trabalho de parto comigo tu ficaste assim tão entusiasmado também? - Não estava com ciúmes do bebé que ai vinha, apenas queria saber como foi para eles terem o primeiro filho.

Ivan: Quando foi contigo, tu não imaginas como eu estava nervoso. Eu não conseguia acreditar que ia ter um filho, só tinha 17 anos, e a tua mãe tinha a tua idade, éramos muito novos, não sabíamos nada da vida e tu vieste ensinar-nos bastante, foste uma dádiva nas nossas vidas.

Leonardo: Se eu estava feito, algumas coisas deviam saber.

Ivan: AHAHAH isso não se aprende, já nasce connosco Léo, ou se sabe ou não sabe.

Leonardo: E achas que eu não sei disso?


Ivan: Eu sei que és fino, mas tem cuidado, quero que vivas bastante antes de teres filhos.

Leonardo: Não te preocupes, tenho mais cabeça do que tu e a mãe.

Ivan: Espero que tenhas, com isto não quero dizer que ter-te em tão tenra idade tenha sido um erro, porque não foi, mas quero que vivas aquilo que não consegui viver, quero que sejas irresponsável, que cometas erros que aprendas com eles, quero que te tornes num homem com o tempo e não num abrir e fechar de olhos como eu me tornei.

Leonardo: Eu sei pai, fica descansado.

Ivan: Sabes que te amo mais do que possas imaginar, não sabes?


Leonardo: Sei pai, eu também te amo muito, mais que um pai és um melhor amigo para mim.

A viagem de regresso vai ser longa, tenho de arranjar maneira de relaxar.

Encostei a cabeça no banco e olhei pelo retrovisor do carro, como me tinha esquecido do telemóvel em casa, a única coisa que podia fazer era olhar para os carros que vinham ao lado do nosso e ver o camião que ia a fazer pequenos zig-zags atrás de nós. Passado poucos segundos fechei os olhos para tentar imaginar como iria ser a nossa vida no futuro e assim fiquei uns bons minutos, até que voltei à realidade com uma pergunta do meu pai.

Ivan: O que é que aquele palhaço está a fazer?


Leonardo: O quê?


Ivan: Aquele palhaço que vem a conduzir o camião vem a mudar de faixa sem dar sinal e está ao zig-zags.

Leonardo: Ah sim, já tinha reparado nele há pouco, estranho.

Segundos depois de eu falar, o camião acelerava descontroladamente e batia com toda a força na traseira do nosso carro, o meu pai perdeu o controlo sobre o carro, e andamos cerca de 100 metros a derrapar na autoestrada, não consegui perceber o que tinha acabado de acontecer, mas quando pensei que o pior já tinha passado, vejo um carro na nossa direcção a tentar não embater em nós, mas a colisão era inevitável e este acaba por nos fazer capotar.

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