Capítulo 04

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Acordei com o negro entrando, e agora estava encapuzado, dentro de um carro, indo para outro cativeiro. Como ele sabia das garotas? Ou da minha paixão por sorvete? Quem era ele?

Cuidado, pensei, você já causou isso tudo impedindo o Amintas de te defender, não misture tudo. Bandido, sequestrador, ele era isso, só um bandido, um marginal. Não estava batendo uma, aquilo era real.

O carro para, e ele manda o tal sujeito do volante ver se está tudo bem.

- Chegamos, aqui vai ser melhor para você, tem até banheiro no teu quarto, vamos sair com calma e continue quieto, está certo?

- Onde estamos?

- Shhh, quietinho, você está amordaçado, lembra?

- Tudo bem, pode trazer o principezinho - ouvi, e ele educadamente me ajudou a sair do carro, me ajudou a andar, me orientou sobre uns degraus, e logo ouvi uma porta fechando, e fiquei ali em pé, sem saber se já podia falar.

Em poucos minutos, ouvi a porta abrindo, meu capuz foi tirado e vi um quarto pequeno e simples, com uma cama, e podia ver também um banheiro.

Mas podia principalmente vê-lo, e ver seus olhos que me olhavam como se esperassem minha aprovação.

- Obrigado, bem melhor mesmo.

- É eu também achei, agora você vai falar com teu pai, está bem?

Balancei a cabeça nervoso, ele soltou minhas mãos, e me entregou um celular.

- Pode ligar - ele disse, e disquei o número da minha casa.

- Quem é? Quero falar com meu filho! - escutei a voz dele.

- Pai, sou eu.

- Filho - ouvi sua voz nervosa. - Filho, desculpa, não te protegi direito, filho, me desculpa, ele machucaram você? Meu filho, como você está?

- Pai estou bem, de verdade, por favor não foi tua culpa, não fique assim, pai

Ele tirou o celular, educadamente de minha mão e o colocou alguma coisa na frente do celular que não vi direito, mas entendi que era para disfarçar a voz, e falou com o pai.

- Muito bem, já falou com ele, vou ligar amanhã lhe dando as coordenadas para a entrega do dinheiro, e nenhuma graça, doutor, ou teu filho morre, isso está claro? - e ele piscou para mim, como se estivéssemos enganando o pai.

- Me deixe falar com ele - o pai disse.

- Já falou, CALA A BOCA MOLEQUE - ele disse alto olhando para mim. Não entendi quando ele me cutucou com força, e disse ai. Ele colocou o celular perto de minha boca, e bateu a mão na própria mão, como se fosse um tapa, e ouvi meu pai gritando.

- Não o machuque, não faça isso, eu pago o que quiser, já falei. Pare!

Ele demorou um pouco para falar ao telefone e ouvi meu pai o chamando.

- Teu filho é muito mal educado, precisou de um corretivo. Bom, doutor, ligo amanhã.

- Espera, eu lhe suplico - ainda ouvi meu pai dizer antes dele desligar o celular.

- Você está se divertindo não é? - disse triste, imaginando o sofrimento do pai.

- Só um pouquinho, mas conheço jeitos melhores de me divertir - ele disse chegando perto, e me afastei assustado. - Você está certo, está mesmo na hora de deixar você sozinho um pouco.

O Refém (livro gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora