Acordei com ele trazendo o suco e o pão, que deixou na cama para sair em seguida.
Comi e estava deitado tentando me esquentar quando escutei vozes, várias vozes, estranho, pois eles eram só os dois, eu pensei, mas podia ouvir uns quatro ou cinco falando. Lembrei do dia que me pegaram, eles eram quatro. Algum tempo depois, silêncio de novo, e ficou assim muito tempo. Sentia fome, mas muito tempo ainda se passou até que ele entrou, deixa o marmitex e o copo de água em cima da cama, e ficou em pé me esperando comer, para depois sair. Não disse uma única palavra.
Outro dia se passou e percebi que devia ser de noite, mas ele não entrou trazendo nada para eu comer, e dormi com fome, outra novidade na minha vida.
Acordei com ele mexendo em meus cabelos.
- Oi, estou com fome - disse logo que vi que era ele.
- Eu imaginei, lava teu rosto e tua boca - ele disse me vendo levantar, e também aproveitei para urinar e vi que ele não tirava os olhos de mim
- Preciso que feche seus olhos, não vou te vendar, mas se abrir os olhos...
- Não abro - disse e fechei meus olhos, ele colocou o cobertor em minhas costas, me guiou e andamos um pouco. Desci uma escada, passei por algum lugar que tive que abaixar, e logo ele disse que podia abrir os olhos, e estávamos em um quintal cercado de muros.
- Onde estamos? - perguntei vendo uma mesa de bar daquelas de metal com duas cadeiras, uma caixinha do McDonald's, um copo grande de coca, e também um saco grande de batatas fritas. Comecei a comer e ofereci para ele que pega uma batatas, e deu um gole na minha coca. Ele fez isso só levantando um pouco o capuz.
- Por que estamos aqui? É tarde, não é?
- Quase duas - ele disse e toda hora olhava para o céu.
Acabei de comer e ficamos dividindo as batatinhas fritas.
- Olha, começou - ele disse apontando o céu, e vi uma estrela cadente e logo outra.
- Que lindo - disse quando ouvi o som de uma latinha sendo aberta, ele abriu duas cervejas e me ofereceu uma. - Bom, está geladinha digo satisfeito.
- Está com frio? - Ele perguntou.
- Um pouquinho sim.
- Toma - ele disse me oferecendo seu casaco.
- E você?
- Estou bem, pode usar.
- Quentinho obrigado - disse enquanto ele ainda colocava o cobertor em meus ombros, mas pegou uma parte dele, pôs em suas costas, e ficamos bebendo a cerveja, comendo as batatas, e olhando o céu.
- Estive uma vez no deserto, quando fui em Bagdá, e vi umas duas estrelas cadentes - eu disse. - Hoje tem dezenas. Como isso é lindo! A terra deve estar passando pela cauda de algum cometa.
- Está sim, avisaram na TV que ia acontecer. - ele disse. - O que fazia lá?
- Estava com o pai fechando uma transação de petróleo com um sujeito meio terrorista. Se pensa que somos ricos, você não viu nada! Aquilo é ser rico. Visitamos uns três ou quatro palácios dele, nunca vi tanto ouro, tanta jóia, chegava a ser feio, tanta ostentação. Comentei que tinha curiosidade sobre os acampamentos no deserto e ele mandou que me levassem em um. Que loucura, no meio do nada, eles montam uma tenda enorme, toda coberta de tapetes maravilhosos, almofadas enormes, os talheres e pratos são todos de ouro, com cabos de marfim e pedras preciosas. Precisa ver o café da manhã!
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O Refém (livro gay)
RomanceMinha vida virou de cabeça para baixo quando fui sequestrado. Meu pai é um empresário de renome, que ganha muito dinheiro, e sempre fui obrigado a andar com um monte de seguranças. Mas naquele dia não adiantou. Estava na sorveteria quando eles chega...