AVISO: read authors note no final plz
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O meu primeiro instinto foi baixar-me para ver se era possível sentir o pulso dela. A sua cara tinha pequenos arranhões, e o seu antebraço, aquele que há pouco eu tinha descoberto, tinha agora raspões que cobriam as marcas da agulha. A culpa de tudo isto era minha, devia ter-lhe dado o dinheiro para o que ela queria ou tê-la obrigado a ir comigo a um café comer qualquer coisa. Sentia um peso enorme sob os meus ombros, o que fazia com que a minha preocupação redobrasse.
Coloquei a minha mão numa das artérias visíveis no seu pescoço pálido e tentei concentrar-me em encontrar o batimento. Demorou-me alguns segundos a encontrar um batimento fraco e irregular que o seu coração frágil produzia. Uma sensação de alívio percorreu a minha espinha, mas esse sentimento desapareceu rapidamente, quando me apercebi que ela poderia não aguentar muito mais tempo. Apressei-me a ligar para o 112, para mandarem uma ambulância o mais rápido possível.
Depois de dar as indicações da minha rua ao médico do outro lado da linha, olhei em volta, deparando-me com uma multidão à volta do carro que batera na minha menina. Tinha-me esquecido completamente de verificar se o condutor estava bem, aliás, a culpa do acidente nem fora dele. Olhei mais uma vez para a rapariga deitada a meus pés, pensando se a havia de deixar ou não.
Foi o homem que saiu do carro do vidro estilhaçado que me fez decidir que não a deixaria ali sozinha. Se o senhor estava bem, cabia-me a mim cuidar da rapariga frágil e instável que tinha ao pé de mim.
Afastei do chão os vidros com cuidado, abrindo um pequeno espaço no alcatrão escuro, onde me sentei. Peguei cuidadosamente na cabeça da rapariga de quem eu ainda não sabia o nome e coloquei-a a meu colo. Também à minha volta se formara uma pequena meia-lua de moradores curiosos da zona. Parte de mim tentava protegê-la dos olhares que a julgavam, mas eu não podia fazer nada em relação a isso.
Já tinham passado quase 20 minutos desde o acidente quando a ambulância chegou. Tinha passado esse tempo todo a verificar regularmente se ela continuava a respirar. Os paramédicos afastaram-me de ao pé dela e eu deixei-os a fazer o seu trabalho. O telemóvel vibrava no meu bolso. Tirei-o para ver quem era. "Luke", dizia na tela. Carreguei no botão vermelho e desliguei a chamada. De maneira nenhuma iria para uma festa naquela noite.
Voltei a focar a minha atenção a rapariga que era transportada para dentro da ambulância. Um dos polícias que estava no local revistava o seu corpo, provavelmente à procura de drogas. Aproximei-me dele, prendendo os meus olhos nos movimentos das suas mãos.
"Sabe que não pode passar da linha?" disse, apontando para uma fita amarela que fora colocada à volta do perímetro do acidente sem eu reparar. Olhei em volta e realmente não se encontrava ninguém junto à ambulância que não fosse paramédico ou polícia.
"Desculpe, mas eu estou com ela." o polícia parou de a revistar. Os seus olhos percorreram atentamente o meu corpo e depois o corpo dela, que já se encontrava rodeado de paramédicos de novo, que lhe colocavam a máscara de oxigénio e lhe injetavam um líquido claro no braço. O homem parecia não conseguir estabelecer qualquer tipo de relação entre nós os dois (não que tivéssemos uma), e continuou a olhar para mim num modo confuso, antes de abrir a boca para falar.
"Espero não incomodar, mas vou ter que o revistar."
"Posso perguntar porquê?" não estava a conseguir perceber o porquê da necessidade de me revistar.
"Foram encontrados narcóticos dentro da caixa de ar da guitarra que a senhora trazia consigo quando foi atropelada." virou-se ligeiramente de lado, permitindo-me ver na mala de uma das carrinhas da polícia um saco transparente com bocados da guitarra lá dentro. Ao lado, um outro saco mais pequeno com um pó branco, que eu deduzi ser a droga que ela tinha consigo. Em que é que eu me fui meter, era só o que eu conseguia pensar naquele momento. "Como pode ver, isto é um caso que agora pertence ao nosso departamento."
Levantei os braços em sinal de rendição, permitindo ao polícia revistar o meu corpo. Obviamente não ia encontrar nada, eu nunca consumira drogas na vida, quanto mais vender. As suas mãos pararam no meu bolso direito. Por milésimos de segundo passou-me pela cabeça que a rapariga me tivesse posto um dos saquinhos no bolso para me incriminar de qualquer forma, mas depois cheguei à conclusão de que era altamente improvável que tal coisa acontecesse. Meteu a mão no meu bolso, retirando de dentro dele um saquinho com rebuçados de café que eu tinha comprado à hora de almoço.
"Vejo que não tem nada ilegal consigo." constatou o óbvio, devolvendo-me o saco.
Colocou as algemas à volta do pulso da rapariga e de seguida à volta de um dos suportes da maca, não havia de uma rapariga inconsciente e cheia de hematomas ser muito perigosa e fugir.
"Está pronta para ir." o polícia informou um dos enfermeiros da ambulância.
"Está com ela?" o enfermeiro perguntou.
Presumi que a pergunta do enfermeiro não era dirigida a mim, pelo que me virei para trás para ver quem seria o possível acompanhante da rapariga. Como não vi ninguém, voltei a virar-me de frente para a ambulância, onde o enfermeiro aguardava pela minha resposta impacientemente. Pensei por breves momentos na resposta que daria, e acabei por me decidir, respondendo afirmativamente.
"Sim." um dos outros paramédicos estendeu-me a mão, puxando-me para dentro do veículo e fechando de seguida as portas atrás de mim.
A primeira parte da viagem foi um pouco agitada, os dois paramédicos que se encontravam junto da maca tentavam estabilizar o batimento da rapariga e estancar algumas das feridas.
Percorri com olhar o corpo dela pela milésima vez naquele dia, em busca de alguma coisa que me pudesse indicar quem ela era. Fixei-me nas suas botas pretas e pesadas, nas pernas descobertas, na mini-saia de ganga que trazia vestida, na sweat coçada que lhe aquecia o corpo. Nada. Decidi olhar mais atentamente para a cara dela. Ela não me parecia familiar.
Mas houve uma pequena mancha atrás da orelha que me chamou à atenção. Desviei uma mecha do seu cabelo preto, de modo a deixar a mancha preta à vista. Tatuado em letras pequenas, estava escrito 'Saffron'. Voltei a tapá-la com os seus cabelos, recostando-me de seguida no banco da ambulância.
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hey :)) espero mesmo que estejam a gostar da historia
por favor comentem e votem, isso motiva-me imenso a escrever porque assim sei as vossas opiniões e se estão a gostar ou não
por isso (im so sorry eu sei q n devia fazer isto) so vou publicar o capítulo 4 qnd tiver pelo menos 20 votos na fic eu sei que nao e muito, m e assim q se começa (espero mm que n levem a mal)
ly <3-triz x
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homeless {a.i.}
Fiksi PenggemarTalvez até seria uma rapariga simpática por detrás daquelas toxinas todas que circulavam no seu sangue. Antes de me ir embora, aproximei-me de novo dela, conseguindo da parte dela mais um olhar desdenhoso. Estendi-lhe a minha mão e simplesmente diss...