Verifiquei as horas ao sair do hospital. O relógio marcava 23:57. Não tinha dado conta de o tempo ter passado assim tão rapidamente, não contava chegar a casa àquelas horas.
Estava ainda a tentar assimilar todos os acontecimentos do dia. Eu sou conhecido por ser uma pessoa perfeitamente equilibrada, no entanto tudo o que eu tinha feito hoje não fazia o mínimo sentido. Revendo os acontecimentos de uma forma bastante resumida, o que aconteceu foi 1. quis ajudar uma rapariga que vi na rua a tocar uma música que eu conhecia 2. ela não quis e eu insisti 3. ela acabou por ter um acidente por eu ter recusado a comprar-lhe droga 4. passei 9 horas no hospital para me certificar de que ela estava bem, e acabei por ser atingido por um namorado raivoso do qual eu não sabia da existência.
Ao pensar nisto tudo no caminho para casa, cada vez fazia menos sentido. Afinal tinha sido mesmo eu que me metera nesta situação, que me forçara a ajudá-la, que até quis ajudá-la. Realmente ela até tinha razão, eu é que tinha necessidade de a ajudar.
Ao deitar-me tentei esquecer tudo como me tinha dito a mim mesmo à saída do hospital. Não ia ser apenas um dia que ia ficar para sempre gravado na minha memória.
***
2 semanas depois
"Hey, Luke, passa-me aí mais uma cerveja." pedi.
"Pede uma também para mim, amor." Holly encostou a sua boca ao meu ouvido e colocou a mão na parte de trás do meu pescoço, entrelaçando de seguida os seus longos dedos no meu cabelo.
"Luke, mais uma para a Holly." Luke fez um gesto com o braço, assentindo e dirigindo-se para o bar para buscar bebidas.
Olhei em volta. O bar estava particularmente vazio naquela noite. Apenas eu e os meus amigos e mais umas quantas pessoas junto ao balcão. A nossa mesa de 6 estava agora só ocupada por duas pessoas; Luke tinha ido buscar as bebidas para todos, Anabelle tinha ido à casa de banho, Michael e Calum entretiam-se a jogar bilhar numa das meses que o bar tinha adquirido há pouco tempo. Sobrávamos eu e Holly.
Puxei-a para o meu colo, colocando os meus braços à volta da sua cintura. Ela sorriu para mim e juntou uma das suas mãos com as minhas.
"Então, as bebidas ainda não chegaram?" Michael puxou uma cadeira para si e sentou-se a meu lado, seguido por Calum.
"Vez alguma coisa em cima da mesa?" questionei.
"Por acaso sim." Luke pousou quatro cervejas e duas bebidas coloridas que eu não sabia o que eram, eu não costumo beber coisas estranhas. "A Anabelle?"
"Foi só à casa de banho." Holly respondeu a Luke.
"Espero que a tua irmanzinha não tenha decidido comer um gajo qualquer, ela tem aqui pelo menos um que se voluntaria." Calum riu-se depois da sua maravilhosa contestação, levando depois com a mão de Luke na cabeça.
Anabelle era a irmã gémea de Luke. Sinceramente nunca vi irmãos tão unidos como eles os dois. Gostava de ter uma irmã ou um irmão como a dele, mas depois de o meu pai partir a minha mãe só voltou a arranjar alguém quando já não estava na altura ideal para ter filhos. Anabelle chegou pouco tempo depois, juntando-se a nós.
A noite passou rapidamente com conversas muito produtivas da nossa parte. Falámos mal de cada um dos nossos professores da faculdade, depois passámos para tinta do cabelo, comparando o vermelho do cabelo da professora Steele com o vermelho do cabelo do Michael, acabando por falar de peidos, que por acaso é um dos assuntos mais discutidos no nosso grupo. Nunca consegui desvendar esse mistério, foi uma coisa que sempre me chateou a cabeça, não saber por que raio gostávamos nós tanto de falar de peidos.
Nenhum de nós se embebedou nessa noite, no dia seguinte tínhamos exame e não nos podíamos dar ao luxo de chumbar numa cadeira.
Saímos do bar e entrei com Holly no seu carro. Ela ligou-o e permanecemos eu silêncio durante uns segundos, antes de ela ligar o rádio numa estação qualquer. Tenho que admitir que apesar de gostar muito de Holly, o seu gosto de música era deplorável. Mesmo muito mau. Eu não sei se aquilo que ela ouvia se podia chamar música, só sei que me soava a sons estranhos produzidos numa sequência básica e completamente aborrecida e repetitiva.
A minha casa não ficava a mais de 15 minutos do bar, pelo que chegámos relativamente depressa. Dei um beijo de boa noite a Holly e sai do carro, acenando até perder o carro de vista na escuridão das ruas da cidade.
1 da manhã, marcava o meu relógio. Acertei o despertador para as 6:30, porque às sextas-feiras trocava o turno do estúdio para poder ter aulas de manhã. Caminhei vagarosamente até à cozinha, à procura de alguma coisa no frigorífico que fosse bom para comer a meio da noite. Decidi-me por uma fatia de presunto que devia ter uns dois meses, mas presunto é presunto, é sempre bem-vindo.
Sentei-me no sofá com um dos enormes livros que era preciso decorar para o exame do dia seguinte. Andávamos todos na mesma Universidade, mas frequentávamos Faculdades diferentes, por isso a época de exames era na mesma altura. Todos menos Holly, que acabara o secundário e decidira ser modelo freelance.
A campainha a tocar repentinamente fez-me poisar os livros e levantar-me do sofá. Talvez Holly se tivesse esquecido de alguma coisa em minha casa, ou talvez se tivesse decidido a passar a noite comigo. Mas depois ocorreu-me que ela se fora embora à mais de meia-hora, por isso era pouco provável que ela só aparecesse tanto tempo depois.
A campainha continuava a tocar freneticamente. Carreguei no botão que abria a porta de baixo e abri a porta de casa, para ver quem era. O meu vizinho da frente, de roupão e pantufas, também saira de casa.
"Também tocaram à sua campainha?" perguntou no meio de um bocejo.
"Sim, algumas vezes." achei estranho estar alguém as 2 da manhã a bater nas campainhas das pessoas. Para além de estranho, uma falta de respeito. "Pode voltar para dentro, eu vejo quem é."
O meu vizinho voltou para dentro a resmungar por o terem acordado a meio da noite, a história do costume. Ouvi passos e uma respiração abafada ao longo das escadas. Encostei a porta e fiquei ali, em pé, à espera de ver quem tinha tido a feliz ideia de tocar o raio das campainhas às não-sei-quantas da matina.
E então vi quem era. As botas pretas, as pernas brancas e magras agora com hematomas, uma cara pálida de olhos vazios emoldurada pelo longo cabelo negro.
"Saffron?"
***
:-:-: palavras 1142 :-:-:
***
hi again :)
eu sei que este capitulo foi mais pequeno do que o outro mas espero que tenham gostado pq eu estou mm a adorar a escrever
e btw ALGUEM ME EXPLIQUE O QUE FOI AQUELE VIDEO DO ASH COM O CHAPEU morri meu deus
nao se esqueçam de deixar as vossas opiniões (se quiserem claro) e de votar (tambem so se quiserem) :))
ly S2-triz x

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homeless {a.i.}
FanfictionTalvez até seria uma rapariga simpática por detrás daquelas toxinas todas que circulavam no seu sangue. Antes de me ir embora, aproximei-me de novo dela, conseguindo da parte dela mais um olhar desdenhoso. Estendi-lhe a minha mão e simplesmente diss...