Capítulo 2 - Corajosa, mas com medo

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1995

Logo que chegamos em casa e papai trancou a porta eu o surpreendi com um abraço apertado.

- O que foi filha? - ele correspondeu o abraço. - É tanta saudade assim?

Eu não respondi. Percebendo que havia algo errado papai me conduziu até a sala e se sentou em uma das poltronas e me aconchegou em seu colo.

- Qual é o problema? - perguntou.

- Dumbledore disse que o Cedrico foi morto pelo Voldemort - eu falei sem olhar pra ele. - É verdade que ele voltou?

Papai aconchegou minha cabeça sobre seu peito e me segurou firme com as duas mãos.

- Sim, é verdade - respondeu.

- E o que vai acontecer agora? - perguntei.

- Alguns bruxos e bruxas vão cuidar para que tudo fique bem. Estamos restaurando a Ordem da Fênix. E o nosso objetivo é antecipar o que Voldemort pretende e impedir que ele consiga.

- Essa, Ordem da Fênix, já existiu?

- Sim, na primeira guerra. E assim como agora também fiz parte dela.

- O Ministério da Magia vai ajudar vocês?

- Por enquanto não.

- Por quê?

- Eles não acreditam que Voldemort tenha realmente voltado.

- Mas ele voltou mesmo?

- Infelizmente não tenho motivos para duvidar disso, filha.

- Tenha cuidado - pela primeira vez desde que tinha entrado em casa nossos olhos se encontraram.

Como das outras vezes que olhei nos olhos de papai tive a impressão de estar olhando meus próprios olhos no espelho.

- Não se preocupe Lana.

- Eu não conseguiria viver sem você pai.

Papai me abraçou com firmeza e me deu um beijo sobre a cabeça. Algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto e tive a impressão que pelo dele também. Depois de um tempo eu olhei para ele e sorri recebendo seu sorriso de volta.

- Eu te amo pai.

- Também amo você filha.

Ele limpou as lágrimas do meu rosto e eu acariciei o dele percebendo que estava úmido e confirmando minha suspeita de que ele também havia chorado.

*
Uma das coisas que eu passei a fazer sempre que estava em casa com papai era cozinhar, ou pelo menos ajudá-lo enquanto fazia isso. Tão bom quanto ajudar a preparar era comer. Longe de parecer com os banquetes que tínhamos em Hogwarts, a comida caseira, no entanto, tinha uma mágica reconfortante.

- Ficou bom? - perguntou papai enquanto comíamos.

- Sempre, pai - sorri para ele.

Ele sorriu de volta.

- Hum, - papai terminou de engolir o que estava mastigando - antes de ir para a casa da sua mãe, vou te levar aonde eu vou morar.

- E aonde é pai?

- Não vou poder te falar. Algumas proteções estão sendo colocadas na casa e tão logo tudo esteja pronto, o fiel do segredo é quem vai dizer a você. Tenho quase certeza que será Dumbledore.

- Fiel do segredo?

- É, usando o feitiço fidelius, um encantamento extremamente complexo que pode se esconder um segredo no íntimo da pessoa, sendo impossível de retirar o segredo da mesma, a menos que ela queira.

- Nossa, legal! - achei genial o feitiço.

- Você se lembra daquele meu amigo Sirius Black, de quem eu te falei?

- Lembro.

- Finalmente vocês irão se conhecer. Ele vai ficar escondido lá já que ainda é procurado por ter fugido de Azkaban.

-Mal posso esperar - eu sorri.

- Além dele, os membros da Ordem da Fênix vão passar por lá antes e depois das suas rondas e terão lugar para comer e dormir se quiserem. Também faremos nossas reuniões e a família Weasley deve se hospedar lá até as aulas em Hogwarts começarem. Você conhece os filhos deles, não?

- Sim. Converso muito com a Ginny e já conversei com o Rony também. Os gêmeos só conheço de vista.

- Bom, eles devem estar por lá, junto com os pais Arthur e Molly e talvez outros dos filhos mais velhos deles apareçam.

- Mas todo mundo já vai pra lá?

- Na verdade não sei. Só vamos descobrir quando chegarmos.

- Estou ansiosa para esse dia chegar!

Papai sorriu.

*
A noite, no entanto, foi tudo menos tranquila. Acordei muito assustada depois de um sonho em que todos haviam desaparecido e eu ficara completamente sozinha. Levantei e saí andando pela casa. Imaginei que papai estaria dormindo, mas vi que estava errada quando percebi uma luz vinda de dentro do quarto dele pela porta entreaberta. Andei até lá e entrei.

- Papai - chamei ao vê-lo sentado na cama, já debaixo dos cobertores, lendo um livro.

- Lana, está tudo bem? - papai colocou o livro sobre a mesinha de cabeceira ao lado do pequeno lampião que clareava o quarto.

Eu me aproximei e subi na cama.

- Tive um pesadelo - me aconcheguei sobre o peito dele e ele me abraçou.

- Com o que você sonhou?

- Que todo mundo tinha desaparecido e eu fiquei sozinha.

- Oh, filha. A volta do Voldemort mexeu mesmo com você, não é?

Acenei positivamente com a cabeça.

- Mexeu com todos nós, na verdade - papai me deu um beijo sobre a cabeça. - Tente não pensar muito sobre isso, okay? Eu cuido de você.

Sorri para papai e ele sorriu de volta.

- Posso dormir aqui com você?

Papai me olhou pensando na resposta. - Pode - disse ele por fim.

Eu o abracei e ele me beijou novamente sobre os cabelos. Como a cama de casal já era grande o suficiente para nós dois, tudo o que papai teve que fazer para me acomodar foi conjurar um feitiço trazendo meu cobertor e meu travesseiro do meu quarto até ali. Depois que eu me aconcheguei ele pegou novamente o livro que estava lendo.

- Sobre o que é, pai? - perguntei curiosa.

- Antigos rituais mágicos.

- Interessante - comentei. - Algum problema se eu ler com você?

- Fique à vontade.

Não sei se papai havia dito aquilo porque não havia problema se eu lesse o livro, ou se era porque ele já sabia o que iria acontecer. Antes que ele virasse duas páginas eu já estava dormindo. Profundamente. E dessa vez, sem pesadelos.

***
E então? Ansiosos para voltar à Ordem da Fênix! Em breve estarei por lá!
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Livro 3 - O Retorno da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora