Prisioneiro

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- Olha, eu não queria ter que fazer tudo isso. – disse Sanjay me levando até o calabouço.

-HUUUUUUM – esganiçava com a voz abafada ainda amordaçado.

Estávamos passando por corredores feitos de pedras lascadas, todas pretas com detalhes azuis e verdes, muito bonitas. Talvez poderia apreciar mais se não estivesse amarrado a uma cadeira de rodas (de madeira) e amordaçado como se fosse um cachorro com raiva ou algo do tipo.

- HUUUUUUM – continuava reclamando com a voz abafada.

Sanjay parou de levar minha cadeira até o calabouço parando no meio de um corredor, na frente conseguia ver uma escada gigante, tão grande que não parecia ter mais fim.

- Desculpe. Mas a rainha manda... – Sanjay disse com a voz triste, como se estivesse chateado. – Não queria lhe levar dessa maneira.

Ele se ajoelhou no chão, em frente a cadeira e começou a desabotoar a mordaça.

- Você não é diferente deles... olha o que está fazendo comigo. – disse a Sanjay irritado. – Se realmente não quisesse, você me libertaria.

- Mas isso seria traição. – reclamou Sanjay enquanto retirava minhas correntes.

- O que está fazendo? – perguntei a Sanjay curioso. – Irá me liberta?

Sanjay me olhou com uma cara de quem como estivesse com medo de dar a resposta.

- Não, não... eu vou te levar nos braços. Não tem como descer a escada com você amarrado em uma cadeira. – respondeu Sanjay.

Realmente não tinha, a escada de pedras era em formato de L, e não tinha nenhuma rampa para deficientes físicos ou algo do tipo, nenhum Cordion devia ter problemas físicos, se tivessem com certeza não deveriam ser presos.

- O Que vai fazer então? – perguntei de besta, era meio obvio.

- Vou leva-lo nos meus braços. – respondeu Sanjay com um sorriso no rosto.

Já imaginava. Sanjay então sem dizer muitas palavras me colocou em seus braços deixando a cadeira as correntes e a amordaça para traz. Quando começou a descer as escadas conseguir observar que a escada levava até um buraco gigantesco na parede. Dentro dele havia somente escuridão, não conseguia observa se conseguia ver Ruby ou até mesmo Josh de quem sentia uma enorme falta.

- Realmente me desculpe. – Sanjay pediu novamente desculpas.

- Não posso lhe desculpar. – respondi com um tom de raiva.

Ele fez uma cara triste e permaneceu me levando até o fim da escada, porém quanto mais descíamos mais a escada parecia que se multiplicava e os degraus parecia que não tinham fim.

- Olha, não entendo vocês...- comecei a dizer. – Vocês falam de traição à o rei é uma coisa muito séria, mas quem é o rei para dizer o que é certo ou errado?

Sanjay permaneceu calado e me levando escada a baixo.

- Como pode falar assim... o rei é a pessoa que decidi nossas vidas, a pessoa a quem depositamos toda nossa confiança.

- Acha realmente que são tão incapazes de viver sem um rei? – perguntei.

- Já vivemos sem rei por uma geração, eu não era nascido. Mas a situação não foi das melhores... – começou a contar Sanjay.

- O Que houve? – perguntei a Sanjay curioso.

- Chegamos! – exclamou Sanjay.

Havíamos chegado a uma espécie de calabouço um pouco diferente das que eu sempre imaginei. Parecia muito com a caverna que eu e Ruby aviamos passado, eram várias celas uma do lado da outra com grades de ferro vermelhas, eram no total cinco ou seis celas, a última do canto não dava para enxergar direito. Sanjay me colocou no canto no chão perto da primeira cela, tentei me levantar e correr, porém a minha perna ainda estava dormente.

- Não fuja. - ordenou Sanjay.

Não respondi nada, apenas fiquei lhe encarando com uma cara de raiva.

Ele então retirou do bolso esquerdo uma espécie de chave, parecia um pouco com a mesma chave que o bastão de Ruby havia se transformado.

- É aqui que vou ficar? – perguntei ainda nervoso.

- Sim, e não grite se não irão mandar amordaça-lo novamente... ou pior... – alertou Sanjay preocupado.

- Pior como? – perguntei disfarçando minha preocupação.

- Poderão mandar corta a sua língua. – disse Sanjay com a voz esganiçada.

Fiquei assustado, porém não podia esconder minha raiva. Estava mais nervoso do que nunca, sentia meu sangue ferver e bombardear meu coração que já estava acelerado a mais de mil.

- Que corte então. – retruquei aborrecido.

Sanjay ficou calado em relação a minha resposta, veio se aproximando até mim lentamente me segurou em seus braços e me levou até a segunda cela que aparentemente estava vazia.

- Ira ficar bem aqui. – disse Sanjay com um sorriso meia boca no rosto.

- Não posso me sentir bem preso.

Sanjay mais uma vez ficou em silencio. Sanjay parecia ser uma boa pessoa, porém assim como as outras pessoas era manipulado pelo governo, neste caso pela realeza. Conhecia muitas pessoas assim, na escola que estudo ninguém tem pulso firme de enfrentar e expor seus ideais e seus interesses, eu também era assim. Abaixava a cabeça para todos. Nunca havia percebido que não devemos ter medo de fazer nossas próprias escolhas, porém quando apoiamos algo que está errado, mesmo se somos forçados, estamos errados da mesma maneira e o prejuízo será tão grande ou pior, não importa estamos fazendo de maneira forçada ou não do mesmo jeito sou tão culpado quanto. Dessa maneira devo pagar pelos meus atos e responder pelos meus erros.

Sanjay me colocou na cela e a fechou, após isso começou a dar passos caminhando lentamente deixando claro de que estava indo embora.

- Sanjay. – o chamei disfarçando minha raiva. – Você pode não estar traindo o rei, mas está traindo Ruby, e pior do que isso... está traindo a si próprio.

Sanjay não respondeu nada, se retirou lentamente e voltou a subir as escadas que pareciam está mudando de cor.

- Que bosta. – disse baixinho para mim mesmo.

Ouvi um barulho vindo de traz da cela, parecia pequenos passos como se fosse uma pequena pessoa.

- Ruby? – perguntei assustado. – É você que está aí?

Ninguém respondeu, as pisadas se acalmaram. Só havia escuridão no fundo da caverna, comecei a me aproximar lentamente na tentativa de ver o que, ou quem poderia ser.

Aponte para o Desconhecido: O Duelo das Espadas Vermelhas. (Em Breve Trailer)Onde histórias criam vida. Descubra agora