•~# capitulo 16 #~•

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Naquela noite entrei em meu dormitório, ainda sentindo aquele calor em meu peito e aquela sensação de nostalgia que inundava todo o meu corpo, era como se aquele sentimento não pertencesse a mim, mas sim a outra pessoa. Corri até o banheiro, parei em frente ao espelho e enchi minha mão de água, jogando líquido gelado contra meu rosto. Eu precisa lembrar que estava no meu corpo, que eu estava viva e que estava ali, meu cérebro parecia ter se esquecido disso, mas eu precisava lembrá-lo

Pensei em ir para o jantar, porém a fome não veio, meu estômago estava vazio, mas eu não tinha a mínima vontade de comer. Apenas vesti meu pijama e deixei meu corpo caí sobre o colchão. Aquilo devia ser cansaço, eu só precisava dormir um pouco para que aquilo passasse, uma boa noite de descanso resolveria tudo, era nisso que eu acreditava.

Meus olhos pousaram sobre a cama de Luiza, estava uma bagunça, o lençol no chão e a colcha completamente desarrumada, pelo visto ela saiu as pressas, ao julgar pela sua aparência sonolenta de hoje mais cedo, a mesmo provavelmente passou uma boa parte do dia dormindo, acho que só se levantou para jantar e ir ao banheiro.

— Dorme Sn!— Acerto um forte tapa em meu rosto e encaro o teto fixamente, enquanto sinto a ardência em minha bochecha, acho que estou enlouquecendo...

Me virei de lado e fechei os olhos depois que um bocejo surgiu do fundo da minha alma, era como se todo o sono presente em meu corpo tivesse decidido aparecer de uma vez, minha cabeça começou a girar, o quarto todo parecia está rodando, me senti tonta, um calafrio percorreu meu corpo dos pés a cabeça, todos os pelos do meu corpo se arrepiaram e como em um passe de Mágica, eu apaguei completamente...

[...]

Senti como se meu corpo estivesse deitado em uma superfície dura e completamente reta, abri os olhos lentamente e me vi caída sobre um piso de mármore, uma música soava, havia vozes, não de uma ou duas pessoas, mas de várias. Me sentei e observei atentamente ao redor, eu estava em um salão de festas, tão grande e tão chique, havia diversas pessoas bem vestidas, roupas de gala, jóias caras, expressões esnobes de quem tem de tudo. Nenhum deles parecia dar importância para a garota que estava sentada ao chão, eu parecia completamente inexistente naquele lugar, como se não pertencesse a ele.

Olhei para o meu corpo, eu não estava diferente daquelas pessoas, um vestido vermelho e caro, jóias e um par de sapatos caros, ao julgar pelas vestes, deveriamos está em 1890, a música que soava era tocada por uma orquestra. Os casais presentes dançavam em meio ao salão, pareciam realmente imersos e apaixonados.

Tudo estava magnífico, mas a única coisa que se passava em minha mente era
"Onde estou e o quê estou fazendo aqui?" A pergunta se repetia como um disco arranhado. Até que um calor familiar invadiu meu corpo, um arrepio e uma vontade enorme de chorar, eu sabia que havia alguém em pé atrás de mim, mas não conseguia me virar para olhar, sentia as lágrimas escorrendo por meu rosto, mas minha expressão continuava intacta, como se os sentimentos estivessem transbordando e eu não conseguisse senti-los da maneira correta.

— Madeline, você está bem? — A voz familiar invade meus ouvidos, eu a conhecia, mas não sabia dizer de quem era.

Levantei os olhos rumo a pessoa, era um homem, pele pálida, cabelos loiros. Ele usava um terno branco de gala, seus olhos estavam completamente borrados, eu não conseguia identificar quem era, mas eu tinha absoluta certeza de que o conhecia.

— se machucou? — Se abaixou em minha frente e tocou em meu rosto, o toque quente e completamente íntimo, parecia que meu corpo já estava acostumado a isso.

Abri a boca para falar algo, mas nada saía, as palavras pareciam presas no fundo da minha garganta, eu queria perguntar seu nome. eu queria saber quem era. eu queria saber onde estávamos. eu queria saber quem eu era, mas as palavras estavam presas...

A única coisa que ecoou de minha garganta foi "estou bem", Ele sorriu. Eu não conseguia ver seus olhos, mas sabia que me encarava intensamente, aquele olhar intenso fez minhas bochechas corarem intensamente. O homem segurou em minha mão gentilmente e me ajudou a ficar em pé novamente.

— Que bom, fiquei preocupado, achei que tivesse se machucado— Segurou minhas mãos enquanto me puxava até o meio do salão — quer dançar comigo? Você parece tensa.

Eu poderia recusar e sair dali, mas acabei aceitando e o seguindo. Suas mãos rodearam minha cintura e em um puxão gentil ele me conduziu pelo salão, estávamos nos movendo de acordo com o ritmo da música que ecoava. Eu me sentia leve, suas mãos e seu corpo próximo ao meu fazia com que eu me sentisse segura, como se eu estivesse em casa, meu lugar não era ali, meu lugar era onde ele estivesse. Ao menos era isso que meu coração e mente diziam naquele instante.

Ele segurou em minha mão e me girou, por um instante senti minha visão turva novamente e caí. Meu corpo se chocou com o chão duro e frio novamente, mas quando abri os olhos o ambiente havia mudado completamente. Uma forte dor se alastrou em meu abdômen, por instinto levei a mão, sentindo o líquido quente em meus dedos, quando olhei, era sangue, vermelho e puro.

— Victoria! Fica comigo!— O grito desesperado ecoou, virei o rosto para o lado e me deparei com o mesmo homem de cabelos loiros, como sempre os seus olhos estavam completamente borrados.

Minha visão passeou pelo local novamente e parou sobre um quadro, uma mulher linda, cabelos pretos, olhos intensos e pele pálida, aquela era eu...ou melhor, aquela era a Victória, minha aparência havia mudado novamente, eu não era mais a mesma pessoa de alguns segundos atrás.

— Fica comigo! Por favor!— O choro desesperado e as mãos do homem tremiam enquanto ele me puxava para seu colo, me apertando fortemente como se não quisesse que eu fosse a lugar algum.

A dor latejante, o grito de dor, o ambiente escurecido, o chão gelado, o som da chuva que caía do lado de fora. Tudo isso desapareceu juntamente com meu último suspiro antes de finalmente fechar os olhos e apagar novamente. Eu Havia morrido? Ou....a Victória havia morrido? As cenas eram tão familiares, mas ao mesmo tempo tão desconhecidas, eu já estive ali, eu já vivi todas, mas eu não me lembrava se absolutamente nada...

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Notas da autora...

Oi meus cogumelos, aqui está mais um capítulo desta fanfic para vocês, espero que gostem. Agradeço por terem paciência e esperarem por cada capítulo.

 𝗣𝗔𝗖𝗧𝗢 𝗨𝗡𝗔𝗡𝗜𝗠𝗘 >> 𝘓𝘶𝘤𝘪𝘧𝘦𝘳 𝘔𝘰𝘳𝘯𝘪𝘯𝘨𝘴𝘵𝘢𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora