Verdades

208 25 7
                                    

  Ele sai antes de eu terminar de falar, assim que escuto a porta se fecha, meu corpo relaxa na cadeira. Como se todo aquele momento estava segurando minha respiração sem percebe. Pego novamente o endereço e saio correndo do meu escritório. O lugar fica um pouco distante, mas a vontade de revela e maior que qualquer distancia. Totalmente corro ate o estacionamento e entro em meu carro e logo estou na rua, a cada farol fechado meu coração se aperta, parece que tudo esta contra mim. Olho o relógio em meu pulso e já são quase seis horas da tarde, ando mais um pouco e entro em uma rua sem saída. Pego o papel verifico o numero da casa, paro o carro quase no final da rua em frente a uma casa amarela, um jardim esverdeado e um portãozinho de madeira. No quintal vários brinquedos espalhados e uma grande árvore com balanço. Verifico novamente o papel para ver se esse era mesmo o endereço, mas é o que esta inscrito. Olho para casa e uma criança morena esta sentada na escada com uma cara emburrada, percebo os cabelos castanhos todo enrolado, devia ter uns dois anos ou menos. Logo sai pela porta Inês toda linda em um vestido amarelo que ia ate acima do joelho de regatinha realçando umas curvas que antes não existiam. Ela se agacha ate fica da altura da criança e fala alguma coisa em seu ouvido, a criança sorri e a abraça depois de alguns segundos mais duas crianças saem da casa e se joga sobre ela que cai com tudo sobre o piso. Suas risadas chegam ao meus ouvidos, até que uma das crianças se levanta e caminha ate o portão e me olha, seu semblante me lembra alguém e seus olhos verdes.

-Mamãe. – Ela grita voltando para casa com tudo e parando na porta, Inês sai e ao me ver se espanta, a criança entra ao seu comando e ela caminha ate o portão. Saio do carro e paro na calçada, meu coração acelera ao vê-la tão perto, o tempo só a deixou mas bonita.

-Você era a ultima pessoa que eu imaginava ver. – Diz ela sem me olha e cruzando os braços sobre o peito. Parece abatida sua voz sai baixa e firme.

-Desculpa, não queria atrapalhar. – Enfio minhas mãos no bolso para não tocá-la, meu corpo a deseja, sentir seu toque, seu cheiro sua risada em meu ouvido guardar seu sono dia e noite, espera para jantar. ( DROGA ESSA MULHER AINDA MEXE COMIGO).

-Não esta. Como me encontrou?

-Percebi que você seguiu enfrente.

-Tom

-Não... – Faço um gesto com a mão a evitando de continuar, seria doloroso demais escutar de sua boca que me esqueceu. – Você esta certa...

-Tom me escutar. – Levanto meu rosto e Inês esta parada em minha frente. Não percebi em que momento ela tinha aberto o portão e caminhado ate mim. Perco-me em seus olhos e uma lagrima cai em seu rosto, não deixo meu corpo se mexer um centímetro, seguro a vontade de abraçá-la e secar suas lagrimas com meus beijos.

-Não tenho ninguém.

-Como não e seu filho?

-Filhos

-Filhos?

-Sim são três. – Além de fala ela faz um gesto com os dedos, seca uma lagrima de seus olhos e respira profundamente antes de me olhar novamente. –Vamos entrar, antes que as crianças deixam Dona Lucia louca.

Vira-se e eu a acompanho, meu corpo esta em modo automático e quando percebo já estou dentro da casa sentado na mesa da cozinha esperando ela voltar. Tomo mais um gole da minha água enquanto analiso. Tudo e muito simples bem organizado e limpo. Inês entra na cozinha e senta na cadeira ao meu lado, vestida com um casaquinho e moletom.

-Dona Lucia conseguiu fazê-los dormir.

-E seu marido?

-Não tenho, somos eu e as crianças e agora Lucia.

Desilusão (Tom)Onde histórias criam vida. Descubra agora