As noites de sexta-feira de Ashton e Calum eram sempre voltadas exclusivamente para comer pizzas e ver filmes de terror durante toda a madrugada. Luke e Michael costumavam ir a casa do casal, bebiam cerveja, davam risadas e zoavam da cara que Calum fazia quando mostravam cenas de sangue na tv.
Aquela sexta, no entanto, não havia nada de especial. Quando o mais novo entrou no apartamento, as luzes da cozinha estavam apagadas, as partituras e os livros de psicologia de Ashton em cima da mesa, e parecia que ele provavelmente nem havia comido.
O quarto tinha duas lâmpadas, a grande estava apagada e havia outra, ao lado do criado mudo de Irwin, a luz era baixa e o único barulho vinha do banheiro.
Quando Calum terminou de trocar sua roupa e tomar um remédio para dormir, Ashton saiu do banheiro. Os olhos inchados, o cabelo não estava penteado e parecia cansado. Olhou para a camiseta e reconheceu instantaneamente.
Havia sido há mais ou menos 2 anos atrás, entre julho ou agosto, quando ele viu o garoto que futuramente seria seu namorado. Naquele dia Calum estava usando uma camiseta do Green Day, sua banda favorita, não tinha nada de especial nela e havia vários buracos e rasgados, não que ele ligasse, é claro.
Porém, quando Ashton usava aquela mesma camiseta velha e grande, tudo fazia sentido. Se sentia mais perto do namorado, sentia que se pertenciam e era isso que importava. No final do dia, de nada valia as bebidas, os caras bonitos, cheirosos e com sorrisos galanteadores, festas, carros ou qualquer outra coisa, se não tivesse Ashton.
Vê-lo usando aquela camiseta de merda, depois de 2 anos, depois da briga e de tudo que aconteceu, fazia o coração de Calum se acalmar."Ah, você já está aí. Não sei se viu mas deixei um pedaço de lasanha dentro do microondas e..."
"Ashton, por favor", Hood praticamente suplicou, a indiferença fazia seu coração doer, "Não finja que nada aconteceu."
"Não quero falar disso agora Calum, estou cansado e já é quase 1 da manhã, tudo bem se conversamos amanhã?" pediu o mais velho enquanto se deitava na cama, tentando ao máximo ficar o mais longe possível do namorado.
"Não Ashton, não está tudo bem conversamos amanhã. Feliz? Precisamos falar sobre isso hoje, agora, do que adianta fugir? Me diga", sabia que já estava aumentando seu tom de voz e a conversa não chegaria a lugar algum dessa forma.
"Você é ridículo Calum", as palavras o acertaram, "Está tarde, não quero brigar e você continua insistindo nesse assunto. Por favor, estou te pedindo"
"Enquanto isso vamos continuar sem conversar, sem beijar, dormindo virados para lados opostos e fingindo que não ligamos um para o outro? Ótimo, e depois você diz que eu sou ridículo? Claro."
"Está vendo, Calum? Você só se importa com o que você quer falar e fazer, com suas promessas, com seus problemas, suas vontades e eu nunca disse não, nunca", Ashton despejava as palavras que o sufocavam, amava o namorado mas havia um limite para tudo, "Vou dormir no sofá, pode ficar com a cama."
Calum não conseguiu dormir, de qualquer forma. Se sentou, foi ao banheiro, leu, voltou para cama e quando achou que o sono estava vindo, ouviu um choro vindo da sala. Era baixinho e sofrido, e ele viu pela fresta da porta, Ashton encolhido no sofá, os olhos vermelhos e tentava conter as lágrimas que vinham com cada vez mais força.
Saiu passo à passo do quarto, fazendo o mínimo de barulho para não chamar a atenção. Sabia que se Ashton escutasse ele chegando na sala, iria engolir o choro e dizer que nada estava acontecendo.
Mas quando estava quase ao lado do sofá, acabou tropeçando no tapete e Irwin se virou rapidamente.
"Me desculpe, apenas quir ver se estava tudo bem, quer dizer, eu ouvi seu..."
"Saí daqui, Calum", Ashton falou alto e firme, queria ficar sozinho e pensar. Sabia que de certa forma estava sendo infantil diante da situação mas ainda estava processando a informação.
"Ash..."
"Não me venha com Ash agora, Calum", levantou-se já sentindo a raiva tomar conta de si, "Saí, volte para o quarto e amanhã conversamos."
"Você não pode me tratar me assim, que merda Irwin", os dois já gritavam e sabiam que a vizinhança provavelmente ficaria muito brava com os dois, já devia passar das 2h da manhã.
"VOCÊ É SURDO OU BURRO, CALUM? VÁ SE FODER E ME DEIXE SOZINHO! SAÍ!"
As discussões eram tão raras entre os dois que quando acabavam, a casa era preenchida por risadas, seguidas de beijos. Calum queria beijar o namorado e dizer que não havia nada do mundo que iria mudar o que eles sentiam um pelo outro.
Mas não disse, e no fundo, sabia que Ashton esperava que ele tivesse dito algo.
"Tudo bem, vou voltar para o quarto."
"Até amanhã, Calum."
Desejou ter ouvido Cal, ou qualquer outro apelido pelo qual se chamavam, mas tudo que ouviu foi seu choro sofrido dentro do quarto e o de Ashton na sala, sem saber distinguir qual era o seu.
N/A: Essa fic me causa dores. Sei que provavelmente estavam esperando um capítulo feliz mas gosto de coisas que se aproximam da realidade, e cara ninguém briga, fica puto e depois tudo bem. Espero que gostem do capitulo e comentem, é bem importante pra mim. Não queria falar mt nas notas mas ok, até o próximo capítulo.
Xx, carol.

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Vietnam // c.h + a.i
FanfictionOnde Ashton perdeu um amigo para a guerra e Calum se alista para o exército.