Vietnam // c.h + a.i

four

Calum não conseguiu dormir naquela noite, nem na próxima, na seguinte, e nenhuma das outras. Sentia seu coração doer e o estômago revirar quando lembrava-se da briga. Porque todas as discussões não podiam simplesmente terminar como nos filmes? Em sexo, no caso.

Durante dias, ele ouviu os passos calmos de Ashton chegando durante à madrugada, o gato do vizinho miando, as gotas da pia caindo e se perguntava: "Sou mesmo tão ruim assim? Será que estou fazendo todas as escolhas erradas?"

Quando começou a namorar, sua mãe havia lhe dito que não importava o motivo da briga, da raiva, dos xingamentos, se ele realmente amava seu namorado, deveria voltar para ele, onde era seu lugar.  E o lugar de Calum era ao lado de Ashton, definitivamente.

Em uma dessas noites, quando Ashton chegou da faculdade, por volta das 23h, Calum estava na cama e não conseguia dormir de jeito nenhum.  Se encolheu, puxou mais a coberta para si e fingiu dormir, para que quando o mais velho fosse dormir, não iria hesitar em se deitar na cama, já que Calum não iria querer conversar.

Ashton deitou, tirou os óculos, bebeu sua água e mexeu nos fios de cabelos que estavam na testa de Calum, o que involuntariamente acabou se tornando um cafune. E sentindo aquele toque macio, calmo e tão carinhoso, Hood pode ouvir as três palavrinhas que faziam suas pernas tremerem e o coração bater mais forte. Para muitos, podiam ser apenas palavras jogadas ao vento, mas ali, naquele momento tão íntimo e especial, Calum se sentiu feliz .

"Eu amo você", apenas 9 letras e milhares de sensações, "Amo você com todo meu coração, Calum Hood."

Eu também, Calum pensou.

□ □ □

Calum passou horas admirando e  passando a mão suavemente pelo nome Hood bordado na farda, era uma roupa bonita, deveria admitir, embora sem nenhum emblema ou enfeite. Haviam ligado para ele durante a parte da manhã, e agradeceu mentalmente por Ashton não estar em casa, não iria conseguir lidar com o namorado e seria capaz de largar tudo por ele. Na verdade, era o que todos esperavam, que Calum largasse tudo que acreditava e queria para ficar com o amor de sua vida. Mas não poderia fazer isso, não era o certo, ou era? A dúvida não passava nunca mas o tempo corria. E ele havia sido chamado, em menos de 24 horas estaria no aeroporto seguindo seu destino e deixando Ashton para trás.

Arrumou suas malas calmamente tentando gravar em sua cabeça e no seu coração, as melhores lembranças daquele lugar, as risadas que deu, os abraços, os beijos, até mesmo as lágrimas, que algum tempo atrás, costumavam ser apenas de alegria.

Pensou como será sua vida durante um ano sem Ashton por perto, poderão se ver, quem sabe, em algum feriado mas é algo quase improvável e Calum está ciente disso. Provavelmente, as ligações serão de tempos em tempos e ele não vai poder dizer onde está, tudo que ser muito discreto, e além disso nem pode-se afirmar com certeza que haverá um telefone. Cartas, nesse caso, é uma das melhores alternativas embora nem sempre cheguem nas datas previstas.

O coração de Calum ficava menor a cada minuto que passava, e se não sobrevivesse? E se algo der errado? Se nesse meio tempo, Ashton arranjar outro? A possibilidade fez seu coração doer mais ainda. Era uma hipótese e sabia disso, afinal, ele vai ficar 365 dias longe, do outro lado do oceano, até mesmo sem notícias em algumas situações. Seu namorado, enquanto isso, vai estar na faculdade, a mercê de todos os caras que Calum evitava: donos de si, com dinheiro saindo pelos bolsos de seus jeans importados e os olhos de predadores. Ashton era bonito, inteligente, divertido, sabia falar mais de uma língua, era carinhoso e tinha outras centenas de qualidades, quem não iria querer ter alguém como ele do seu lado? Não que fosse muito ciumento, na verdade nem era fã de fazer escândalos e dar uma de stalker, mas a questão é outra nesse caso, e temia que depois de um ano longe voltasse para sua cidade natal sabendo que não tem mais um namorado.

Enquanto praticamente viaja em pensamentos, o celular de Calum tocou e nome na tela piscava, era Ashton.

"Hey, você está em casa?"

"Ah, oi, estou em casa sim", respirou fundo e pensou se era a hora de contar que estava indo embora, "Algum problema, Ash?"

"Não, quero dizer, só liguei pra saber de você... Eu, meio que senti sua falta hoje." A risada de Ashton preencheu os ouvidos de Hood, era sem dúvidas o seu som favorito no mundo.

"Também senti, sempre sinto"

"Amor?", havia dias que Calum não escutava essa palavra e mesmo sendo tão pouco tempo, pareciam anos.

"Sim?", sua voz saiu meio tremida.

"Quando eu chegar, você ainda vai estar me esperando?", ele pode ouvir o soluço de Ashton do outro lado da linha, e um eu te amo baixo, antes da ligação cair.

N/A: Hey gente, como estão? Espero que eu tenha demorado muito pra postar esse e desculpa se não está muito longo, quis deixar um suspense para que o todos já imaginam que vai acontecer no próximo cap. e tal, revisei rapidamente mas qualquer erro, é só me avisar por aqui ou thelukepunk no Twitter.
Até amores, xx Carol.