Parte - 04

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19:00 e que comece a diversão!

Otávio

Em um dia minha vida deu uma volta de trezentos e sessenta graus. Pela manhã fui demitido injustamente, passei um nervoso do caralho e acabei dentro de um bar tomando todas, ou quase todas. Não cheguei a me embriagar, para isso seria necessário um tanque de dez litros de cachaça, eu acho. Afoguei minha raiva e tédio em várias doses de uísque, e em algumas cervejas. Conheci melhor um cara que já tinha feito minha cabeça em outro momento.

Conversamos.

Ele contou sobre sua vida, alias, seu pai me contou tudo. Ele cantou e me encantou, mais uma vez. Esse loirinho mexeu fundo comigo. Quando ele disse sobre não acreditar em amor a primeira vista, até concordei, pois não acreditava.

Não acreditava até agora!

Estamos nos fundos do bar, parecendo dois adolescentes na maior "pegação", fazia tempo que não me sentia como um. Depois da briga com o tal mauricinho que ofendeu o Alex, me senti um tanto aliviado, pois tinha descarregado parte da minha raiva naquele garoto. Ele não tinha nada a ver com o que aconteceu comigo, mas ofender o meu loirinho daquele jeito e na minha frente, isso eu não pude deixar passar em branco. Mostrei para aquele moleque metido, como se engole a seco uma ofensa gratuita. Como recompensa da minha bravura, ganhei um beijo, e que beijo. O Alex é muito gostoso, olhos claros, barriguinha durinha, bunda durinha e beija bem para caralho.

– Loirinho... – mordo seu lábio inferior – vamos ficar só no beijo? – arqueio a sobrancelha.

– Meu deus como você é apressado! – sorri.

– Cara, faz tempo que não pego ninguém – beijo seus lábios.

– E quer tirar seu atraso comigo? – Afasta-se e dá um tapinha no meu peito.

Alex parece chateado e não posso deixar que pense mal de mim.

– Alex me desculpa se fui muito rápido – esfrego as mãos. – Tá frio aqui fora. O que acha de entrarmos? – estendo a mão.

Ele me olha desconfiado, mas seu sorrisinho de lado que está estampado em seu belo rosto, o deixa com cara de safado.

– No primeiro andar do bar tem uma espécie de apartamento. Na verdade, meu pai construiu aquilo e nunca entendi por qual motivo. Ele só diz que é para uma emergência, talvez essa seja uma – dá uma piscadinha.

E sou eu que estou indo rápido!

Alex sobe a escadinha dos fundos do bar, mas eu o puxo de volta para perto de mim.

– Antes de entrarmos, quero dizer uma coisa – seus olhos se fixam nos meus. – Meu dia foi surpreendente. Conhecer você foi surpreendente e eu não queria que parássemos por aqui. Eu quero te conhecer melhor, sair com você, tipo programinha de casal apaixonado. Eu nunca tive isso com ninguém, e com você parece que é necessário, é algo que não sei explicar, mas sinto que é necessário para mim que eu te faça bem nas pequenas coisas de sua vida. Por favor loirinho, fica comigo, ou melhor, namora comigo.

Alex arregala os olhos marejados, puxa o gorro preto da cabeça, entrelaça os dedos uns nos outros e respira fundo.

Não deveria ter dito isso, não deveria. Ele vai me mandar a merda.

Inesperadamente, pelo menos para mim, Alex me abraça forte. Minha reação não foi outra, senão retribuir o abraço como o mesmo fervor e intensidade. Meu loirinho encosta a cabeça em meu ombro e diz.

Um dia de paixão - contoOnde histórias criam vida. Descubra agora