Capitulo 10

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3 é apenas o inicio...

Bernardo
Com o passar dos dias, a dor no peito sessa.
Mentira.
Nunca ira se exaurir, ela esta ali dentro da caixa torácica presa entre chaves e portas, mas esta ali.
Sou Bernardo um principe burro e inconseqüente, mas também um homem apaixonado, herdeiro do trono do norte, meu destino sempre foi unir os reinos, me casando com a princesa, e pondo fim a guerra. Mas não sei se esse é mais meu desejo, odeio ver meu povo sofre nas mãos do tirano rei do Sul, mas sei agora, ou melhor sempre soube, que não viveria com a princesa quando a paz chegasse, só me deixei esquecer. E agora tudo esta ainda pior...

Se ela ao menos tivesse me ouvido, se pelo menos eu tivesse contado antes, poderia ter tido tempo, tempo para me explicar, tempo de dizer a ela o quanto a amo, poderia... Ter... Tido... Tempo.
Olho para o rio, e tudo que me vem a cabeça é ela. Seus olhos, seu cabelo, seu cheiro, e até mesmo sua voz exaltada quando fica brava comigo.
Eu tenho tanto a dizer, mas agora não existe mais o tempo.
Jogo pedras no rio, esperando que uma delas corra sobre a agua, um mania idiota que adquiri nos últimos tempos, como se isso fosse me fazer especial.
O engraçado é que sempre me considerei especial, sou o principe afinal.
Mas a verdade é que, me agarrava a coisas fúteis e insiguinificantes, por que no fundo me sentia assim.
Então conheci ela, e tudo mudou, eu finalmente sabia meu lugar no mundo, finalmente eu seria feliz.
Como a amei. E ainda a amo. Mas agora é tarde.
Ela me odeia.
Tentei ir até ela, depois que ela descobriu tudo, tentei inutilmente ir atras dela, mas me convenceram. De que era melhor deixar pra depois, algo sobre cabeça quente. Meu primeiro erro, foi dar ouvidos a isso. Quando a gente ama alguem, quando se faz algo errado, todo segundo conta para dizer ao outro me perdoa!
Então quando finalmente fui a seu encontro, ela, minha Cristal, havia sumido.
Não demorei a descobrir um rastro de cavalos, fui treinado a seguir pistas, descobrir onde esta o inimigo, por isso foi relativamente facil chegar até aquele acampamento.
Eu desconhecia aquelas pessoas, nunca as vi em Ayna, e eram tantas, que fiquei curioso. Mas o mais estranho foi que não vi nelas as mesmas características que Aynianos tem, como pele ressecada devido ao longo tempo exposto ao sol, ou às mãos calejadas de tanto trabalhar ou ainda de manejar uma espada.
Também não vi sofrimento no rosto das mulheres, nem das pessoas de idade, e haviam tantas senhoras sorrindo... Sorrindo? Achei estranho e fiquei desconfiado. Mas como disse meu tempo era curto, precisava contar a ela a verdade, precisava dizer por que omiti coisas e por que menti e fingi certos momentos, ela não sabe o que me levou a fazer tudo aquilo, por isso me odeia. Ela me odeia!
Talvez seja melhor assim. Foi o que Henri me disse, aquele babaca, disse com todas as palavras que se ela me odiasse, tudo ficaria mais facil pra ela. Mas eu sei, Oh como sei que ele quis dizer facil, pra ele. Afinal ele é apaixonado por ela, posso sentir em cada respiração que ele da, quando esta perto dela, ou como olha com admiração pra ela. Quero arrancar seus braços e seus olhos em todos esses momentos, mas não faço. Apenas por ela.
Entrei no acampamento determinado a por um fim nisso tudo. Ela iria me ouvir custe o que custar.
Uma voz em minha cabeça me dizia que do que valeria se explicar, se no fim voce não vai poder ficar com ela mesmo. Pior é que essa voz estava certa.
Eu era um mentiroso idiota, anos vivendo como principe garanhão, como as moças me chamavam, me deram uma habilidade inegável de mentir, isso era bom as vezes, como agora.
"o que deseja cavalheiro?" me perguntou o guarda, parado na frente do grande portão.
"Vim trazer informações do inimigo." menti. Obviamente ele não me reconheceu, devo agradecer a Blenda pelas roupas ridículas e o penteado extravagante, bem que ela disse que o tecido enrolado na cabeça iria ajudar, assim como a sujeira de carvão passada propositalmente em minha face.
"não fui informado de nenhum mensageiro chegando a essa hora?." me informou desconfiado.
"Ah, é por que deixei o guarda do outro turno avisado, como é mesmo o nome dele, é...." perguntei com falsa sinceridade.
"Lucas?"
"sim esse mesmo. Avisei ele na ultima vez que estive aqui."
"certo, vou confirmar sua historia. Paulo não deixe esse ai entrar até eu voltar."
Ótimo. Ele sabia que eu estava mentindo. Vai ver eu perdi meu jeito. Ou nunca fui bom como achava que era.
Não esperei pelo retorno dele, e agi.
"Paulo certo?" chamei o segundo guarda. Ele se aproximou.
"voce poderia por favor. Ai... Ai...." coloquei a mao no peito. Fingindo um ataque cardíaco.
Ele se aproximou."o senhor esta bem?"
"sim. Mas sinto muito." disse e ataquei a cabeça de Paulo com uma pedra.
Paulo caiu ao chão com um baque. Verifiquei se ele ainda respirava, não queria mata-lo, eu não era um assassino, não de inocentes pelo menos. E ele estava apenas desmaiado como deveria.
E então segui pelo acampamento.
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Cristal

LIVRO 2: Te amo, te amo... Mas ainda te odeio.Onde histórias criam vida. Descubra agora