Capitulo 11

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Alguns amores são em tese mais importantes que outros

Já ouviu uma batida de carro, já observou como todos procuram horrorizados onde foi que tudo colidiu, e depois vem o desespero de ver se alguém se feriu, e então vem aquele alívio é culpa de saber que você não conhece que está ali lutando pela vida, alívio por não ser um familiar seu, mas culpa por se sentir assim.
Foi assim que me senti, horrorizada por estar aqui com ele, aliviada por ele estar aqui, e então culpada por me sentir bem perto de quem me faz mal.
"cristal, me ouça, tenho muito o que explicar eu sei, mas se voce apenas deixar..." Sua boca não para de tentar me dar explicações, quando tudo que quero é que ele pare. Apenas não existe explicação, não existe nada que ele diga que me fará entender.
"não quero ouvir, já passamos por isso, estou vacinada contra voce." minto.
"me perdoa Cristal, por tudo que eu fiz... Vamos... Me perdoa... Não sei como continuar nisso." ele olha em volta. " se voce não me der ao menos uma chance... De recomeçarmos...."
Um minuto de silencio então resmungo... "respeite meu momento, minha dor... Quer dizer não posso perdoar voce simples assim, na verdade eu nem deveria estar falando com voce, depois de tudo que voce me fez... Quando... Quando voce ficou de frescura com aquela vaca novinha/ quero dizer aquela 'garota mocinha' ou com a Jenifer Lopes na festa, voce já se lembrava de mim? Por que essa é a pergunta que não quer calar..."
"quem sao essas? Espere já posso imaginar..." ele acentuou triste, como se lembrase de algo, e deve ter lembrado das filhas da mãe
" sim e não!"
"sim e não? Que raio de resposta é essa?"
"Com a mocinha como voce disse, eu ainda estava me lembrando, tinha relances, relapsos de memoria, mas com a Dara, eu me lembrava plenamente, mas ela era amiga de Pierre, e ele queria que ela casasse com um lord sei lá quem, que estava no acampamento naquela ocasião, então estava exibindo ela, entende, e posso garantir que ela cheira tão mal, quanto parece bonita... Nunca teríamos nada nem em mil anos."
"Ah Bernardo o coitadinho! Me poupe ok! Sei bem quem voce é e conhecendo como te conheço , aposto que para beijar a Jenifer fedida, voce usaria um prendedor no nariz, e a pegaria ainda assim..." concluo com raiva.
"Jenifer fedida, essa foi boa, o nome dela é Dara, e não faço idéia do que é o prendedor, mas não, eu não ficaria com ela, e nem é pelo cheiro, mas por que na minha cabeça naquele momento só tinha voce, ficava me perguntando o quanto mais teria que fingir com aquela idiota, para enfim "Ele" me libertar..."
"Libertar? Você é um príncipe! Achei que tivesse mais inteligência do que aparentava, quer dizer todo mundo sabe que um chantagista sempre volta a chantagear. Eles não tem escrúpulos!"
" Quer saber... cansei não quero mais conversar com voce, respeite meu momento, não quero falar e nem te ouvir, não aguento mais nada, queria fechar Meus olhos e acordar em meu quarto sem lembrar de nada daqui." Bufo pensando em como poderia correr e sair dali, daquela guerra que travava comigo, daquela dor adormecida que me consumia, me lembrando que ele me usara, mesmo que alguem estivesse o obrigando, ainda assim, ele o fizera, e o que havia de ser mais importante pra ele do que meu amor? Ele deveria saber que depois dessa traição algo se partira dentro de mim e talvez... Para sempre.
"Talvez esse dia esteja bem Perto, e se for para você ficar feliz eu vou fazer de tudo para que ele chegue logo... Mesmo que você me esqueça para sempre." Diz Bernardo respirando forte. Quase me lembrando a dor.
"É me desculpe mas não vou respeitar seu momento, pois talvez nao tenhamos tempo depois e preciso esclarer tudo agora."
Resmungo algo incompreensivo em voz alta e me lhe dou as costas.
"entao fale com as paredes" bufo
"então, pra começar, senhora parede..., eu descobri que Pierre era um traidor, pelo menos que traia a mim, mas era um fiel amigo de meu pai, que estavam ambos querendo, permanecer onde estávamos, pra resumir a coisa toda, eles queriam a guerra."
Ele pausa e continua como se realinhando os pensamentos.
O pior ainda estava por vir, você deve ter notado que Ayna não tem muitas crianças, e chegando aqui eu descobri como a população de Ayna ainda estava crescendo já que não era pelos métodos convencionais..."
Isso eu também entendo hoje.
Não queria ouvir nada dele, tudo nele me feria como ferro em brasa sobre a pele, mas eu apenas fiquei ali, sentada no chão sujo da cela, ouvindo ele falar, e tentando prender meu braço junto a mim, mas eu ou ele sempre puxávamos o pulso do outro. Era horrível ficar algemados.
"mas por que Pierre quis nos unir então? Por que foi a Terra atras de mim, por que? Quer dizer nao faz sentido pra depois apenas nos jogar um contra o outro?"
Bernardo deveria estar sorrindo. Em meio a escuridão, ouvi resmungos a nossa volta, não estávamos sozinhos, nunca achei que estaríamos.
"esse é o ponto." disse e continuou empolgado por eu estar ouvindo.
"se ele não te trouxesse sempre haveria a esperança, a esperança da princesa um dia aparecer e assim eliminar, acabar com a guerra, e esperança querida, move uma montanha, ele queria aniquilar toda e qualquer esperança..."
"É esta fazendo isso, trazendo voce para cá, unindo nos dois, e depois nos fazendo odiar um ao outro, e seu exercito, esse exercito que esta aqui, lutaria contra o meu, nos travaríamos mais uma guerra, e na cabeça do meu pai, e até onde sei do seu tambem... nós nos destruiríamos."
Fico sem palavras.
E ele continua.
"Por isso quando Pierre viu que eu estava mesmo apaixonado pela princesa, ele soube que eu nunca a odiaria, não importa o que acontecesse"
Lágrimas caem de Meus olhos e dentro de mim digo idem príncipe.
Por que mesmo que não viva ao seu lado para sempre como queríamos ainda te amarei eternamente. Mas o que sai da minha boca é apenas o que deve ser feito.
" então devemos fazer o que esperam de nós!"
Bernardo puxa minha mão presa a unindo a sua eu não tiro ou me encolho deixo ele protegê-la seja do que for.
"O que? Você quer travar uma guerra comigo e deixar eles vencerem? Sei que quero mais que tudo na vida ficar com
Você meu amor, mas não desse jeito, não deixando o povo pagar pelo nosso amor, não vejo como seriamos felizes"
Solto sua mão e de supetão me levanto, e ele vem logo em seguida.
"Não! Vamos matar todos os reis. Acabar com a guerra."
Escuto Bernardo engolir em seco.
É sobre a morte de seu pai que estou falando, mas ele entende o que deve ser  feito.
E quando acho que Ok boa ideia mas por onde começamos.
Passos.
Me sobressalto ao ouvir passos, muitos deles.
"Serviremos o príncipe e a princesa! Pelo fim da guerra!!! É por Ayna." Muitas vozes gritam em coro.
Parece que tínhamos mesmo companhia.

LIVRO 2: Te amo, te amo... Mas ainda te odeio.Onde histórias criam vida. Descubra agora