Prefácio - A Bela e a Fera

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Ela estava ali, de frente para aquela horrenda criatura. E só havia as duas ali, uma encarando a outra, sem se mexer. Ninguém se atrevia a respirar ou a piscar os olhos: O menor descuido poderia ser fatal.

Dos olhos da criatura nascia um ódio letal. Lanças perfuravam seu corpo, mas nenhuma realmente conseguiu feri-la a ponto de matá-la. Os cascos batiam com força no chão de cimento, fazendo todo o local tremer.

Era um labirinto, uma casa, um barraco. Mas era amaldiçoado e, de todas as vigas, caiam cadáveres – talvez de séculos atrás – de pessoas e animais. Havia sangue espalhado por todo canto, seco e fresco.

A criatura bufou. Os olhos verdes da garota à sua frente brilharam. Seus cabelos ruivos estavam presos em um coque por uma fita de couro, da cor de suas vestes. Ela se animou, aquela era a hora.

 Preparou a lança em suas mãos e esperou que a criatura atacasse. Ela o fez, atacou-a. Envolvidas em um passo sem fim, a garota atirou a lança contra a criatura, mas por uma fração de segundo, errou. E seu erro foi fatal.

A Fera pisoteou-a, correndo livre, adentrando nas profundezas mais escuras daquele lugar. A garota jazia no chão, sangrando, mas segurou a lança com força e desembainhou uma faca de sua calça.

Levantou-se, ainda com ossos quebrados, e caminhou em direção à escuridão, chamando a Fera para o combate, chamando-a para mais uma luta.

Aquela dança ainda não tinha terminado.  

Anjos da Escuridão - A Primeira FaceOnde histórias criam vida. Descubra agora