Levantei do sofá com uma puta dor de cabeça, e então eu lembrei o por que: o motivo tem nome e sobrenome, Leonardo Albuquerque. Olhei no celular e já eram sete horas da noite e eu não estava com disposição pra nada, mas eu disse para Alícia que eu ia sair com ela, sabe-se lá pra que.
Tomei um banho e enfiei um roupão pra escolher a roupa. É muita roupa repetida, e roupa velha. Acabei optando por um vestido preto com renda, dois palmos acima do joelho com um corte nas costas. Salto preto básico e... eu não estava me sentindo bem, eu não era assim. Peguei um short preto e uma blusa, catei um casaco e calçei meus tênis, bem melhor. Reboquei a cara com maquiagem e coloquei umas pulseiras. Liguei pra Alícia:
- Alícia? - perguntei
- Fala - ela disse bocejando
- Você estava dormindo? - perguntei mesmo sabendo a resposta
- Aham - ela bocejou de novo
- Minha querida, a gente ia sair, são oito e meia já! - Eu gritei na esperança dela acordar
- Ah é, acho que eu não vou não... Desculpa mas não me recuperei do porre de ontem, falando nisso, como você foi embora ontem?
- O Henrique me levou pra casa dele, dormi lá - disse naturalmente
- Oi?? Como assim? Ele...
- Tchaaau - eu a interrompi e desliguei o telefone
- Bom acho que vou ter que sair sozinha- disse pra mim mesma
E lá fui eu, peguei meu celular e as chaves, tinha uns cinquenta reais no bolso então dava pra aproveitar. Fui em direção ao centro da cidade, andando sozinha na rua, a rua estava completame vazia, eu estava com medo, então eu vejo alguém encostado no muro da quadra da praça e isso me deu mais medo ainda, eu me aproximei com o coração acelerado e eu vi aqueles grandes olhos negros, Henrique. Obrigada Deus
- Maria Luiza? O que faz aqui?? - Ele perguntou abismado
- Por que tudo isso? Parece que viu um fantasma! Só vim dar uma volta
- Você não pode ficar aqui! - ele disse me empurrando
- Henrique, como assim? Por que não? - Perguntei assustada
- Confia em mim?
- Confio, mas...
- Então vai! - Ele me interrompeu
- Eu só vou quando você me explicar o que está acontecendo! - eu disse cruzando os braços
- Depois eu te explico tudo, agora, por favor Malu, volta pra casa e depois eu vou pra lá - Eu estava sentindo calafrios, o jeito que ele falou me deixou mais arrepiada ainda
- Henrique você está me assustand...- Fui interrompida por uma voz masculina, uma assustadora voz masculina:
- Que bonitinho os dois pombinhos - Disse o homem carrancudo, alto, musculoso e com uma grande cicatriz lá lateral da face. Credo
- Você já foi melhor Henrique - ele disse com aquela voz repugnante se aproximando de mim
- Quem é a boneca? - Ele me perguntou
- Maria Luiza - eu disse baixo
- Rostinho de princesa, corpo de sereia, imagina essa daí na cama - Ele disse segurando em meu queixo com aquela mão nojenta e percebi que Henrique o olhava com ódio
- Ei! - Henrique foi pra minha frente com um gesto de proteção - Deixa ela fora disso Buddy
Eu me encolhia atrás de Henrique, senti a adrenalina percorrer minhas veias, meu coração estava a mil e eu me sentia quente. Eu apertava a mão de Henrique com toda a minha força, rezando para que desse tudo certo, o que quer que estivesse acontecendo.