- Filha, a sua vó... Ela... - minha mãe tentava falar em meio aos soluços
- Mãe... Eu tô indo pra aí, pega um copo de água e se acalma, chego aí rapidinho
Dito isso desliguei o telefone. Henrique me olhava com pena. Odeio quando as pessoas sentem pena de mim. Mas foda-se, eu precisava da pena dele. Me joguei em seus braços e ele me abraçou, aquele cheiro.
- O que houve? - ele perguntou limpando minhas lágrimas
- Minha vó, ela faleceu - eu disse chorando mais ainda
- Pensa só, ela não ia querer te ver assim.
- Verdade...
- Por que você é tão linda?
- An?! - perguntei confusa
- Você é bonita até chorando
- Tá bom, acredito - disse ironicamente
- Bom, acredite no que quiser. Vamos princesa?
Comecei a chorar de novo
- O que foi? Por que você tá chorando de novo?
- Minha vó me chamava de princesa - disse com um sorriso fraco
- Mais um motivo pra eu te chamar assim: Minha princesa - ele disse dando ênfase ao ''minha''
- Sua? - perguntei erguendo as sombrancelhas
- Sim, só minha
- Sua, sua amiga
- Amizade colorida - ele disse com um sorriso de lado
- Ok, eu acho. Vamos?!
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Aquela cena me quebrou: Minha mãe aos prantos, jogada na cadeira do hospital, acabada.
Entrei correndo e a abracei,
ela encharcou minha blusa, mas não liguei- Filha!
- Ai mãe...
- Ela vai fazer muita falta!
- Pensa só, ela não ia querer te ver assim - eu disse olhando para Henrique, ele concordou com a cabeça.
- Ele está com você? - Minha mãe perguntou se referindo ao Henrique
- Sim... - eu disse devagar
- Não vai me apresentar ele?! - Minha mãe perguntou séria
- Henrique Mendes - ele disse estendendo a mão
- Clarice, pra você dona Clarice - ela disse ignorando a mão de Henrique
- É um prazer conhecer a senhora
- Senhora tá no céu, você
- Henrique, eu vou ficar bem, depois eu te ligo
- Tudo bem
Fui abraça-lo e ele me deu um selinho. Lá vem bronca
- Então eu venho pro hospital pra cuidar da sua avó e você fica aí se pegando com esse menino
- Não estamos nos pegando, an... Quer dizer, assim...
- Não estou com cabeça pra isso - ela disse esfregando os olhos - tenho que ver o negócio do funeral
- Mãe, deixa isso pra amanhã, você precisa dormir, são mais de onze da noite já.
- Melhor mesmo, vamos. Vou falar com a recepcionista
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- Maria Luiza, eu não fui com a cara daquele Henrique, não
- Mas você nem o conhece - eu disse saindo do carro
- Eu vou dar uma chance a ele, se ele vacilar, morre.
- Você está dando uma chance a ele antes de mim.
- Bom, a vida é sua, vou fazer o que?!
- É...
- Eu vou deitar, se acordar antes de mim, não me acorda.
- Okay...
Fui me deitar com mil coisas na cabeça, e no topo da lista: Eu estou apaixonada? Essa era a pergunta que martelava minha cabeça. Henrique havia se tornado a pessoa mais presente na minha cabeça e minha vida e minha casa. Ai deos, estou vendo a bagunça que ele vai fazer na minha vida... A única bagunça que me faz bem. Minha mãe não gostou dele, mas quem vai namorar ele sou eu, não minha mãe. E eu falei que vou namorá-lo, realmente, ou eu estou maluca ou estou gostando do Henrique. Acho que eu estou com medo de me apaixonar de novo...