11- Raiva toma conta

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Alguém disse Alana? - sua voz era suave, macia "Porque se parece tanto comigo?" - Filha?

"filha? Como assim filha?" Este anjo deve estar ficando louca, ela está desidratada, faminta e delirando concerteza.
- Filha é você? - vi um brilho em seu olhar, não perdi muito tempo e me aproximei dela, a magia foi desfeita.
- Alana, não - Luara disse tarde dimais, pois eu de joelhos a encarava frente a frente, idêntica a mim, só que um pouco mais velha, digamos que uns dez anos, mais ainda é tão assustador - O que vamos fazer pra sair daqui sem sermos vistas?
- Desculpa - apenas disse sem olhar para minha amiga - Você falou comigo? - disse e ela sorriu.
- Filha é você mesma - uma lágrima escorreu por seu rosto - Como esperei por este momento - tentou se aproximar, em vão pois as algemas apertaram seu pulso e pude ver as marcas que ali jaziam profundas - só que não esperava que fosse nessa situação.
- Eu não sou sua filha - ela me olhou com duvida - porque se parece tanto comigo ou eu com você? Estou confusa.
- Ja disse que sou sua mãe - sorriu ternamente.
- MINHA MÃE MORREU EM UM ACIDENTE DE CARRO! - quase cuspi as palavras em meio ao grito.
- Alana shiuuuu - Luara tocou meu ombro - sem feitiço estamos desprotegidas e se eles te ouvirem não sei o que podemos fazer.
É, eu tenho que ouvir minha amiga e me acalmar, porque Belial manteria este anjo em cárcere privado afinal?
- Eu não morri.
- Se você é mesmo minha mãe, porque meu tutor disse que morreu em um acidente de carro? - a observei esperando por sua explicação.
- Talvez ele não tenha tido tempo de te contar, talvez ele quisesse te proteger, você acha que é uma mestiça à toa? Só nascem mestiços de uma relação entre vampiros.
- Te peguei na sua própria mentira - agora eu a olhava no fundo dos olhos vendo com em um espelho meu reflexo- Se nasci de uma relação entre vampiros, você sendo um anjo não poderia ser minha mãe.
- Minha doce Alana - me olhou ternamente "Como consegue? Presa, sofrendo, ainda se preocupar comigo em me tratar carinhosamente." - Eu sou um anjo, seu pai é um vampiro e os vampiros anteriormente eram anjos, optaram por ser o que são e eu não quis - "Faz sentido... Mas e meu pai que me abandonou droga!" - meu pecado foi amar demais quem não podia amar, quem no fim das contas só queria me usar - seu semblante ficou triste por um momento, senti pena, ela logo se recompôs.
Não sei... Mas acreditei em cada palavra que ela disse "Minha mãe, ahhh eu tenho mãe, não sou só no mundo, meu pai a usou... Maldito!", a abracei com todo amor que eu mantive preso como um pássaro tristonho em uma gaiola pequena por tantos anos, eu sempre a amei mesmo sem ter a conhecido, agora finalmente encontrei a chave e o libertei, ele voou livre, feliz e meu sentimento reprimido surgiu com força total "Não posso perdê-la".
- Porque Belial te prendeu aqui? - disse enquanto quebrava as correntes com a força sobrehumana que me foi concedida por ser mestiça.
- Ele... - parou por um instante - é ganancioso e sabe que anjos são incrivelmente sedutores para o sexo oposto - segui sua linha de pensamento já terminando de libertar suas mãos - Pretendia me usar para acabar com os lobisomens nessa richa sem fundamento ou proposito.
- Ele quer dominar tudo e todos - ouvi Luara dizer por detrás da porta, neste momento ela vigiava - por favor vamos logo, estou com um mal pressentimento.
- Não vamos deixar ele te usar, ninguém mais vai te usar mãe eu prometo! - ela se levantou, esticou as asas e as guardou, ainda fraca caiu sobre o chão, fui ao seu socorro.
O silêncio reinou e pude perceber que havia algo de errado, Luara correu para dentro da sala tentando fechar a porta em vão, minha amiga foi arremessada contra a parede com uma força imensa que a fez sangrar por um pequeno corte em sua cabeça, olhei para a porta já despedaçada ao chão. Surgiu um homem alto, com um visual vampiresco assustador, não tão jovem e nem tão velho, charmoso pra dizer a verdade, atrás dele vários capangas e Camila com um ar de superioridade, só então percebi de quem se tratava "Belial".
Minha mãe mal conseguia se recompor, apenas olhou com espanto para ele, seus olhares se encontraram, não pude distinguir o que estava ali.
- Não se atreva a se aproximar seu monstro! - apontei para ele o mesmo sorriu maleficamente.
- Quem você pensa que é para me dar alguma ordem? Na verdade quem é você? - me olhou com curiosidade "Como assim ele não sabe quem sou eu? Ele acabou com a minha vida! Prendeu minha mãe!" a raiva foi tomando conta de mim.
- ALANA! - Luara gritou, olhei para minha mão e havia uma esfera vermelha, tão brilhante e poderosa a energia que dela emanava era negra, meus pés não tocavam o chão e só então percebi que voava.
- Você não fará mal algum pra minha melhor amiga e muito menos ainda pra minha mãe! - cuspi as palavras, meus cabelos chicoteavam meu rosto - não depois que a encontrei.
Seu olhar para mim era de pura admiração, não entendi afinal eu estava ameaçando-o naquele exato momento, tentou se aproximar mais não deixei, então ouvi de seus lábios o maior absurdo de toda minha vida.
- Você... - apontou para minha mãe - Não acredito! Não posso acreditar - Luara se aproximou de minha mãe sedendo seu ombro como apoio - Mirella como pode esconder isso de mim? - seu olhar era acusador "Então este é o nome de minha mãe, Mirella... Peraí o que ela escondeu dele?" - Eu tenho uma filha!
Finalmente a ficha caiu "Belial é meu PAI! O idiota que me abandonou!" a raiva aumentou e a esfera em minha mão cresceu e tive que segurá-la com mais força e então eu a lancei.
Eu estava confiante ao mesmo tempo que mantinha minha raiva, não vi o resultado que causou minha esfera, acenei para Luara e ela disse algumas palavras que não pude distinguir o que eram e desapareceu no ar, estávamos apenas minha mãe e eu. Fui em sua direção, estava fraca, saia de sua boca gemidos quase inaudíveis, segurei em sua cintura a escorando em mim e em um piscar de olhos, tão rápido como a luz estávamos em nosso ponto de partida, frente aonde um dia foi a sala de interrogatório das bruxas.

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