Ciúmes - parte I

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Mal entro em casa e já sou bombardeada de perguntas por minha mãe.

─ Quem era esse menino com você?

Levo um susto, não sabia que minha mãe estava bisbilhotando da janela, e com as luzes apagadas ainda por cima!

─ Ai! Que susto a senhora me deu! Eu não te avisei que tinha um encontro?

─ Disse sim, só não falou com quem. Pensei que fosse sair com seus amigos. Mas me conte, ele é muito bonito.

Que vergonha!

─ Mãe! ─ Fico um pouco envergonhada por falar sobre ele com ela. ─ Seu nome é Paulo e estudamos na mesma escola.

─ O que mais? ─ Ela pergunta curiosa.

Minha mãe não está acostumada a me ver saindo com garotos. Só tive um namorado, nem sei se posso dizer esse termo, nós ficamos juntos somente por três semanas. Não éramos compatíveis, Arthur e eu acabamos preferindo sermos só amigos mesmo.

─ Ele é o quarterback do time de Football. Pronto! Esta satisfeita?

Ao invés de ficar animada por eu estar saindo com o Paulo, minha mãe faz uma expressão de preocupação.

─ Eveline, tome cuidado com esse garoto. Ele pode até ser um rapaz bom, mas não se entregue em um relacionamento logo de cara. Faça com que ele corra atrás de você. Esse tipo de menino está acostumado a ter tudo fácil.

─ Mãe! Eu não estou namorando nem nada, esse foi o nosso primeiro encontro! E Paulo não é esse tipo de pessoa.

─ Tudo bem, mas seja cuidadosa minha filha.

Abraço-a para acalmá-la, eu sei que ela só quer o meu bem.

─ Pode deixar mãezinha, não se preocupe comigo. Sei me cuidar.

Ajudo com a preparação da janta e depois fico responsável por lavar a louça. Estou com um pouco de preguiça, mas me arrasto e vou fazer minha lição de casa antes que eu me esqueça.

Quando a noite cai eu já estou super cansada, vou para a cama cedo e me aconchego debaixo dos lençóis.

─ Você voltou!

Abro um grande sorriso quando o encontro no mesmo lugar de sempre. Aos pés daquela árvore.

─ Olá Lucas! O que está fazendo?

Ele se levanta e me encara de perto, meu coração dá um salto quando fito aqueles lindos olhos prateados.

─ Estava te esperando. E você o que tem feito?

Engulo em seco com a sua resposta. Ele estivera me esperando. Que fofo!

─ Hoje eu joguei boliche com um amigo. ─ Não sei por que, mas não quis dizer que foi um encontro.

Lucas deve ter percebido minha hesitação e fica um pouco sério.

─ Só um amigo? ─ Pergunta.

─ Por enquanto... Ele... Hã... Hoje foi nosso primeiro encontro. ─ Gaguejo um pouco nervosa. Por que eu estou nervosa?

Lucas tranca o maxilar e sua expressão fica séria. Minha pulsação está tão acelerada que parece que corri a maratona. Tenho essa estranha sensação de que deveria lhe dar uma explicação, mas penso melhor e percebo que eu devo estar louca.

Isso aqui não é real! Mas por que sinto como fosse tão real como qualquer outra parte do dia? O que está acontecendo comigo?

─ Entendo. Divertiu-se? ─ Lucas se recompôs e usa uma mascara de indiferença.

Era uma vez num sonho (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora