Era uma vez num sonho (Degustação)

De volta à realidade

─ Bom dia, dorminhoca! É hora de levantar e ficar bela!

Nélia me acorda super cedo, tenho vontade de esganá-la.

─ Pra que levantar tão cedo? O sol nem raiou! ─ Reclamo e me afundo contra o travesseiro novamente.

─ Já se esqueceu? Eu tenho que fazer você ficar linda e deslumbrante para a escola. Devo demorar um pouco para cobrir os seus hematomas!

Encolho-me envergonhada. Ela tem razão.

─ Tá, me desculpe. É só que eu estava tendo um sonho tão bom!

Digo suspirando e Nélia abre um sorriso,  se jogando ao meu lado.

─ Me conte! Estava sonhando com o Paulo, não é? Sabia!

Mal sabe ela...

─ Na verdade não. Eu sonhei com o garoto perfeito. ─ Falo tentando conter um sorriso bobo.

Minha amiga faz cara de que não entendeu nada. Não posso evitar e caio na gargalhada. É melhor eu contar logo a ela.

─ Nélia, depois do acidente eu voltei pra casa e tive um sonho super louco. Sonhei com esse garoto super gato. E não. Você não o conhece porque ele não existe. Lucas é a minha idealização, fruto da minha imaginação.

─ Tem certeza de que a pancada na cabeça não deixou sequelas? ─ Ela brinca comigo.

─ Estou falando sério! Ele é maravilhoso, e como eu sei que você só consegue imaginar se eu comparar com alguma celebridade... pense em uma miscelânea dos atores Liam Hemsworth e Jensen Ackles. Só que jovem, é claro.

─ Nossa! Então esse Lucas deve ser lindo mesmo, acho esses atores gatos! Mas me conte, o que vocês fizeram nesse sonho?

Ela pergunta levantando uma sobrancelha.

─ Então, hoje foi a segunda vez que sonho com ele. E pareceu tão real! A gente se encontra sempre em um lindo prado repleto de flores e algumas árvores e ficamos conversando. Parece até cena de filme, eu devo estar lendo muito romance.

Nélia ri de mim.

─ Você realmente lê muito, mas acho que esse sonho foi uma maneira que o seu subconsciente arrumou para te ajudar com o trauma do acidente. É normal amiga, quem dera eu ter um sonho desses.

Espreguiço-me e levanto da cama. Nélia me ajuda com a maquiagem e cabelo. Escolho a roupa mais bonita e casual que tenho e partimos para a escola.

Arrumo a franja pela décima vez para ter certeza de que está ocultando o meu curativo e então saio do carro.

─ Vamos amiga, você está linda. Pare de se preocupar.

Nélia entrelaça seu braço ao meu e caminhamos pelo corredor lotado. É impressão minha ou todo mundo está me encarando?

─ Amiga ta todo mundo olhando pra mim! ─ Sussurro aflita. Odeio ser o centro das atenções.

─ Erga a cabeça e ignore. A única pessoa que te importa é o Paulo e ele está vindo pra cá agora mesmo! ─ Ela sussurra de volta toda animada.

Acho que vou desmaiar de tão nervosa que estou!

─ Oi Eveline. Como você está?

Fico sem reação por um momento. Ele está falando comigo!

Nélia me cutuca, nada sutil!

─ Estou melhorando, não foi nada muito grave.

Ufa! Consegui falar alguma coisa. Já estava achando que eu ia me fazer de idiota.