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-Rafa... coloca uma roupa pra eu me concentrar na conversa, você nu na minha frente não tem condições - disse séria. Talita viu ele indo pegar uma toalha e colocar em volta da cintura e continuou: - É sério que você quer ter essa conversa a essa hora da manhã - se jogando na cama, não estava raciocinando direito, já tinha falado várias vezes que antes do café da manhã ela não era ninguém na vida.

- Pow Tá, se for parar pra pensar você nunca quer tocar nesse assunto... eu quero você aqui comigo, não é difícil de entender isso cara...
Talita sabia que ele estava impaciente com isso, seu coração apertou na possibilidade dele estar cansando dela.
- Rafa... eu quero morar com você, mas vc não acha cedo ainda? Eu já morei com alguém e sei o quanto pode ser desgastante a rotina.
Rafael parou de andar no quarto e veio até ela na cama.
- Pára Talita, eu odeio quando vc faz isso cara... odeio, eu não sou os seus ex, não sou irresponsável, você até me ofende falando isso...- saindo da cama, foi em direção ao banheiro - não faz mais isso, eu não tenho culpa desses otários terem cruzado seu caminho.

Talita deu um pulo com a batida que ele deu ao fechar a porta. Suspirou cansada, tinha um vôo longo nessa manhã, e previsava de todos os seus sentidos alertas, levantando da cama, foi em direção ao banheiro, bateu e foi entrando. Encontrou Rafa encostado na pia, olhando pro espelho.

O abraçou por trás e beijou suas costas.

- Desculpa amor... não consigo evitar de pensar, sei que estou errada, você é único e sem comparação com qualquer cara, mas... só peço mais um tempinho... - dando mais uns beijinhos, senti que ele relaxou um pouco, mas só um pouco - por favor... eu te amo.

Virando de frente pra mim, ele me abraçou e ficou passando o nariz, entre minha orelha e clavícula, ali era um ponto mto sensível pra mim. Estava arrepiada do frio do quarto, ou podia ser também das carícias que ele estava fazendo no meu pescoço.

- Agora quem está me desconcentrando toda nua é você pretinha - me pressionando mais pra perto - vem morar comigo Tá, a gente vai fazer dar certo - me levantou e me sentou no balcão gelado de marmore da pia.
Dei um gritinho, mas nem pude protestar muito porque logo ele tirou a toalha e ja estava dentro de mim, ávido, como se a menos de uma hora, não tivéssemos acabado de nos saciar.
Não demorou muito..ambos estávamos sensíveis e carentes um do outro, odiava discutir com ele, e quando fazíamos amor pós briga, era como se nosso corpo quissese se manifestar contra toda a tensão que uma briga gerava. Saímos do banheiro e fomos dormir mais umas horinhas q ainda tinha p descansar, mas estava ainda alerta, tinha que decidir minha vida com ele, exausta, adormeci nos braços dele.

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Dois dias depois Talita estava saindo do trabalho, esperando o motorista que os levavam até o centro da cidade quando recebeu um telefonema de Marcos.
Eles tinha se distanciado muito, desde que tinha acabado seu tempo de modelo há quase seis meses.
Mas de vez em quando ele ligava p saber se ela estava interessada em alguma proposta que ele tinha pra ela. Talita sempre recusava, além de não ter mais tempo pra ficar disponível o dia todo pra algum trabalho, a sua participação pra marca de cosmético a tinha ajudado a ter uma segurança financeira que ela nunca sonhou, não que pudesse recusar trabalho, longe disso, mas podia se dar ao luxo de escolher. Rafa a tinha ajudado muito nisso, ele era muito pé no chão e entendia muito de finanças, agora tinha dinheiro investido e guardado, lhe dando essa tranquilidade.
Depois que desligou o telefone viu que a van tinha chegado e se encaminhou pra voltar pra casa, no caminho foi pensando na proposta dele.
Seria uma campanha de jeans, no final de semana, pra uma marca paulista. Talita não sabia o porque ele ainda insistia nela, mas ele disse que o contratante tinha pedido o seu rosto na campanha. Depois de passar a ser um pouco conhecida pelo trabalho de quase dois anos por uma marca de cosméticos brasileiro, o cachê dela tinha aumentado, e de vez em quando ainda achava esquisito entra na internet e vê seu rosto em alguns anúncios.

Resolveu deixar pra pensar no final de semana, quando estaria mais descansada e depois de falar com Rafa.
Estava tão mergulhado nos seus pensamentos que nem notou que o percurso de 40 minutos tinha chegado ao fim, se despediu dos colegas e saiu da van.
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Rafa estava meio irritado durante o dia, uma remessa de produtos que tinha que chegar ao meio dia, não chegaria a tempo. Teria que rever o cardápio do dia com o chef pra retirar o que estava faltando.
Faltando quase sete meses pra acabar seu curso, ele ja tinha assumido alguns pratos na sua cozinha, mas gostava de ficar na administração do restaurante.
Sua irritação se devia também a demora de Talita nas suas decisões. Ele só a veria na sexta a noite, onde iriam numa festa de aniversário de uma das amigas que morou com ela nos Estados Unidos.
Queria pressioná-la mais, porém sabia o limite dela, e ele não queria ultrapassar, mas porra, tava complicado de entender.
Se levantando de sua cadeira, foi em direção à cozinha, resolver o que ainda tinha controle.
Talita ligou pra ele naquela noite dizendo estar com saudades, contando o seu dia e combinando o horário pra ele pegá-la na noite seguinte. Ela estava no salão e teria o dia cheio no dia seguinte. Rafa suspirou pelos desencontros do dia a dia.
Estava com várias idéias pra eles dois, mas primeiro teria que fazê-la dar o primeiro passo.
Ela era arredia, tinha melhorado e aceitado muitas coisas nesse tempo que estavam juntos, mas a reserva natural ainda persistia nela. Sabia que seria com atitudes que faria com que ela se entregasse, mas sinceramente, ele estava de mãos atadas, cabia a ela tomar as decisões, e a ele esperar que fossem as que ele desejava.

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