Capítulo 8

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Meus olhos se abriram mais uma vez e a luz do quarto fez minha vista doer. Aquele com certeza tinha sido o sonho mais louco que eu já tive em toda a minha vida. Meu coração batia acelerado, era como se fosse real, cada toque ou beijo, e o mais estranho, eu conseguia lembrar de todos os detalhes daquele sonho maluco. O despertador já tinha tocado mais de mil vezes, o que significava que eu estava atrasado para o colégio, à vida não costumava ser fácil para mim e a prova disso tinha sido esse sonho estranho que mais parecia real. Levanto-me da minha cama e olho para trás, em direção ao meu edredom, cenas do sonho passavam pela a minha cabeça. Tentei apenas voltar a terra e continuar meu dia. Corri até o banheiro e tirei toda a minha roupa, deixando com que a água fria molhasse todo o meu corpo, eu não estava pronto para mais uma semana convivendo naquele ambiente chamado "escola", mas eu tinha que começar a focar no meu futuro, o que eu iria ser quando crescer? Um desocupado? Não! Eu teria que dar um orgulho para minha mãe, já que o "desgosto" de ser gay eu já tinha dado. O aroma do sabonete ficou por todo o meu corpo, e em seguida caminhei até o espelho que ficava na parede ao lado da porta de entrada para o banheiro, meu cabelo estava enorme, quase caindo sobre meus olhos e isso significava que eu já não cuidava da minha beleza como antes, meus olhos castanhos estavam perdendo a cor, como se precisasse de algo ou um motivo para brilhar.

Anderson talvez fosse esse motivo.

Vesti o meu uniforme e peguei a minha mochila, Rose já estava me esperando lá no andar de baixo, ela me levava ao colégio todos os dias já que minha mãe nunca estava presente, na mesa do café-da-manhã estava minha mãe, terminando sua refeição enquanto analisava alguns documentos da empresa, sem ter muito assunto a puxar, apenas peguei uma maçã e corri para o carro.

— E lá vamos nós em mais uma semana. — Rose tentou puxar assunto comigo, mas estava na cara que eu não queria papo, o sonho que eu tive havia me deixado pensativo, esse era um sinal de que a vida estava brincando comigo outra vez. — Está triste May? Aconteceu algo? Quer desabafar?

Eu não podia contar a Rose que minha atração por um heterossexual tinha chegado a um ponto no qual eu sonhava que estava transando com ele, eu preferia manter em silêncio, pois tinha certeza que só eu entenderia. Por mais difícil que fosse eu só queria minha felicidade e ver que ela estava indo embora me deixava abatido, eu parecia um sonâmbulo, vegetando um amor não correspondido. Isso era horrível!

O carro seguia seu caminho enquanto eu apenas focava na janela ao meu lado, analisando cada paisagem que passava rapidamente por meus olhos, o tempo nublado refletia em meu olhar, era como uma cena de filme americano, onde o principal quase sempre sai de dentro de um carro preto olhando para o tempo e pensando em sua vida... Mas eu tinha certeza que se minha vida fosse um filme americano ela seria bem mais legal do que isso tudo. A cada rua e a cada avenida em que o carro entrava meu coração acelerava mais, ter Victor como "inimigo" não estava em meus planos, não logo agora que ele sabia de tudo isso, eu estava com medo do que ele pudesse fazer, querendo ou não, Victor talvez fosse uma ameaça.

— Oi? — disse saindo de meus pensamentos, ouvi Rose me chamar no banco ao lado do carro. A mulher me olhou assustada, como se ela entendesse o que eu estava passando, mas mesmo assim eu não iria contar a ela o que eu estava sentindo, pois aquilo era horrível ao ponto de parecer humilhação.

— Perguntei se está com todo o uniforme na mochila, ou esqueceu que hoje tem aula de educação física? — ela revirou seus olhos castanhos e voltou sua atenção a estrada. — Você tem vôlei hoje.

Perfeito! Era isso que estava faltando para acabar mais meu dia. Esporte nunca tinha sido muito a minha cara, mas iríamos disputar contra outra sala, possivelmente a sala dele... Anderson. Era estranho pensar que de alguma forma estávamos conectados, mas isso era bom em algumas situações. A maioria das pessoas sempre diz que nasceram pra ficar sozinha, mas não! Era só uma questão de tempo até o destino encontrar seu par perfeito. Porém eu estava começando a achar que o destino não ia com a minha cara. O sol resolveu sair e com a chegada dele, o frio todo se foi. Levantei-me rapidamente ao sentir o carro parar, amarrei meu casaco na cintura e me despedi de Rose. Diferente de todos os dias, Érica não estava no colégio. Segui até os corredores do colégio, a sensação de estar descolado era enorme, mas sempre tinha sido assim, sozinho até mesmo em momentos normais, apenas com a companhia do fone de ouvido.

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⏰ Última atualização: Jul 02, 2017 ⏰

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