Capítulo 5

3.9K 245 63
                                    

Minhas brigas com minha mãe se tornavam cada vez mais frequentes, eu tentava mentir sobre a história de ser gay, e o que me parecia era que ela estava acreditando, o que de um lado era bom, pois ela não iria me odiar para o resto da vida dela, mas por outro era ruim, pois mais uma vez eu ficaria preso em algo em que eu não sou: heterossexual.

— Não vai levantar da cama, May? — Rose entrou em meu quarto com um sorriso lindo. Ao contrário de todos naquela casa, Rose era a mulher que sempre estava do meu lado, ela começou como a minha babá e estava na casa até hoje. Ela sempre me entendia, conversava comigo, e procurava me entender.

— Rose, eu quero ficar na cama. — disse com uma voz baixa. Meu humor não era dos melhores, mas não trataria Rose com ignorância.

— O que aconteceu, May? Por qual motivo você está assim? — ela se sentou no canto da minha cama e começou a brincar com os dedos do meu pé.

— Eu estou com medo de minha mãe descobrir que sou gay. — disse baixinho, quase em sussurro, eu invejava tanto aquelas famílias de mente aberta.

— Mas, May. Você não pode mentir sobre o que você é. Essa é sua essência.

— Rose, ser gay é um problema? — levantei e me sentei ao lado dela na cama.

— Não, May, não é. — ela passou sua mão no meu cabelo, como forma de carinho.

— E gostar de um heterossexual? — aquela pergunta de alguma forma surpreendeu Rose. Suspirei tentando achar uma solução em minha cabeça. — Eu acho que estou amando um garoto.

Rose se mostrou preocupada, não era para pouco, eu me via seduzido por um garoto que namorava uma menina e a amava. A mulher de cabelos crespos se levantou e soltou um breve suspiro, a mesma se moveu até o canto do meu quarto e abriu a janela.

— Isto tudo vai passar, é apenas algo passageiro. E eu não quero saber, rapazinho. Você não irá ficar na cama em pleno sábado. — sua voz saiu confiante. — Levante, toma um banho, vai comer algo e coloque aquelas músicas dos seus ídolos bem alto até chamarem a polícia. — aquelas palavras me fizeram abrir um sorriso pequeno, Rose era mesmo a melhor mulher do mundo.

Levantei-me da cama, com um sorriso em meu rosto, pelo o silêncio que se fazia na casa, minha mãe havia viajado novamente a serviço. O que era bom, pois não tinha ninguém para brigar ou discutir sobre coisas fúteis.

— Chame aquela sua amiga... Érica, ela é legal. — Rose abriu a porta do meu quarto e desceu as escadas lentamente, eu me sentia bem.

Érica havia se tornado uma pessoa bem presente em minha vida, ao contrário de Drey, que ainda preferia andar com Marina. Peguei meu celular e disquei seu número. Para minha sorte, ela morava no mesmo bairro que eu. No começo, eu não conhecia todas as partes de Érica, hoje eu finalmente sei a garota forte que ela era. Corri até o banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água levar toda a energia negativa que estava em mim, em questão de segundos um breve flashback da semana inteira veio em minha mente, tudo o que havia acontecido, a mensagem que eu havia recebido... Eu não poderia deixar aquilo me abalar.

(...)

— Você acha que a Érica vem? — Rose perguntou, se sentando ao meu lado.

Depois de um bom banho, nada era melhor que conferir suas redes sociais enquanto desfrutava do delicioso café da manhã de Rose.

— Eu acho que sim. ― murmurei tentando focar na comida e esquecer um pouco meu celular. ― Me passa o creme de avelã?

— Você só pensa em comer. — ela respondeu rapidamente enquanto me passava o pote.

Antes do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora