Capítulo 9 ❤️

639 52 32
                                    


Após alguns momentos lamentando minha condição, olhei para o lado quando senti que alguém havia tocado levemente em meu ombro. E para minha surpresa, era Heitor. Ele parecia tenso, estava sem camisa e bermudão jeans, exibindo seu peito e alguns arranhões que me fizeram lamentar o ocorrido de dois dias atrás.

- Desculpa. - Disse ele. - Você não me deixou escolha. - Balancei a cabeça rapidamente querendo dizer que "tudo bem".

Não sei se estava perdida em meus pensamentos ou se ele além de seus dons ficava invisível também, já que não o vi entrar. Estava tão atordoada com a visão de Adele e a mudança de Daniel, que não restou lugar para sentir raiva de Heitor naquele momento. Afinal, nem deveria, já que ele impediu que eu machucasse Gabriele. No fundo sabia que ele não teria me atacado se realmente não o tivesse deixado sem escolha. Apertei o colar em minhas mãos colocando-o em meu pescoço.

- Agora que já estão aqui, quero que me escutem com atenção. Estamos ficando sem tempo. Precisamos agir logo. Mas antes, preciso lhes mostrar uma coisa. - Disse Joduá com a voz firme e segura.

- E os outros? - Perguntou Gabriele.

- Eles estão se preparando para o que está por vir. Já sabem o que precisam saber e fazer. - Concluiu ele, passando a mão sobre sua barba.

Assim que entramos na floresta, fomos caminhando por uma trilha estreita e sombria. Enquanto caminhávamos, por um momento, esqueci-me de tudo que havia acontecido nas últimas quarenta e oito horas. A floresta era revestida por centenas de árvores, verdadeiros arranha-céus. Era difícil descrever tanta beleza, tanta vida. Joduá com alguns gestos suaves, e sem tocá-los, afastava os galhos abrindo caminho, como mágica, enquanto passávamos, eles pareciam se curvar em uma sincronia perfeita. Gabriele ia mais a minha frente, empurrando Heitor que jogava algumas folhas nela. E Leiael vinha logo atrás de mim saudando sua "casa". "Onde será que os guardiões moram?" Imaginei. "Em árvores? Cavernas?" Não via nada além de árvores, pedras enormes, riachos e lindas cachoeiras.

- Devia vir mais vezes aqui. Tem muitas coisas incríveis para se ver. - Com certeza tinha, e ele era uma delas. Era um lugar realmente mágico. Tentei fechar a mente antes de pensar, para não pagar nenhum mico. Olhei para trás encarando-o, e encontrei um sorriso safado demais para um anjo. Fiquei na dúvida se o convite não foi só uma desculpa para quase cair em cima de mim.

"Quem sabe?!" Respondi para mim mesma, deixando escapar um curto sorriso. Podia sentir que estávamos sendo seguidos. Ente os raios de luz, alguns vultos pareciam fazer malabares entre as árvores. Tentei acompanhar, mas meus olhos eram lentos perto da rapidez com que se esgueiravam. Provavelmente eram os outros guardiões. "Mas por que eles não apareciam assim como Leiael? Será que o único atirado era ele?" Pensei bloqueando meus pensamentos. Como ele não respondeu com nenhuma gracinha, conclui que tinha funcionado. Estava ficando boa nisso. Sorri pra mim mesma.

- Promessa é dívida! - Ele falou dando um leve puxão no meu cabelo. Puxando minha atenção. O que me fez parar de imediato.

- Hei, não prometi nada. Eu disse "Quem sabe" E pare de puxar meu cabelo, você já é bem grandinho para ficar fazendo brincadeira de criança. - Falei tentando parecer séria, o que não aconteceu.

- Você conhece alguma brincadeira que seja mais adulta? - Ele perguntou, desta vez andando ao meu lado, notei suas sobrancelhas se arquearem como se esperasse ansioso pela resposta. Senti meus lábios ficarem em linha reta, dando um suspiro respondi.

- Sei sim, mas acredito que anjos não possam brincar. - Sorri acelerando os passos ao ver Joduá entrar por uma abertura entre duas enormes pedras ao lado de uma fascinante cachoeira.

Segredos Mortais - Os GuardiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora