Após algumas horas, a lua apareceu sobre a floresta iluminando e dando vida às criaturas que ali viviam. Estava tão envolvida em meus pensamentos no embalo da rede, que nem me dei conta de que uma tempestade se aproximava.
- É, hoje pelo jeito nossa fogueira já era! - Murmurou Gabriele, encostada na porta enquanto observava a chuva.
- Ah, não é uma chuvinha que vai estragar nossa noite. Você pode fazer uma magia pra parar de chover, o que acha? - Sorri. Ela me olhou fazendo careta.
- Gostei de ver você hoje, também! Está lutando como uma verdadeira guerreira. Não é mais aquela desajeitada que dava um soco e levava cinco. - Falou Gabriele sentando-se ao meu lado na rede, sorrindo estabanada. Gostava de vê-la feliz.
- Três. - Retruquei batendo com meu ombro nela. - Acho que você também está conseguindo se superar muito bem! Foi incrível o que fez hoje. - Elogiei.
- Não acha que peguei pesado com Heitor?
- Claro que não, estamos aqui para isso, não é? A regra não é "matar ou morrer"? - Não chegava a ser bem assim, não entre nós. Mas quando éramos atacados, a regra era seguida à risca. - Até quando pretende esconder o que sente por ele, Gabriele? - Ela me olhou desconcertada. Pude ver suas bochechas corarem.
- Esconder o que? Por quem? Está maluca, Lara!
- Ah, tá bom, vai querer mentir pra mim? Você não sabe mentir, Gabriele. Você tem alguns dons, mas quanto a mentir... você é péssima. Ela abaixou a cabeça tentando disfarçar.
- Você sabe muito bem que não é permitida a união de uma bruxa com um híbrido. Mesmo que quisesse... Seria impossível... E meu pai nunca aceitaria. Estou aqui para treinar, só isso. Heitor é apenas meu amigo.
- Amigo, sei. Seu pai não precisa saber... Precisa? - Ela ficou em silêncio observando a chuva. Havia alguma coisa que ela estava escondendo, e eu precisava descobrir.
Um barulho ensurdecedor nos fez saltar da rede.
- O que foi isso, Lara?
- Não sei. - Respondi, observando uma fumaça negra. - Alguma coisa está pegando fogo! - Exclamei, enquanto corria para o quarto e pegava duas das minhas adagas.
Os gritos misturados a uma sequência de estouros eram ouvidos a distância. Enquanto corríamos entre as árvores podíamos ver um clarão como se estivéssemos sendo atacados por raios violentos.
- Reúnam os outros! - Gritou Heitor, passando correndo por nós. - Estamos sendo atacados!
- Gabriele! Gabriele! - Gritei. Mas ela havia sumido em meio a fumaça.
Corri em direção a cabana de Daniel para avisá-lo do ataque, não dava pra enxergar quase nada, tudo estava coberto por uma grande cortina de fumaça. Assim que avistei a porta da cabana de Daniel, fui entrando sem bater.
- Daniel, Daniel, você está aí? - Gritos e mais gritos eram ouvidos. Enquanto tateava a pouca mobília, através de uma fresta vi a sombra de um homem alto se aproximando rapidamente da cabana de Daniel. Em suas mãos uma enorme espada prateada coberta de sangue reluzia, seu brilho ofuscou minha visão. Joguei-me ao chão procurando alguma coisa que pudesse servir de arma. Fui surpreendida por um sussurro que surgiu atrás de mim.
- Não se mexa. Fique abaixada. - Rolei rapidamente para debaixo da pequena mesa, esbarrando em Daniel que estava agachado no chão. Em suas mãos havia um pequeno pote de argila onde ele amassava alguma coisa. Bem fedorenta por sinal.
- O que está acontecendo? O que você está fazendo aqui, escondido? Por que estamos sendo atacados? - Sussurrei enquanto puxava uma barra de ferro que estava próximo a ele. A porta rangeu ao ser aberta e a sombra do homem surgiu do nosso lado, não dando tempo para Daniel responder minhas perguntas.
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Segredos Mortais - Os Guardiões
Genç KurguVampiros, anjos caídos (Guardiões), Bruxos! Cada espécie com suas diferenças, mas todos com um mesmo objetivo! Vencer a batalha que se aproxima, e conseguirem se adaptar com sua atual e dura realidade, mesmo que para isso seja necessário manchar a t...