Capítulo 1

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14 de fevereiro.

           Tínhamos combinado encontrar-nos ao pé da minha casa. Iríamos dar uma volta de mota. Para falar a verdade, amo motas, a  forma como deslizam pela estrada, a liberdade que transmintem, tudo me fascina nas motas, principalmente nas de corridas.

        Quatro e meia da tarde. Peguei no meu capacete e suspirei. Abri a porta e deparei-me com uma honda CBR 1000RR - Fireblade branca e preta. Os meus olhos vibraram e fiquei quase dois minutos a olha-la quando oiço:

          -Vais ficar só a olhar? - perguntou ele com um sorriso maroto. Devolvi-lhe o sorriso e coloquei o capacete, pondo-me logo em seguida em cima da mota.

          -Agarra-te bem - disse-me ele. Eu nada fiz a não ser o que ele mandou.

         Meia hora se passou e ainda andavamos de mota. Não sabia para onde ele me levara nem fazia questão de saber.

Ora ele ia com muita velocidade ora ia com pouca. Chegou uma altura em que ele foi até aos 200 km/h. Foi brutal e a adrenalina então foi demais. A estrada era em pico e parecia que ela iria fugir a qualquer momento.

Agora andavamos a uns 80 km/h. Estavamos ao pé do mar e era tão bom sentir aquele cheiro a maresia e o vento a bater na cara. Dez minutos depois ele começou a andar mais devagar, e então eu senti pingos de chuva nos meus braços.

    -Merda - resmungou ele.

    - Aconteceu alguma coisa?

    -Espero que não - disse ele curto e grosso.

      A chuva só aumentava e eu começava a ficar preocupada. Estava nítido que ele estava nervoso. Do nada ele virou para o meio do mato e ficou as voltas por lá. Aquilo tudo estava a chatear-me e a deixar-me preocupada.

       -Para a mota, Philipe - disse eu. Ele suspirou fazendo o ato que pedi.

     Assim que ele parou eu desci da mota e tirei o capacete. Ele permaneceu lá mas tirou o seu capacete também.

       -Onde estamos? - perguntei com a esperança que ele me dissesse especificamente onde estávamos.

       -Nos arredores de espanha -disse ele olhando para um ponto fixo imaginado por ele.

       -Não. Onde estamos especificamente - pedi.

      -Sinceramente? Lamento, princesa, mas perdemo-nos- disse ele como se fosse a coisa mais natural do mundo.

      -Estás a gozar comigo, certo? Perdemo-nos e dizes isso como se não fosse nada importante!

       -E não é. Obviamente alguem vai dar pela nossa falta e irão chamar ajuda e irão encontrarnos - disse ele olhando finalmente para mim e piscou o olho.

        -Sim, mas isso ainda vai demorar e enquanto isso estamos aqui os dois à chuva! - disse e de repente oiço um trovão.

    Que merda! Mil vezes merda!

         -Vamos dar uma volta por ai. Pode ser que encontremos algum abrigo.

          -És um idiota, sabias?

          -Mais idiota foste tu por teres aceitado sair comigo.

          -Muito obrigada, sim?

          - De nada, anjo - ele disse e eu revirei os olhos.

          Fomos andando mato fora à procura de algo para nos refugiarmos, o Philipe trazia a mota com ele, claro.
Ele só sabia resmungar e resmungar. Até parecia que a rapariga aqui era ele.

        -O que é aquilo lá ao fundo? -perguntou ele apontando com o dedo.

        Pela nossa sorte era um casebre antigo. Suspirei aliviada e disse
          -É um casebre velho. Acho que vai fazer nos jeito -disse eu.

          -Finalmente! Já não aguentava andar! - exclamou ele com um ar cansado.

          Idiota!

100 dias com um idiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora