As Lágrimas da Morte: Parte 2

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A economia do Sul era basicamente feita por carvão, afinal, abaixo do solo congelado das imponentes montanhas e vales, pedras valiosas aguardavam para ser transportadas, trocadas, consumidas ou comercializadas. Mas os reis queriam mais, e fariam qualquer coisa para obter a tão valiosa Terra Dourada.

As batalhas entre os reinos de Mirar e Cura Tam eram constantes, pois as minas e terras valiosas ficavam entre estes dois reinos poderosos do Sul. Ambos tinham que expandir seu império cada vez mais, assim, conflitavam-se, guerreando e matando milhares de pessoas. Com isso, os dois reinos ficavam cada vez mais fracos, pois guerreiros morriam a cada vez que batalhavam por incansáveis horas debaixo de frio e chuva.

- Droga! – o rei Bornsten estava furioso e seu rosto expressava muito bem isso - Que acha que devemos fazer Omon?

- Queimá-los? – disse o homem que estava parado ao lado direito do rei, sem piedade.

Ker Omon era, sem dúvida, o escudeiro mais fiel que Bornsten teve em toda a sua vida. Era alto e magro, mas forte. Seus cabelos cacheados de cor marrom caiam-lhe às orelhas. Uma cicatriz cortava seu rosto, iniciando-se abaixo da orelha e indo até o limite de sua narina esquerda. Trajava um elmo prateado com alguns respingos de sangue em seus calcanhares e muita lama na sola de seus calçados.

O rei gostou da ideia; cercariam o acampamento de seu rival e incendiariam todo o local com flechas de fogo sendo disparadas na calada da noite. Mas não podiam fazer isso imediatamente. Os guerreiros de Cura Tam também estavam escassos, o que demoraria poucos dias para que eles viessem a se encontrar novamente. Dois dias era o que precisavam para montar os pontos de lançamentos das flechas, arrumarem distrações e finalmente, obterem a Terra Dourada.

A chuva engrossara mais agora. Já era tarde da noite e o quarto dia de batalha estava chegando ao fim, logo, anunciando o inicio do quinto dia que seria uma verdadeira batalha contra o tempo e o clima, a tormenta se aproximara rapidamente e as gotas de água que caiam dos céus negros ocultava toda uma atmosfera azul e obscurecia o vale, deixando as pessoas cada vez mais doentes. Alguns com gripe, outros com pneumonia e diversos morrendo por causa de lesões incuráveis.

Quando a manhã chegou, o Sol continuava oculto pelas nuvens de chuva, que caia ainda mais intensamente que na noite anterior. Pouco foi feito em decorrência da forte tormenta; insuficientes flechas estavam preparadas, poucos falsos arbustos estavam a postos. Não havia como acender fogo naquelas condições e as flechas não alcançaria o acampamento com todos aqueles ventos frios e chuva incessante.

Com isso, outro dia passou, frustrante e indigno da guerra.

As Crônicas da Alvorada: O Estalar das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora